tag:blogger.com,1999:blog-89093408168134884222024-02-18T20:06:01.626-08:00Corrente Protestante OrtodoxaCorrente não sentido de algo que se presta para amarrar, segurar ou prender. É a condução natural ao sabor de movimentos gerados pela dinámica da vida natural ou espiritual, originados por princípio-motor. Corrente, como em "correntes marítimas". Protestante enlaça todo um movimento surgido no Século XVI e ortodoxa se refere à autoridade da Palavra de Deus conforme a interpretação contida nos credos e confissões.Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.comBlogger21125tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-50369010033974338132012-11-14T14:37:00.002-08:002020-07-22T16:37:01.455-07:00DESTINO E PREDESTINAÇÃO EM CALVINO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-size: x-large;">DESTINO E PREDESTINAÇÃO EM CALVINO</span><br />
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Por Olivier Abel<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ3sdvznwifhsyzgboeONnQH_ckp-rTwLUoG0tqPHHnWviimwJBBg78buXS-QeeXL9w7w5yzWsOrdPR9Uiza7Ex2n_xG9y-4CH19LjTDVxBI5LLjrSnY7-Jd0xOkUKEsCUcj7uy0hsrTw/s1600/Portrait3.jpg" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="310" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ3sdvznwifhsyzgboeONnQH_ckp-rTwLUoG0tqPHHnWviimwJBBg78buXS-QeeXL9w7w5yzWsOrdPR9Uiza7Ex2n_xG9y-4CH19LjTDVxBI5LLjrSnY7-Jd0xOkUKEsCUcj7uy0hsrTw/s320/Portrait3.jpg" width="320" /></a>O perfil intransigente, quase caricatural, de Calvino, em muito se deve à terrível palavra "predestinação", que tem se tornado quase que o resumo de sua teologia, e como que seu estilo. Examinando de perto a ideia da predestinação, trata-se menos de uma doutrina estável e mais um paradoxo dinâmico de extrema tensão típica duma inflexão. Quem pode defender que a sua existência esteja sujeita a uma doutrina tão terrível, o que equivale dizer tão escandalosa, e assim mesmo se referir a ela como "doce e mui saborosa"? Essa questão não envolve somente a coerência do nosso teólogo. Sequer diz respeito à sua coerência biográfica, sob a qual essa ideia de qualquer sorte se sustenta, atinge mais diretamente a questão da coerência subjetiva do seu pensamento teológico. Meu propósito é levar a sério o sentimento de Calvino quando ele fala da doçura da predestinação, e buscar entender o que ele quis dizer com isso. Enquanto isso, desde sempre a predestinação tem despertado, sobretudo no meio protestante, (<a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Jac%C3%B3_Arm%C3%ADnio">Arminio</a>, 1560-1609), fortes objeções, e também não podemos deixar de tentar compreender a recepção do tema, que parece ter induzido um endurecimento progressivo de Calvino. No entanto, a predestinação é um dentre outros temas em Calvino, e as páginas dedicadas a este tema têm-se mostrado proporcionalmente menores do que as dedicadas a outros temas tratados em sua grande obra, as Institutas da Religião Cristã. A doutrina tem lugar nesse livro, junto com a da providência, e por derivação é colocada ao lado do tema da justificação. Por que então essa sensação de que com o passar do tempo, ao invés de amenizar, Calvino insiste em enfatizar a dualidade do paralelismo eleito/réprobo, no que parece ser a compreensão da relação inversa, mas talvez mais assimétrica, entre a ignorância teórica e a segurança prática? Isso é exatamente o que precisamos considerar. Minha ideia é de que há o sentimento de que seus adversários não chegaram a captar o que ele quis dizer, melhor dizendo, sobretudo, não o entendia e o expunham com má fé. </div>
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Não poderia continuar esse meu comentário sem antes trazer dois testemunhos pessoais. Participei alguns anos atrás dum debate na televisão com o simpático geneticista Axel Kahn, em que ele acusou Calvino de determinismo. A predestinação foi lançada ao ar por ele como destino supra-determinado, uma espécie de pré-determinismo. Se não for possível a liberdade de ação como se determinar a responsabilidade? Esta é a principal objeção de Armínio, e dos jesuítas que seguem Molina. De uma vez por todas: isso não é uma caricatura, nem um exagero, mas é a completa má-interpretação, a inversão da ideia de Calvino. No entanto, deve-se dizer que a idéia de "predestinação" se presta à inflexão (reversão). Ora, Calvino com seu pensamento foi contemporâneo e atuante de uma quebra de paradigma neste sentido. Estamos então prestes a ver um mundo passar de completamente vivificado e finalizado pela bênção divina para um mundo mecânico, aonde as forças são inertes, sem propósito, para em seguida, de um mundo desencantado, desenfeitiçado, para um arranjo simplesmente maravilhoso, o teatro da glória de Deus. O tema da predestinação, não se confunda com o da providência, teve que ser recebido num momento de grave conturbação, mas não tem nada a ver com os mecanismos do mundo, exceto, talvez, numa espécie de contraponto negativo, como se fosse um limite. E contrapor fatalidade à liberdade não faz sentido aqui: os tempos, a mecânica do mundo e a da eternidade dos decretos divinos, não estão situados no mesmo registro temporal que não possam se encontrar - Kant trabalharia justamente com esta ideia. A predestinação colocava um limite para o conhecimento, que foi substituída pela concepção da caixa vazia. Calvino escreveu em 1550: <br />
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“não me detenho muito em analisar o prejulgamento a que nos impõem nossos adversários de que nos postamos como os filósofos estoicos dos tempos passados, que submetiam a vida dos homens aos astros, ou imaginavam-nos submetidos ao que chamavam de labirinto de causas fatais. Deixamos essas reflexões para os gentios, pois a predestinação de Deus não tem nada a ver com isso." <span lang="FR" style="font-family: "times new roman"; font-size: 9pt; mso-ansi-language: FR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-language: EN-US;"><em>Des S<span style="mso-bidi-font-style: italic;">candales,</span></em></span><span lang="FR" style="font-family: "times new roman"; font-size: 9pt; mso-ansi-language: FR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-language: EN-US;"> Genebra: Droz, 1984, p.124.</span></blockquote>
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Recordo que há muito tempo, ainda quando criança, passávamos um verão com nosso avô paterno, que vinha de uma família de calvinistas estritos, só que quando estava na escola normal se encantara por Victor Hugo, foi ali que ele me dissera: "Eu não posso imaginar a salvação que não seja universal". Ele me confessou o seu pavor e, assim, implicitamente, a sua recusa a um Deus severo, a um juiz divino que pudesse separar os seres humanos entre bons e os maus. E mais, recusava a ideia de alguns eleitos dentre uma grande massa indiferente e perdida. Não é ideia calvinista a de que são poucos os eleitos? E não é essa a razão de sucesso desta doutrina, em tempos de perseguição? Vamos por um momento nos colocar na pele dos europeus, em primeiro lugar dos franceses perseguidos por sua fé, tendo perdido tudo o que tinham, e muitas vezes até os entes mais queridos, e encontravam refúgio em Genebra. Pelo menos lá encontravam, na fortaleza inexpugnável da predestinação, a ideia de que as suas tribulações atestavam que eles eram escolhidos e parte do pequeno rebanho. <br />
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Essa recepção, no entanto, de ressonância imediata, sem dúvida, não deixa de perpassar a ideia de Calvino, mas está longe de ser uma sentença definitiva. Em seu comentário sobre De Clementiae de Sêneca, ele criticou o príncipe que governa pelo medo, sob o terror. Aqui, mais uma vez fica-se à beira do contra-senso, à beira da confusão de estilos. Calvino não deixa de separar a política da religião, mas se levanta contra o uso político da teologia apocalíptica do Juízo Final, a respeito do qual se mantinha muito cuidadoso. E ao voltar-se para o âmago propriamente teológico da doutrina, lá se encontrará um par de registros inseparáveis: por um lado, há a justiça de um Deus que condena nossa maldade como condição universal, e há por outro, o amor de um Deus que oferece incansável aliança de vida nova, que é a sua eleição incondicional. A vaidade e o zelo não podem encontrar espaço entre os dois, e nenhum poder eclesiástico ou civil pode daí extrair orgulho ou dividendos. Vou terminar essas preliminares com o relato da minha própria entrada no tema da predestinação. <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Bayle">Bayle</a> foi quem a apresentou para mim, em seu Comentário filosófico sobre as palavras de Jesus Cristo "obriga-os a entrar", hoje conhecido como o seu tratado Da tolerância. Tem-se precisamente a ideia de que existe em nós algo que não pode ser forçado. Bayle mostra o absurdo de punir alguém por não ter olhos azuis, ou por que não goste de badejo. Em matéria de fé e "consciência", com razão mais forte ainda, há uma parte em cada um de nós que pertence a Deus, e que ninguém pode colocar a mão. Algo indeclinável. Isto é predestinação, a libertação teológica, psicológica e política. E só porque pode ser vista como promessa não inteiramente cumprida, é que devemos abrir algumas bifurcações.<br />
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LIBERTAÇÃO TEOLÓGICA: RELEITURA DE CALVINO. <br />
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Num primeiro registro, a predestinação é uma espécie de destino superior, uma vocação divina tão caprichosa que é capaz de destruir todos os destinos. Em certo sentido a "salvação" significa a ruptura com as fatalidades. Motivo por que não há boas obras, nem boa doutrina, sequer boa igreja que nos possam garantir a salvação. As obras, as doutrinas, as igrejas são secundárias, e se uma ou outra coisa é colocada em primeiro plano vê-se que não passa de confusão a respeito da devida apreensão do Evangelho da sola gratia. Senão considerem-se os textos. Cito aqui a primeira edição das Institutas, em francês, de 1541, onde temos o Capitulo VIII intitulado "da predestinação e da providência de Deus" - na última edição a mesma seção encontra-se nos capítulos de XXI a XXIV . A esses textos principais, pode-se adicionar o texto de 1550, De Praedestination et Providentia Dei Libellus, e Advertência Contra a Astrologia, de 1549. Isso é o suficiente, e já é muito. E há que imediatamente distinguir-se, como fazem os títulos e conforme se observa acima: a providência do Deus Criador no que concerne a este mundo e seu arranjo, o arranjo de sua história além deste, e a predestinação do Deus Redentor que diz respeito apenas à salvação do sujeito diante de Deus, e do sujeito em relação apenas ao Reino de Deus: e este não é outro mundo em prolongamento, mas outro registro que suspende o registro dominante deste mundo. Calvino entra justamente no tema da receptividade: a aliança de vida não é pregada de forma igual, mas até onde é pregada "não acha a mesma receptividade". Não é o caso, acrescente-se, de terreno que não haja sido trabalhado. Ele pode ter sido trabalhado demais, educado demais, remexido demais. É certo que a falta de preparo faz com que o ouvido fique insensível, mas é igualmente certo que o excesso, para torná-lo muito sensível, também o imuniza – como sói ocorrer numa lavoura mecanizada. Em qualquer caso, é um fato aparentemente injusto, pois "nem padece dúvida de que esta variedade sirva... ao arbítrio da eterna eleição de Deus". É precisamente por causa deste fato aparentemente absurdo que nenhuma convulsão dolorosa serve de ocasião para explicarmos a eleição e a predestinação de Deus, disse ele. E de modo que esse é o nosso leve e suave prazer (Calvino, digo, referia à doutrina suave e mui saborosa ), entrar com confiança nos caminhos prazerosos de Deus!<br />
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Desde os primeiros parágrafos, a gente se sente tomado pelo amplo movimento de uma espécie de dupla reversão. Primeiramente, não devemos procurar saber, penetrar no segredo de Deus (este é o mesmo movimento que tivemos num texto anterior da Calvino muito antigo sobre a morte ). Calvino fala muitas vezes da “louca curiosidade” que lança os seres humanos num pântano ou num labirinto. Se há um labirinto do julgamento de Deus, um labirinto kafkiano não só pelo processo, mas pela lei, a graça por si própria, é a única maneira de sair do labirinto... ou de não entrar nele! A questão da predestinação fica simples por si só,<br />
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<blockquote class="tr_bq">
“...[é] a curiosidade dos homens [que] a torna assaz confusa e inclusive perigosa, visto que o entendimento humano não se pode refrear nem deter-se, por mais limites e termos que se lhes assinale, para não extraviar-se por caminhos proibidos e elevar-se com empenho, se fosse possível, (...) que se lembrem de que, enquanto investigam a predestinação, tentam penetrar nos íntimos recessos (santuário) da divina sabedoria, na qual, se alguém segura e confiantemente irrompe, (...) estará a adentrar um labirinto do qual não achará nenhuma saída. (...) [Que não] nos cause vergonha ignorar algo nessa matéria na qual [sim] há certa douta ignorância...” - (<span style="font-size: 9pt;">Institutas da R<i>eligião Cristã,</i> em francês, Cap VIII, Paris: Belles Lettres Les, 1961, p.58-59 Volume 3. Este tópico será alvo de particular exploração filosófica por Descartes e Kant.<o:p></o:p></span>.) </blockquote>
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Por outro lado, contudo, não devemos quedar em tal modéstia em relação a esta questão, para que prevenindo contra qualquer curiosidade, se retira a ponto de “ser sepultada qualquer menção à predestinação”, e assim venhamos incidir numa espécie de “negligente ingratidão”. Calvino aponta aqui, de modo extremamente presciente e judicioso, uma armadilha ainda pior do que a primeira. Posto que, <br />
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"não perscrutemos as coisas que o Senhor deixou recônditas em secreto; e [que] não negligenciemos as que Ele a pôs a descoberto, para que não sejamos condenados ou de excessiva curiosidade, de uma parte, ou de ingratidão, de outra".(Ibid. p.61). </blockquote>
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O conceito da Predestinação é então distinguido tanto do da Presciência como do da Providência .<br />
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<blockquote class="tr_bq">
“Chamamos predestinação o eterno decreto de Deus pelo qual houve por bem determinar o que acerca de cada homem quis que acontecesse. Pois ele não quis criar a todos em igual condição; ao contrário, preordenou a uns a vida eterna; a outros, a condenação eterna. "(ibid. p.62).</blockquote>
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Assim definida, devemos reconhecer que a predestinação é de fato uma teologia cortante, e até mesmo assustadora. Alguns acham que a escrita é pesada, e assusta desnecessariamente. Talvez não possa ser de todo inútil, ainda que devamos criticar duramente o uso político do medo, contudo deve-se tomar cuidado para não cair noutro extremo do sentimento aguado e muito fácil que diz respeito à indiferença da benevolência geral do "Bom Deus". Certamente então todo o enigma é resolvido quando tudo fica claro, como Kierkegaard disse, quando “todas as dificuldades são aplainadas”! <br />
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"Nós confessamos que a ofensa é universal, mas dizemos que a misericórdia de Deus atende a alguns. Que então atenda a todos, dizem eles. Mas nós os replicamos que se assim fosse, porque ele também não se mostre justo e assim castigue a todos. Como eles não querem apoiar isso, eles não estão tentando remover o poder de Deus de mostrar misericórdia? Ou permitir que somente em determinada condição que ele desvie o seu julgamento?"(Ibid. p.83). <br />
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Mas eu acho que, para entender a idéia teológica da predestinação, devemos chegar à pragmática da sua recepção. É sempre uma questão de fundo em Calvino: que uso fazer de um texto, de uma idéia etc.? O que, para nós, se nos é permite fazer? Aqui, há um uso pastoral, uma comunicação “pastoral" evangélica porque se não sabemos quem é eleito, ou não, temos de ser afetuosos para desejar, para pressupor, a salvação de todos, e temos que agir como se todos fossem eleitos . O ponto teológico da doutrina é prático.<br />
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LIBERTAÇÃO ÉTICA E PSICOLÓGICA <br />
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Gostaria agora de mostrar como a ideia puramente teológica da predestinação pode ser por vezes vivida como uma libertação moral e pessoal. A tragédia no tempo de Calvino não era a tragédia da morte, enquanto decomposição do corpo, mas a da loucura trágica , enquanto desintegração da alma. Há tanto o fazer, saber e crer, conscientemente, deliberadamente, quanto o fato de que não temos mais certeza do que realmente queremos; dizemos ou fazemos. Sequer sabemos o "que" somos - não apenas diante da morte, mas da vida diante de Deus. É o problema moral da liberdade predestinada na tragédia de Édipo, à sombra de um deus do mal, e a realidade assustadora dos filhos pagando pelos pecados de seus pais, que reaparece aqui de modo rasgado como arguir a questão do sujeito singular, sua liberdade tola e terrível, e a fadiga do ser livre que se esfarela e se espalha.<br />
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Tento explicar. Há, claramente, em Calvino, o que é representante de uma era, uma angústia, uma sensação de asfixia, de estar preso (imagens do labirinto e do lamaçal): logo sucedida pela escapada, pelo esvaziamento, pela separação, pelo libertar-se. Mas no mesmo movimento existe a angústia da separação, do vazio, da queda no vazio, da desintegração, não há nada para se agarrar, ninguém com quem se reunir. O medo da loucura, não é simplesmente um sentimento de alma, é o horror de uma espécie de purificação impossível, somos levados através do labirinto das boas obras e da boa fé, onde se sente, no entanto, cada vez mais escravizado e condenado, com o sentimento horrível de ter que amar a Deus sob coação e engodo. A alternativa seria a loucura da liberdade que ocorre sob a lei feita subjetivamente, que acaba condenando o individuo à solidão do separado, do livre porém sem a ânsia de ser ancorado, impotente para sair de sua própria depressão. As reflexões de Lutero ou <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tienne_de_La_Bo%C3%A9tie">La Boétie</a> apontam para o servo arbítrio ou para a servidão voluntária. Para além do gênio do mal de Descarte encontra aqui a leitura não apenas mais confiável, mas tremenda diante do medonho da predestinação - e se me fosse dado conhecer que estou incluído no plano de outrem? E se eu fosse o que não quero ser? se eu fiz o trabalho de outro? Quem sou eu, reflito de mim para mim mesmo, o que eu faria se estivesse completamente livre do olhar e do discurso do outro que me controla? Na verdade, é uma espécie de loucura, o desejo de ter a certeza de que sou eu mesmo quem decide e escolhe algo para mim, porém sabe-se que nunca de forma totalmente independente. Assim, se entra no círculo vicioso do medo de ser o que é – o cansaço de si mesmo. <br />
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A predestinação para Calvino é simplesmente a solução para este problema, e não se surpreende se alguém esquece a pergunta, a resposta que se tem se torna novamente uma questão. Isso é muito comum na história das idéias. Calvino conta a história da eleição, a partir da eleição do povo de Israel como uma dupla progressão na singularidade eletiva da aliança e na sua universalidade: o problema não expõe o dilema do grande rei, do profeta ou do herói trágico. Trata-se do problema de todos. O que ele chama de andar pelo medo, andar com desconfiança, é típico da conversão sem arrependimento. O “arrependimento” aqui é ainda aquele preocupar-se consigo mesmo, com a própria sombra, uma maneira de ver se a sombra o acompanha, se é que isso é mesmo uma sombra. A predestinação rompe com estas complicações. Nada pode afetar a salvação, há apenas o despojar de toda a pretensão de fazer ou merecer, ou até mesmo de saber; é uma questão de recebê-la quase inconscientemente, com gratidão, no momento em que se confia na graça de Deus. Tudo o leva a se submeter a Deus, tendo “a alma esvaziada de qualquer outra cogitação” que não o amor de Deus, e o "olhar para longe de nós mesmos" . Vou tocar no mesmo tom: a necessidade de esvaziar de qualquer preocupação consigo mesmo e com a sua própria salvação, descentrar-se, faz toda a diferença entre mim e os outros; entre mim e eu em outro momento da minha vida. Esta é a ideia da predestinação, há um ponto em mim, que talvez seja mais do que eu mesmo, e me escapa, não pertence a mim, que se desenrola como se não tivesse a ver comigo. A predestinação defende o desconhecimento de si mesmo. Como se a despreocupação fosse a ponta visível, mas o inconsciente de si desemboca num sentimento imenso e íntimo de eleição: Calvino pode vender seu direito de primogenitura, como quiser, por que ele não pode perdê-lo!<br />
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A economia psíquica tem necessidade de sinais da eleição? As boas obras, como bons frutos, são todos os sinais externos, mas que pode causar orgulho, e de alguma forma fazer com que se esqueçam o que eles são. Poderíamos, então, dizer que o sentido da vocação é um sinal interior, bem como o esforço de santificação. O sinal da fé seria a preocupação da própria fé, que nunca é garantida - é isso que Kierkegaard diz. Ao ler Calvino, no entanto, há a percepção de que não há necessidade dessa ansiedade permanente, não há necessidade desta multiplicação de obras para se ter segurança. Tudo se passa como se o verdadeiro sinal da graça fosse precisamente reconhecido em face da graça! <br />
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Só o desconhecimento da graça permite o desconhecimento da sua salvação, e do eu. O desconhecimento do eu comporta tanto a liberdade de se separar, de esvaziar, a de deixar de "receber" em uma parte do eu que espaça de qualquer domínio, quanto o compromisso que traz a existência em resposta a uma chamada mais forte do que você, mais forte do que as forças deste mundo, e restaura ao eu outra coerência.<br />
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Predestinação, uma parte do capítulo VIII das Institutas é dedicada a este tema, não desresponsabiliza o individuo, mas lança a responsabilidade para um segundo nível, o da responsabilidade de um individuo que atende o chamado para retroceder, o que equivale dizer de "quem" crê porque supõe que é, diante de Deus, dos outros, mas sem segurança, sem pára-raios. Sem a garantia de respostas prontas. Trata-se da constante reabertura da “caixa vazia”, a predestinação faz de nós adultos, e nos livra tanto da auto-confiança quanto da auto-preocupação. <br />
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LIBERTAÇÃO POLITICA</div>
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Sobre este registro muito mais, a predestinação mostra a dureza que foi quebrar a grande cadeia cósmica e política de então, e induzir uma sociedade mais liberal, individualista. A força da libertação moral, política e social de uma doutrina é por vezes sem preço. Em qualquer caso essa é a sensação que decorre da experiência da leitura de Bayle, quando ele mostra os direitos da consciência errante, da consciência que labora em erro, são também direitos do próprio Deus.</div>
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Encontramos isso em seu Comentário Filosófico sobre "Obriga-os a Entrar" , publicado em 1686 após a morte de seu irmão Jacó nas prisões de Luís XIV, após a revogação do Édito de Nantes, que pretendia proibir os huguenotes de deixar o reino, e forçá-los a se converterem ao catolicismo. Ali se encontra que qualquer verdade é verdade putativa, verdade de crença: "O homem pode crer que ele não está errado, não pode saber com certeza", e ainda "a quem quer que seja que a sua consciência seja bem iluminada se lhe permite avançar na verdade, a consciência errônea se nos permite crer ser isso a verdade "(CP p.522-a e 422-b). E é por isso que a obrigação de crer é absurda, porque ordenar que se subscreva com a mão não é o mesmo que ordenar à consciência que afirme: os indivíduos “antes suariam no meio da neve, tirariam antes da sua carne e dos seus ossos vinho e o óleo do que de dentro da alma lhes sairia tal ou qual afirmação”.(CP p.385-b). Porque não depende de nós que esta ou aquela afirmação se nos pareça verdade. A obrigação de aquiescer a uma crença é ainda mais absurda do que punir os indivíduos que não têm olhos azuis ou não goste de determinado molho (CP p.375-a), é ainda mais ridículo, ele escreveu que, se o Papa Adriano VI tivesse obrigado seus Estados a experimentar de badejo (CP p.384-a).</div>
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Ocorre que esta liberdade de consciência vem direto da doutrina da predestinação, que qualquer que seja a nossa "condição" o juízo final (eleitos ou condenados) que não sabemos, e ninguém pode pretender desvendar este “véu de ignorância" sem se lançar loucamente num labirinto mortal do julgamento final", como escreveu Calvino. Assim a criação divina da ordem social, política ou eclesiástica, está perdida, escondida ou esquecida, e esta deslegitimação é um ato político da maior importância histórica. A predestinação deixa em cada um uma "reserva" a qual ninguém pode por a mão. É por isso que a liberdade de consciência não depende nem clérigos, nem príncipes, nem mesmo dos próprios indivíduos, e o fato é que se depende de Deus somente: "Os direitos da consciência são diretamente os do próprio Deus" (CP p. 423-a). A consciência aqui tem um significado diferente na psicanálise, ou em projetos de conscientização ativistas: é simplesmente o que não depende de mim, nem me pertence. </div>
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No registro político mais uma vez vemos que a ideia da predestinação é uma ideia vazia, no sentido que é uma ideia insuscetível de pesquisar o conteúdo já que envolve um mistério complicado: é uma ideia dinâmica, ideia pragmática, uma ideia que implica em dar conta de sua recepção. "Parece que todos nós somos predestinados e não o sabemos, apesar disso...". Mais do que a propriedade privada e as liberdades ditas burguesas, eu acho que a lenta formação de um domínio íntimo, onde nem os poderes eclesiásticos, nem os poderes legais e políticos tinham o direito de entrar, desempenhou um papel importante na formação do que hoje chamamos de "sociedade civil". E parece-me útil recordar que o espaço para as luzes e para a transparência da discussão pública só é possível quando é limitado pela obscuridade e opacidade lançadas por este véu da ignorância final.</div>
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Na filosofia política, quando falamos de "véu da ignorância", pensamos, com John Rawls, na ideia de que as regras mais precisas devem ser estabelecidas por meio de temas colocados sob a hipótese do que pode haver por trás do véu de ignorância sobre as condições existentes – de ricos ou pobres, de homem ou mulher, de nativo ou estrangeiro, etc. Estas, então, são escolhidas com base no gradiente que vai dos mais favorecidos para os mais desfavorecidos! Mas esta ficção de fundamento pressuposto, também é encontrada em Rousseau e Hobbes, e é típica da política moderna. Uma das minhas suposições aqui é que Calvino desempenha um papel muito importante no desenvolvimento deste paradigma político. Eu não quero dizer que Calvino o inventou totalmente, há isso em outro lugar na República, de Platão, bem conhecida de Calvino, o "mito" da equitativa distribuição entre as almas de alguma forma por trás da cortina, existente no mundo. Mas de alguma forma há sempre um recomeço a cada ruptura, retomando-se promessas não cumpridas de Deuteronômio em termos de Jubileu, esta redistribuição era feita sete vezes a cada sete anos em todos os lugares, todas as chances era dadas a cada um, indistintamente. Tal é a pragmática da ideia de predestinação: quebrar todos os destinos por um destino superior e que ninguém conhece, em que se têm suficiente confiança e despreocupação quanto a graça para tranquilamente sair do labirinto, e colocar-se no mundo e diante de Deus tendo todos sempre e incansavelmente indistintamente uma nova chance, a caixa vazia. Sim, a predestinação é de fato uma ideia cortante. </div>
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Publicada no Boletim de Estudos protestantes, Genebra, outubro de 2004 </div>
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(Publicado com a Devida Permissão do Autor Concedida em 14/11/2012. Site do Professor Olivier Abel: <a href="http://www.olivierabel.fr/">www.olivierabel.fr</a> ) </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ3sdvznwifhsyzgboeONnQH_ckp-rTwLUoG0tqPHHnWviimwJBBg78buXS-QeeXL9w7w5yzWsOrdPR9Uiza7Ex2n_xG9y-4CH19LjTDVxBI5LLjrSnY7-Jd0xOkUKEsCUcj7uy0hsrTw/s1600/Portrait3.jpg" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><br /></div>
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Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-42929319494365385842012-10-01T14:40:00.000-07:002012-10-01T14:41:18.057-07:00SOBRE O AMOR E OBEDIÊNCIA <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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É errado contrapor obediência ao amor. O amor conhece limites, mas transpõe limitações. </div>
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A delimitação ou ampliação de limites deve estar a serviço da liberdade com o prestigio da autoridade. Mas há limitações que confunde liberdade com libertinagem, autoridade com autoritarismo e há quem tenta fazer prevalecer seus gostos e preferências, muitas vezes frutos de frustrações causadas exatamente pelas limitações. </div>
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Virou moda ouvirmos críticos, ou até mesmo nós nos fazermos de críticos de outrem, nesse sentido, "certas pessoas amam, mas não obedecem"; ou pior "elas dizem que amam, mas não obedecem". “Pessoas só fazem coisas por diversão, aonde está a seriedade?” </div>
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Que passemos a pensar que biblicamente o amor precede a obediência. Não só precede, engendra, anima, inspira e produz (resulta) a obediência. A obediência é atitude de quem é livre, doutra sorte não é obediência é submissão. </div>
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Jesus, num contexto em que se faziam presentes fariseus, pessoas que "obedeciam", mas não amavam, esclarece a questão quando alto e bom som anuncia "quem tem os meus mandamentos e os obedece, esse é o que me ama”. Muito desconcertantemente simples queria dizer: todos que amam obedecem, mas, nem todos que obedecem amam.</div>
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Reparem bem que Ele não diz que aqueles que fingem ou dizem que obedecem ou mesmo obedecem, estritamente, nos mínimos detalhes, à risca, ao pé-da-letra, serão amados pelo Pai e a estes Ele lhes revelaria de forma sobrenatural, pelo Espirito Santo. Não é assim: caso contrário teria que se revelar aos fariseus de forma sobrenatural. Ele apenas ressaltou o fato de que a obediência, algo que começa no, e com, o amor depende além da viva disposição, do ouvir e entender instruções ou palavras de comando. </div>
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Nesse contexto, Judas ( não o Iscariotes) pergunta (aqui há um principio elementar e muito caro: quem não sabe, ou tem dúvida, antes de sair zunindo o que não sabe, pergunta a quem sabe...): "Senhor, mas por que te revelarás a nós e não ao mundo?" E Jesus, (este sabe), responde: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra” - João 14:21 ss. Então é quem ama que obedece, o amor é o primeiro e indispensável passo da obediência. Pois acima de tudo o amor, além de sentimento, é mandamento "amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Este é um fato. Mas tem outro. </div>
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Não disse que o verdadeiro amor conhece limites? A gente ao impor limites aos filhos por vezes os contrariamos. Não deixamos que eles façam coisas que venham lhes prejudicar e assim lhes ensinamos o que deve ou o que não deve fazer. Fazemos isso por que os amamos. Quanto aos adultos, se realmente os amamos, por vezes os pegamos fazendo algo para nós errado, os censuramos, e quando possível até os aconselhamos, os esclarecemos... </div>
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Mas, já não ocorreu de pensarmos que determinada pessoa está errada, quando nós que o estamos? Já não ocorreu de partirmos apressadamente para as correções e censuras quando nos deparamos com resistências, opiniões arraigadas, convicções quase tão, ou mais firmes quanto as nossas? Já paramos para pensar que às vezes, sem amor, nos propomos a demarcar limites com base em nossas ainda não admitidas limitações para amar? </div>
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Limitações, de toda e qualquer ordem, são mais ou menos, grandes ou pequenas, amarras que nos mantém presos no nosso mundo limitado por nossas fraquezas e por potencialidade sufocadas por ideias pré-concebidas, conhecimentos fragmentados, sentimentos mesquinhos, ignorâncias, superstições, vaidades... Quantas vezes tentamos impor limites com base nas nossas limitações para o amplo exercício do amor? </div>
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Limites são coisas objetivas inerentes a nós, ou colocadas de fora, impostos e permitidos por Deus para nos conter dentro das amplas "quatro linhas" de Sua vontade. Limitações são coisas estreitas, inconvenientes, mesquinhas, subjetivas e auto-impostas que podem ser quebradas ou ultrapassadas, ou mantidas, tolerados ou respeitadas, mas jamais devem tomadas como padrão para o estabelecimento de limites a serem impostos nos outros. Em suma, limites a gente respeita, já as limitações... O que fazer diante delas? </div>
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É um perigo não sabermos de nossas limitações, ou nos ufanarmos ou presumirmos sem limitações, ou que as nossas limitações não são tantas, e sairmos pontificando limites. Sabemos que a base segura de informação, a fonte de conhecimento é a Palavra de Deus, mas quantas vezes estamos tão seguros de uma interpretação até que alguém vem com uma interpretação diferente, o que nos deve reportar a um alerta do texto bíblico precioso de Provérbios 18:17: “o primeiro a apresentar a sua causa parece ter razão, até que outro venha à frente e o questione”.</div>
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É por isso que amor e obediência reclamam por liberdade. Tudo isso não parece papo de revolucionário: obediência a partir do amor... agora com liberdade? Isso é possível? Isso é o que Jesus ensina: “Se o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” e Gálatas 5:1: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão”.</div>
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Parece que precisamos ouvir isso de novo, e de novo, no amor há limites, mas o amor não dever ser limitado pelas limitações humanas. A obediência rima com amor e com liberdade. Quem tem poder liberta, quem não o tem e pensa que pode, limita a liberdade, prende, tiraniza, e no limite nos impõe a ditadura, obriga-nos à cega obediência e obstaculiza o amor sem fingimento. Inspira o temor mas induz a hipocrisia. </div>
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Como ilustrar tudo isso? Limite, limitação, liberdade, obediência e amor. Limite e limitação, como diferenciar? Um atleta baixinho cismou de jogar basquete. Chegou cedinho na quadra, bate bola livremente pelas laterais, pelos meios e pelo garrafão. Espaço, tempo e meios, várias bolas, só para ele. Pode fazer o que quiser para encestar quantas bolas quiser: cesta de dois, cesta de três, enterradas... Não havia limite algum imposto. Ele podia lançar a bola de onde quisesse, usar o tempo que fosse necessário e do jeito que melhor entendesse. Mas, pobrezinho, estava cheio de limitações: baixa estatura, pouca força nos braços e má pontaria. Encestou? Não, ficou enrolado. No final do treino viu que mesmo sem imposição de quaisquer limites ele não podia atingir o objetivo do jogo. Ele simplesmente abandonou aquela modalidade esportiva.</div>
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O Rio Grande limita os Estados de São Paulo e de Minas. Em um ponto o rio é largo em outro é estreito. Mas na extensão de todo o rio há numerosas pontes que servem aos que visitam as suas “barrancas”, com todos os pontos turísticos e de pescaria. Num destes havia o costume de alguém lançar o seixo de um lado para atingir o outro. Precisa de um bom seixo, um forte braço e apurar uma técnica, pegar o jeito. Era uma brincadeira divertida. Todo mundo que ia para lá tentava o feito de estando num estado lançar o seixo noutro estado. E todos que conseguiam faziam a maior festa e incentivava os outros, “vai, que você consegue”. Todas as vezes que visitava o determinado ponto do rio, aonde ocorria a brincadeira, o rapaz franzino entrava na brincadeira e tentava, mas nunca conseguia. Um dia aborrecido, encontrou outro rapaz franzino que ao invés de lançar seixos, pescava, e falou: “Você não lança seixos, é divertido. Veja todo mundo se diverte lançando seixos, e você?”. O outro rapaz, que pescava, respondeu: “É muito chato lançar seixos...” E os dois foram papeando. Duas horas depois o discurso evoluíra: “É chato lançar seixos. Eu não gosto. Ninguém deveria gostar. Que mau gosto, vir para beirada do rio e ficar lançando seixos de um lado para o outro. Mas esse nem é o problema. Esse péssimo costume traz problemas ecológicos, faz barulho e assusta os animais, remove seixos e pedras da beira do rio e causam erosão. Além disso, é perigoso: alguém pode lançar um seixo grande e acertar a cabeça de alguém. Como é que pode esses egoístas se divertirem com isso?” </div>
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Tempos depois, havia no local uma grande placa que dizia: “É expressamente proibido lançar seixo de um para o outro lado do rio. Sujeito às penalidades da Lei”. Essa era a mensagem explicita. Implícita havia a seguinte: goste do quiser, use de sua liberdade para pescar e admirar a paisagem, mas obedeça a Lei: faça somente o que os rapazolas franzinos não acham chato! </div>
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Assim é com amor, pessoas que não amam são capazes de achar qualquer explicação, racionalização, por que não conseguem amar, relacionarem bem, ajustarem-se umas às outras. Quais são os problemas: limites impostos e descumpridos, exigências decorrentes destes limites ou limitações de nossa capacidade de amar?</div>
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Transpondo isso para a questão doutrinária, vida cristã. A gente sabe que existem divergências. Até quanto as aceitamos? São por causa delas que existem tantas denominações. Nem todos até numa mesma igreja local concordam com tudo. Há todo um capítulo no livro de Romanos, 14, tratando dessa questão. </div>
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Há questões difíceis de compreender, e as mais importantes são justamente aquelas que parecem fáceis e claras. Pessoas cometem erros de interpretação e não percebem. Mesmo em não havendo aparentes erros de interpretação há divergência decorrentes do conhecimento limitado de alguém em contraposição a uma compreensão mais critica, mais profunda, com consultas até aos originais da Bíblia, de outra. Mas será que ainda assim justifica o direito de, nestes casos, ter certeza absoluta sempre? Agostinho, há mais de 1500 anos, ante um ponto muito polêmico comentou que “neste ponto deve haver erro do copista, ou uma tradução mal feita do original, ou sou eu mesmo que não consigo compreender...” </div>
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Por que então pessoas abusam do principio da autoridade. Mal disfarçam a tentativa de cercear a liberdade. O sábio jamais é autoritário.</div>
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Creio que um bom início de diálogo deveria começar não com o julgamento com sentença de condenação pronta, mas com a admissão de que “não estou conseguindo compreender dessa forma, como você compreende”. A resposta deve ser natural. Isso acontece. E porque? Deve haver bons motivos para se compreender de uma, e não de outra, forma, mas há uma carrada de outras boas razões para obedecer ao mandamento do amor, concedendo a liberdade de pensar aos filhos de Deus com a maior tolerância possível. <br />
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Boas maneira também decorrem do amor... Mas isso é mais coia dentro desse mesmo papo... Vai longe.</div>
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Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-59393125027799698112012-08-30T13:30:00.000-07:002012-08-30T13:30:48.068-07:00CALVINISMO E JANSENISMO GRANDES ESTRUTURAS DOUTRINAIS - A essência e a existência<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
CALVINISMO E JANSENISMO<br />
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GRANDES ESTRUTURAS DOUTRINAIS<br />
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André Gounelle <br />
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A essência e a existência<br />
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Qual é a essência do calvinismo e do jansenismo? <br />
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Em 1903, em um artigo que marcou época*, Ernst Troeltsch magistralmente demonstrou que quando se tenta definir a essência dum fenômeno ou dum movimento histórico, por mais erudição e perspicácia que se empregue, é inevitável a tendência para o contestável, arbitrário e subjetivo. Qualquer método, por mais rigoroso, não permite escapar de aproximações, simplificações e até mesmo deformações. É o que facilmente se verifica nas nebulosas indefinições, nas polimorfias e nas fronteiras avaliativas que marcam o calvinismo, e talvez mais ainda, o jansenismo. Fato é que as melhores definições possíveis podem conter defeitos. Segundo Max Weber, citado por Lucien Goldmann, as essências ou os tipos não coincidem exatamente com a realidade concreta. Não existe calvinismo nem jansenismo em estado puro.<br />
<br />
Nesse caso, a dificuldade aumenta tendo em vista o fato de que ambos negam energicamente possuírem essência própria e se distinguirem por traços específicos. De cada uma de per si rejeita, sequer querem ser apresentado, como escola teológica, corrente espiritual, partido eclesiástico, ou “uma opinião a ser provada”, dentre as outras. Propõem-se apenas a encarnar o cristianismo na verdade e na autenticidade deste, sem adição ou (im)precisões complementares. Os calvinistas e jansenistas recusam os qualificativos que lhes são atribuídos; declaram ensinar que não praticam outra coisa senão o Evangelho comum a todos os cristãos. A universalidade cristã deles de princípio se reveste de identidade confessional específica tão-somente por causa das deformações que alguns impõem, respectivamente, à mensagem evangélica e ao ensino católico. Só as flagrantes aberrações dos seus adversários que contam, e essas dão a estes a fisionomia que justifica conferir-lhes o rótulo. De certa maneira, a existência contradiz a essência de ambos. Melhor dizendo, eles existem, paradoxalmente, contra a sua vontade, contra a sua profunda natureza. Existem devido à crise que se instala e exige que eles se agitem para manter o cristianismo dentro da sua cristandade. O calvinismo e o jansenismo não querem ser um ramo do cristianismo, mas o cristianismo “tout court” (em termos, resumido, conciso...); e não se trata aqui de literalmente de “tão curto”, tão mutilado, por exemplo, das suas exigências, nem também tão alongado ou mesclado como essas misturas de café que mantendo a aparência de café, não trazem mais a substância do verdadeiro café. “Tout court”, “em termos”, por que a eles próprios se lhes conferem a doutrina pura ou a espiritualidade específica que acaba sendo algo capaz de minar deles o que tem de mais profundo: a consciência de que a essência deles não é mais do que a essência ou identidade cristã, de que não passam das únicas testemunhas e dos únicos defensores do Evangelho em sua pureza e sua radicalidade.<br />
<br />
Para esboçar esta perigosa e delicada comparação entre dois movimentos que têm por ambição e projeto nada menos do que não se distinguir, mas se confundir com o cristianismo em geral, restrinjo-me a dois livros emblemáticos, a saber, as “Institutas da Religião Cristã” de Calvino e o “Augustinus” de Jansênio, embora esteja consciente do fato de que o calvinismo não está tão reduzido às “Institutas” assim como o jansenismo ao “Augustinus”. Ambos os livros têm diferenças formais importantes; penso que não estou sendo parcial ou simpatizante por achar que as Institutas têm mais estilo e inspiração do que o “Augustinus”, o qual a sua aplicação curta é mais conhecida do que sua leitura. Em qualquer caso, eles têm em comum não serem, é claro, os únicos escritos de seus autores, mas o livro da vida dos seus respectivos escritores. De 1536 a 1564, Calvino não deixou de retomar às Institutas, complementando-as, redesenhando-as ou mesmo corrigindo-as, mediante sucessivas edições (os últimas apresentadas postumamente), um pouco como Montaigne em relação aos seus “Ensaios”. No que se refere a Jansênio, durante vinte e dois anos, ele escreveu, desenvolveu com paciência e perseverança, o “Augustinus”, que não apareceu senão uns poucos meses depois de sua morte, como se a realização deste trabalho marcasse o fim de uma vida, tendo com ele alcançado a sua meta e missão. Muitas coisas separam o Reformador de Genebra do Bispo de Ypres. No entanto, um e outro são grandes leitores de Santo Agostinho, a quem Calvino citou mais de três mil vezes nas “Institutas” e de quem Jansênio quis ser o fiel intérprete. Mais e melhor do que qualquer real ou alegada influência do um sobre o outro, é esta dependência comum que explica a existência de certa quantidade de proximidades e parentesco entre suas obras. Em geral, em uma abordagem tipológica do caráter inevitavelmente aproximativo e simplificador, podemos dizer que estas duas obras expõem e defendem um entendimento radical da revelação e da graça, e radical aqui significa a exclusão de qualquer outro elemento. Só Deus sabe como falar de Deus; nenhuma fonte complementar permite o saber ou o compreender divino; fora da revelação não há nada senão erros e escuridão. Só Deus realizou a salvação, não há mérito nenhum, nenhum esforço da nossa parte ajuda, porque além da graça, não há nada que não seja pecado.<br />
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Vejamos dois pontos a seguir. <br />
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A RADICALIDADE DA REVELAÇÃO<br />
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Começo pela revelação. Todas as teologias cristãs, incluindo as mais racionalistas e mais humanistas, propõem-se basear na revelação divina. Conhecemos Deus apenas porque Ele se manifesta, intervém, fala e age na história humana. Se continuasse a ser passivo, ocioso e silencioso, não teríamos nenhum meio para descobri-Lo; não poderíamos dizer nada. Ele nos seria absconso e continuaria a ser desconhecido de nós, tal aquela divindade apresentada de acordo com o capítulo 17 do livro dos Atos dos Apóstolos, a quem os atenienses tinham erigido um altar. A teologia cristã depende de um ato do falar que vêm de Deus, cuja iniciativa é d’Ele.<br />
<br />
O calvinismo e o jansenismo se mostram, aqui, radicais na concentração na revelação nas Escrituras Sagradas e se recusam a procurá-la noutro lugar. De certo que Deus se manifesta, na natureza, na alma ou no coração humano. Isso é sensível, mas, haverá um momento, em que Ele realmente se nos dará a conhecer sobre Ele mesmo. A razão e a intuição, a filosofia ou a experiência fazem-nos descobrir um sem numero de coisas corretas acerca do mundo; em contrapartida, não trazem suficiente o conhecimento autônomo, ou mesmo auxiliar e complementar, sobre Deus. Não se trata de desqualificá-los completamente, ainda mais em termos de religião. Pode e deve servir de instrumentos, para compreender ou para interpretar precisamente os escritos revelados. No entanto, não constitui em fonte independente, tampouco em instância crítica. Têm valor apenas se forem subordinados totalmente e inteiramente sujeitos aos documentos da revelação.<br />
<br />
Assim, nos primeiros capítulos do livro 2 do “Augustinus”, Jansênio explicou que a teologia se baseia na memória, autoridade e tradição. Ele deriva isso por citações, não por raciocínio. A referência a seguir prevalece em relação a isso visto que em seguida apresenta argumentos mais fortes. A teologia deve deixar de lado sutilezas da escolástica que decorrem do pelagianismo e são permeadas de pensamentos metafísicos aristotélicos que a impregna de erros. Para Calvino, o ser humano tem um conhecimento de Deus "naturalmente enraizado no seu espírito" e "o poder de Deus cintila tanto na criação quanto no contínuo governo providencial do mundo...*. Porém, o pecado sufoca e corrompe o conhecimento de Deus e os desejos de nossa natureza. Fazem-nos cegos para que não discirnamos ou deficientes visuais a ponto de discernirmos apenas em penumbra da claridade do pleno dia. É por isso que Deus nos tem dado a Escritura por "guia e mestra". Ela nos fornece o "autêntico" registro da verdade divina. "Ninguém pode ter ao menos um pequeno gosto pela a sã doutrina”, escreve Calvino, “... a compreensão humana ...que de forma nenhuma pode chegar a Deus", a menos que ingresse na "escola da sagrada Escritura". A Bíblia ensina-nos o que é Deus e o que nós somos. É a única base que temos para toda a nossa teologia, não tem outra fonte, e é colocada sobre qualquer outra referência e norma.<br />
<br />
Isso não significa que a fé é reduzida a um intelectualismo escriturístico, e o crente necessite apenas do estudo das Escrituras. Ele é necessário, mas não é o suficiente. Para o encontro com o Deus vivo, deve ter algo mais: a sua presença ativa nas nossas vidas, o que Calvino chamava de “testemunho interno do Espírito*. Jansênio falava de "caridade flamejante" que "purifica e ilumina o coração do homem e o faz penetrar nos segredos de Deus contido nas Sagradas Escrituras"*. Assim, a chama da caridade e a luz do conhecimento mutuamente "se excitam e se engendram" de molde a levar a alma à plenitude da fé. Para retomar as categorias do calvinismo escolástico*, as Escrituras se nos mostra intelectualmente como Verbum Dei, a fala de Deus, mas não se faz percebida existencialmente como Vox Dei, voz de Deus. Para ouvir e acolher a sua fala, o verbum, o que também se encontra na Bíblia este deve ser conjugado com a vox que se faz ouvir pelo Espírito. O verbum sem a vox não altera e nem transforma; ele pode muito bem fazer-nos doutores, e em ciência, "frívolos e inúteis", escreve Jansênio, duas palavras que Calvino emprega também, mas não em crentes, e tampouco em verdadeiros teólogos. Por outro lado, referir-se à vox independentemente do verbum rebaixa-a a uma espécie de iluminacionismo que confunde emoções e intuições com revelação. Deus é real e é vivo: real, por que é conhecido pelas Escrituras; vivo quando se faz conhecido ao coração. A piedade fecunda o estudo do texto da revelação e o estudo do texto nutre a piedade. Se um dos dois elementos falha, a teologia se desvirtua. <br />
<br />
Ao lado dessa semelhança estrutural entre Calvino e Jansênio, há uma diferença substancial. Para o Reformador de Genebra, as Escrituras que se revestem autoridade são tão-somente as do Antigo e Novo Testamento. Para o bispo de Ypres, incluem-se nelas também os Padres da Igreja, e se estendem à Tradição. Há que se prevenir, aqui, as abusivas e caricaturais simplificações que se fizeram correntes nas controvérsias entre católicos e protestantes. Calvino não nega o valor teológico e o interesse espiritual da tradição*. Ele refere-se a ela abundantemente, e diz que não se deve afastar dela, senão após intensa reflexão, acercando-se de muitos pareceres, quando então boas e sólidas razões nos forçarem a isso. Caso contrário ela não deve ser desprezada, nem negligenciada. Ele a vê útil como auxiliar da revelação, e um comentário valioso para a compreensão do ensino bíblico. No entanto, ela não está habilitada a determinar o significado da Palavra. Devemos sempre confrontar a interpretação que ela nos propõe com o texto bíblico; a exegese examina-a, avalia-a; confirmando-a ou refutando-a. Por seu turno, Jansênio não coloca os Padres no mesmo plano que a Bíblia. Ele afirmava claramente a superioridade e preeminência desta. Mas por vezes tende a dar aos escritos de Santo Agostinho autoridade comparável a da Bíblia, ele chega a dizer que não seria inferior à "primeira depois dos escritos canônicos" e acreditava que ele tenha aprendido de São Paulo sua doutrina. Jansênio não defendia a primazia da Bíblia sobre a tradição. No entanto, considerava que a tradição indica o significado exato dos escritos bíblicos e a Igreja decide a sua justa interpretação. Isso está na linha assinalada pelo Concílio de Trento * que decretou:<br />
<br />
“Ninguém, confiando em sua própria sabedoria, se atreva a interpretar a Sagrada Escritura em coisas pertencentes à fé e aos costumes que visam a propagação da doutrina Cristã, violando a Sagrada Escritura para apoiar suas opiniões, contra o sentido que lhe foi dado pela Santa Amada Igreja Católica, à qual é de exclusividade determinar o verdadeiro sentido e interpretação das Sagradas Letras; nem tampouco contra o unânime consentimento dos santos Padres”. <br />
<br />
Esta formulação contrasta-se com a Confissão Reformada de La Rochelle* (1559-1571), escrita a partir de um projeto Calvino, que diz: <br />
<br />
“Nem antiguidade, nem costumes, nem a multidão, nem a sabedoria, nem os julgamentos, nem os acórdãos, nem éditos, nem decretos, nem concílios, nem as visões e milagres, devem ser opostos… à Escritura Sagrada… pelo contrário todas as coisas devem ser examinadas, reguladas e reformadas de acordo com ela".<br />
<br />
Em 1688, o genebrino Francisco Turrentino* assim comentou:<br />
<br />
"deve ser grande a autoridade [dos ensinos] da Igreja…; continua a ser, contudo, inferior à autoridade da Escritura. Esta a regra, aquela a coisa regrada… A esta se faz necessário dar fé diretamente e absolutamente; aquela deve ser julgada e crida na medida em que esteja de acordo com a Palavra [bíblica] “.<br />
<br />
À luz dessas citações, pode-se dizer que Calvino representa efetivamente a maneira protestante, e Jansênio a católica, de articular a Bíblia com a tradição. A sua proximidade não diminui nem atenua a diferença confessional que os separa.<br />
<br />
A RADICALIDADE DA GRAÇA<br />
<br />
Após a revelação e a Escritura, passa-se para o segundo ponto que trata da graça e da salvação. Todas as teologias cristãs vêem a salvação como obra de Deus, como dom do seu amor. O homem não pode conseguir nada totalmente sozinho; livrar-se de seus pecados por suas próprias forças; limpar-se de sua culpa por sua piedade ou suas virtudes. Ele precisa de Cristo. Sobre este ponto, o acordo é quase geral. O debate se centralizará nas condições as quais Deus nos concede a sua graça: Ele pede uma participação ou uma contribuição pelo ser humano, exige que ele colabore com sua salvação com alguns méritos ou o salva livre e totalmente, sem qualquer concurso de sua parte? Para usar uma imagem tomada emprestado de um amigo hinduísta (e o Hinduísmo tem lá também suas controvérsias sobre a graça): a situação do crente é comparável a de um gatinho que a sua mãe agarra pelo pescoço com os dentes para livrá-lo do perigo que o ameaça, ou é a de um macaquinho que deve se agarrar aos ombros de sua mãe enquanto ela se afasta do perigo? A esta questão, crucial para o desencadeamento da Reforma protestante, o calvinismo (sobre este ponto em pleno acordo com o luteranismo) e a doutrina jansenista dão uma resposta radical; somos salvos sola gratia, com a exclusão de qualquer cooperação humana. Não só a fraqueza inerente do ser humano, mas também o domínio do pecado, que nos corrompe, sem exceção, e totalmente, nos tornam incapazes de, por nós, pensarmos alguma coisa para a nossa salvação: tudo deve vir de Deus. Como salienta Pascal em seu “Mistério de Jesus”, Cristo opera a salvação dos seus discípulos enquanto eles estão dormindo, enfatizando a passividade humana. Ele opera a nossa conversão, em prol de nossa salvação, sendo trabalho d’Ele, com Ele se completa e realiza, de acordo com uma expressão de Lutero, "em nós e sem nós *.<br />
<br />
Trata-se de temas claramente agostinianos. Em seu “Tratado Sobre a Predestinação”, de 1566, Calvino escreve: “Quanto a Santo Agostinho, ele está de pleno acordo com tudo o que é possível fazer para se ter uma confissão a respeito da matéria, seria para mim suficiente que a compusesse com testemunhos extraídos dos seus livros”. Calvino lê tão cuidadosamente Lutero que, recorda-se, antes de sua ruptura com Roma, pertencia à ordem dos agostinianos. Por seu lado, Jansênio, o próprio título de seu livro o indica efetivamente, propõe-se apenas expor a doutrina do bispo de Hipona. Importa, no entanto, sublinhar, que numerosos teólogos de grande influência marcados por forte agostinianismo desenvolvem temas semelhantes. Isso não traduz afinidade específica entre Calvino e Jansênio, mas o retorno a uma fonte e orientações largamente compartilhadas no cristianismo ocidental, nem tanto como através de Agostinho, mas estes temas enraízam-se diretamente nos textos apostolo Paulo. Sempre encontrando resistências, porque contradizem lógicas fortes e invertem o orgulho humano. Hoje isso tem sido exposto freqüentemente de modo suavizado, o que não ocorre nem com Calvino nem com Jansênio.<br />
<br />
Há, no entanto, desacordos, que não se referem tanto ao arcabouço global de certos elementos desta estrutura, mas à maneira como a graça age. Na avaliação que ele fez em 1620 nos cânones do sínodo reformado ocorrido no ano precedente em Dordrecht, Jansênio assinala a divergência mais importante. Trata-se da famosa questão da certeza salvação e da inamissibilidade da graça. Para o calvinismo, a doutrina da predestinação cria uma tranqüilidade e uma certeza internas totais. Com efeito, declara o Cânon XI de Dordrecht,<br />
<br />
“Exatamente como o próprio Deus é sumamente sábio, imutável, onisciente, e Todo-Poderoso, deste modo a eleição feita por ele não pode ser nem suspensa, nem alterada, revogada, ou anulada; nem seus escolhidos podem ser lançados fora, ou seu número ser reduzido”.<br />
<br />
O crente sabe que dado que foi eleito, escolhido, a sua salvação se efetivará, apesar das suas insuficiências e dúvidas eventuais. No século dezenove, o pastor calvinista César Malan dizia a seus paroquianos: “é ofender a Deus implorar-Lhe por uma salvação que já foi realizada”. Mais recentemente, o novelista protestante André Chamson conta que um dia, ao confessar à sua avó muito piedosa que tinha perdido a fé, em vez dela se desolar, como era de se esperar, ela lhe respondeu: “Isso não tem nenhuma importância, Deus saberá reencontrá-lo”. Desde o dia em que provo a fé, e sinto na minha vida a graça, estas jamais me abandonarão, mesmo quando creio desaparecerem ou serem destruídas. Pelo contrário, para o jansenismo, a liberdade soberana de Deus implica que Ele pode retirar a graça que um dia atribuiu. Também, não se pode nunca ter a certeza de sua salvação e é necessário sempre e incessantemente solicitar de modo que se lhe conceda. Não digo que qualquer reformado seja desprovido de angústia e que pelo contrário, esta aflige os jansenistas, o que seria falso. Mas pode-se pensar que a doutrina da predestinação, como os reformados a compreendem, tende a abolir a angústia existencial, enquanto que no jansenismo, ela antes a favoreceria. Para o calvinismo, sua salvação é um negócio que Deus governa do qual não tem com que se incomodar. Para o jansenismo, neste ponto mais próximo da sensibilidade luterana, salvação é um negócio que Deus governa a cada instante e que por conseguinte nunca é adquirida. Esta diferença teológica provoca evidentemente espiritualidades diferentes, mais serena em uns, mais trágica em outros, a primeira marca o estilo mais reformado, a segunda o mais fundamentalmente católico. Ai também, a proximidade não apaga a diferença confessional.<br />
<br />
No entanto, podemos argüir se esta questão, à primeiro vista acessória, da inamissibilidade da graça não se refere a uma diferença mais profunda que lida com natureza ou da essência da graça. Para os protestantes, pelo menos em princípio, "graça" refere-se à palavra de Deus que para mim significa o meu perdão e a minha salvação. Esta palavra não altera, em qualquer caso, num primeiro momento, o meu ser. Ela transformou a minha situação, no sentido que Deus decidiu não levar em conta o meu pecado, mas não eliminá-lo. A palavra que me transmite graça não me faz justo, ela me declara justo*. O crente, de acordo com a expressão de Lutero, é "simul justus et peccator”. Então, num segundo momento, será o processo de santificação, que via mudar o meu ser. No Catolicismo, a graça evoca o pouco do poder divino que está em mim, que me permeia e faz-me tornar em outro. A justificação não é um ato declaratório e, posteriormente, seguem as conseqüências ontológicas; tem o caráter essencialmente ontológico. Além disso, o assunto que trata do justo que compromete a graça e que causa a queda em pecado tem sua pertinência. Ele tem menos na perspectiva protestante: Deus não se restringe sua ação à palavra que declara, e a justiça continua sempre mesmo quando somos pecadores. No entanto, os calvinistas usam "graça" tanto para a justificação e quanto para a santificação, embaralha as coisas e impede que se distingam nos textos os sentidos do termo que se utilizam distinta e claramente os protestantes ou os católicos.<br />
<br />
OUTROS TEMAS<br />
<br />
Gostaria de para terminar assinalar rapidamente dois outros temas que uma comparação entre as Institutas e o Augustinus não põe apenas em destaque, mas ao mesmo tempo aproximam e separam profundamente o calvinismo e o jansenismo.<br />
<br />
O primeiro tema diz respeito ao sacramento. Aqui, como mostra Pascal no capitulo dezesseis das suas Provinciais, a oposição é radical. Para o jansenismo, na linha Concilio de Trento, o sacramento efetua, opera a presença Cristo, a hóstia é o corpo de Cristo. Para os reformados, o pão e o vinho assinalam esta presença, não a conferem, mas, por um sinal sensível, fazem-na percebida na comunhão outros fiéis. A tradição reformada, que neste ponto se separa de Calvino e herda mais de Zwinglio, não se defende a freqüente comunhão, mas por razões muito diferentes de Arnauld. Para Arnauld, importa preparar-se bastante para a comunhão porque há o coroamento, o ponto que culmina a vida cristã, aonde Cristo se dá a nós. Não é necessário, por conseguinte tomá-lo demasiado freqüente e inconsideradamente, sem purificação suficiente para tornar-se digno da vinda substancial de Deus a nós. Para os reformados, a comunhão representa um meio pedagógico, um apoio de que temos necessidade devido à nossa fraqueza humana. Não é necessário abusar deste instrumento de modo a que não se embote e deixe de operacional. Assim como a celebração de uma festa nacional ajuda o sentimento de unidade dum povo, mas que não preencheria esta função se tivesse lugar toda semana, do mesmo modo o sacramento, tomado demasiado freqüentemente, perde do seu efeito; não testemunha mais com a mesma intensidade da presença Cristo em nós. A escassez relativa da prática sacramental enraíza-se numa lógica fundamentalmente católica e de outra forma numa atitude tipicamente reformada.<br />
<br />
O segundo tema que menciono mais brevemente é a maneira cristã de viver. O calvinismo e a doutrina jansenista têm em comum a preocupação com a recusa da conveniência, o ajustamento e o compromisso com a moral, ou a falta de ética do mundo, e desenvolvem uma ética bastante austera, legalista e puritana. No entanto, eles não o fazem da mesma maneira. O jansenismo favorece uma ruptura, retirada, isolamento; os religiosos e solitários se separam, rompem com o mundo, e o que devem fazer os cristãos. O calvinismo defende, pelo contrário, o que Max Weber*, chamava de "ascese laica". O cristão é chamado a permanecer ali, no mundo, a trabalhar mantendo certa distância, mas com a presença que marca uma diferença; ele “usa o mundo como se não fosse do mundo” para parafrasear uma fórmula paulina. Acumularam riqueza, sem desfrutá-la. O resultado é um comportamento social muito diferente.<br />
<br />
<br />
<br />
Tenho consciência que ao apresentar este esboço não fiz mais do que recordar coisas bem conhecidas e me detive em generalidades. Trata-se apenas de uma introdução, banal e despretensiosa como todas as entradas de matéria. Espero que o nosso colóquio possa permitir precisar, retificar, aprofundar qualquer coisa que talvez possa abrir novas perspectivas.<br />
<br />
André Gounelle<br />
<br />
Chroniques de Port-Royal, 1998, Port-Royal et les Protestants<br />
<br />
Notes : <br />
<br />
* "Que signifie essence du christianisme" ?" dans Œuvres, vol.3, Cerf et Labor et Fides, 1996.<br />
<br />
* Institution chrétienne, Labor et fides, l. l, ch. 4 et 5.<br />
<br />
* Institution, l.1, ch.7, § 4 et 5<br />
<br />
* Augustinus, l. 2, ch. 7.<br />
<br />
* Cf. G. Bédouelle et B. Roussel, Le temps des Réformes et la Bible, Beauchesne, p.311.<br />
<br />
* Voir M. Réveillaud, "L'autorité de la tradition chez Calvin", Revue Réformée, 1958, n°34.<br />
<br />
* Quatrième session de 1546; traduction de G.Dumeige, La foi catholique, l'Orante, p.82.<br />
<br />
* Confessions et catéchismes de la foi réformée, Labor et fides, p.116.<br />
<br />
* cité d'après P. Maury, "L'unité de l'Eglise au XVI° siècle et aujourd'hui", Foi et vie, mars-avril 1959.<br />
<br />
* M. Luther, Œuvres, Labor et Fides, vol. 2, p.205.<br />
<br />
* P.Mélanchthon, Apologie de la Confession d'Augsbourg, § 143, in A. Birmelé et M. Lienhard (éd.), La foi des Eglises luthériennes, Cerf, Labor et Fides, p.135. Cf. J. Calvin, Consensus Tigurinus, art 3, in Calvin homme d'Eglise, Labor, p. 134.<br />
<br />
* Cf. L'éthique protestante et l'esprit du capitalisme, Presses pocket, p.92.<br />
<br />
<br />
<br />
</div>
Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-53958350332680200472012-07-20T10:59:00.001-07:002012-07-20T10:59:41.729-07:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"></span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">E se os presbiterianos mudarem de posição em relação à ordenação feminina não deve implicar que necessariamente devam mudar a posição em relação à ordenação gay?</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Definitivamente NÂO!</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Sabe-se que um dos argumentos mais comuns ouvidos nos últimos tempos dos proponentes da ordenação gay é alguma coisa assim:</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Os presbiterianos antigamente se opunham à ordenação de mulheres com base na Bíblia. Mas apesar do ensino bíblico contrário, agora eles ordenam mulheres. Assim será com a ordenação de gays e lésbicas. Com o tempo se convencerá que se devem ordenar gays. É inevitável.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Essa palavra é apropriada pelos que esposam posição contrária à ordenação feminina e utilizada até para intimidar os favoráveis à ordenação de mulheres. Chegam ao ponto de vaticinarem que um expediente deve seguir-se ao outro, quando muito não imediatamente, mas seguramente a certo prazo. </span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">De certo modo, superficialmente tais argumentos da analogia e do perigo parecem convincentes. É verdade que os presbiterianos historicamente se opuseram à ordenação de mulheres, mas agora eles as ordenam em várias partes do mundo. </span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Façamos uma tentativa de situar a questão, como vista antigamente e hoje em dia. Antigamente, é fato, toda a família de igrejas reformadas e presbiterianas não aceitava a prática. As primeiras a aceitarem foram as igrejas que abraçaram uma base confessional mais ampla e admitiram uma teologia mais avançada. Seria até correto constatar que as igrejas presbiterianas que admitem coexistência com o liberalismo teológico foram as primeiras a admitirem a ordenação feminina. Entretanto, nos EUA, por exemplo, não é apenas a PCUSA quem aceita a ordenação feminina, juntamente com as igrejas reformadas historicamente mais progressistas, mas a Igreja Presbiteriana Evangélica – EPC e a Igreja Cristã Reformada da America do Norte – CRCNA passaram ultimamente a adotarem a prática. Na França não só a Igreja Reformada da França é adepta da prática mas a denominação historicamente não identificada com o pluralismo teológico, mas decididamente “reformada confessante”, abriu-se recentemente. E esse fenômeno tem sido repetido mundo afora.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Também é correto informar que há denominações presbiterianas majoritariamente avessas à prática dentre as quais no contexto norte-americano temos as pequenas porem não inexpressivas, PCA e OPC, que juntamente com outras minúsculas denominações presbiterianas e reformadas (essas pequenas e inexpressivas...) rejeitam a ordenação de mulheres. </span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">É certo que vemos nossa cultura se movendo ràpidamente no sentido de normalizar a homossexualidade. Essa tendência não há dúvidas acompanha a de rejeitar certas barreiras que se opõe à participação da mulher no mercado do trabalho ou mesmo de certos redutos culturais exclusivamente masculinos. Isso tem preocupado com razão a muitos presbiterianos. De fato, estamos convencidos de que é irreversível o fato de que dentro de tempo relativamente curto haverá denominação presbiteriana, ou um grande grupo que dentro dela, ordenando gays e lésbicas.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Mas a analogia entre a ordenação das mulheres e a ordenação de homossexuais ativos é algo muito falho. É perfeitamente lógico para uns endossarem a ordenação das mulheres e se oporem à ordenação de homossexuais ativos. </span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Há uma razão muito simples para isso. O “problema feminino” tem a ver com a questão de incluir ou excluir pessoas com base em sua identidade. As mulheres foram impedidas do exercício do ministério ordenado, não por que tenham feito ou deixado de fazer algo, mas simplesmente por causa de seu gênero. O “caso dos gays”, ao contrário, é acima de tudo por causa do seu comportamento, e não por causa de identidade. </span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Por enquanto, por exemplo, na Igreja Presbiteriana do EUA (PCUSA), uma pessoa com uma orientação homossexual não está impedida de ser ordenada se essa pessoa prometer viver uma vida casta. É somente a intenção da pessoa de se envolver com o comportamento homossexual que a/o proíbe de ser ordenado(a).</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Além disso, talvez o mais importante, a analogia entre a ordenação das mulheres e a ordenação dos gays é falha porque implica que o ensino bíblico acerca de mulheres no ministério é mais ou mais menos similar ao ensino bíblico sobre os gays no ministério. Isso é raso, totalmente falso e comprometedoramente desonesto. Pior: isso implica em ignorar as enormes diferenças entre o ensino bíblico sobre as mulheres e o ensino bíblico sobre os homossexuais. Permita-se explicar.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">O argumento bíblico contra a ordenação de mulheres depende primeiramente de três textos do Novo Testamento: I Coríntios 11:2 - 16 (véu das mulheres); 1 Coríntios 14:34 - 35 (silêncio das mulheres); 1 Timóteo 2:11-15 (silêncio das mulheres). Os oponentes da ordenação das mulheres freqüentemente apontarão Efésios 5:21- 33 (submissão das esposas aos maridos) e Genesis 2 (criação secundária das mulheres) para apoiar sua posição, tanto quanto também aduziriam a escolha de Jesus de doze homens como seus discípulos mais íntimos. E ai encerra o argumento.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Ora, por sinal, quem admite a ordenação feminina, crê que todas estas passagens bíblicas, quando corretamente compreendidas, ao invés de combater a ordenação feminina, na verdade a podem apoiar! Mas, há que se admitir que, superficialmente, I Coríntios 12, I Coríntios 14 e I Timóteo 2, aparenta opor-se a esta prática.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Contudo, deixando por enquanto de lado a exegese e hermenêutica, mais acurada delas, essas passagens mencionadas não é tudo o que a Bíblia tem a dizer sobre as mulheres em posições de autoridade no Reino de Deus. </span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">É inescapável atentar-se para muitas passagens que retratam mulheres em posições de autoridade ou fornece sustentação teológica para esta perspectiva. Seguem algumas dessas principais passagens: </span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Gênesis 1:26-28 – O homem e a mulher foram criados como imagem de Deus; ao homem e à mulher são dados o mandato de encher a terra e de dominá-la.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Gênesis 2:18 - A mulher é criada como “ajudadora” do homem. A palavra hebraica ‘ezer, para “ajudadora” quase sempre se refere a uma pessoa mais forte, e, no Antigo Testamento, geralmente se aplica a Deus.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Juízes 4-5 – Débora foi uma profetiza e juíza de Israel, com óbvia e divinamente endossada autoridade sobre homens israelitas.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Lucas 8:1-3 – Jesus tinha muitas mulheres entre o seu séquito de discípulos.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">João 20 – Jesus ressurreto escolhe uma mulher para ser a primeira “evangelista” a dat testemunho de sua ressurreição.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Atos 2:17 - 18 – No cumprimento da profecia de Joel, o Espírito Santo é derramado sobre homens e mulheres, e indica-se que as mulheres profetizariam.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Romanos 16:1-2 – Febe é apresentada como “ministro” (Gk. diakonos), alguém cuja autoridade deveria ser respeitada pela igreja de Roma.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Romanos 16:7 – Júnias é citado junto com Andrônico como proeminente apóstolo.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">I Coríntios 7:4 – A esposa tem autoridade sobre o corpo de seu marido, tanto quanto ele tem autoridade sobre o corpo dela.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">I Coríntios 11:5 – Mulheres oram e profetizam na igreja.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Filipenses 4:2-3 – Evódia e Síntique são lideres na igreja de Filipos e cooperadores de Paulo.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Tito 2:3 – Mulheres idosas “ensinam o bem” ou são “mestras do bem”.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Apocalipse 2:18-29 – A igreja em Tiatira aceita uma mulher como profeta e mestre. Essa aceitação nunca é criticada e sim o conteúdo de seu ensino.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Naturalmente, os aderentes da abertura para a possibilidade da ordenação feminina poderiam apontar muitas outras passagens que, na opinião deles, apóiam o ministério feminino, e conseqüentemente a sua ordenação. E, naturalmente, há que se compreender que quem se opõe à ordenação das mulheres tem seus próprios modos de interpretar as citadas passagens. Fato é, porém, que mesmo os mais intransigentes oponentes da ordenação feminina hão de admitir que algumas destas passagens, pelo menos superficialmente, sugerem que Deus pode usar mulheres em posições da autoridade no Ministério, ou mesmo em posições de autoridade acima dos homens.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Quando o assunto vira para a homossexualidade, será que se encontra tal divisão em relação a isso no que tange ao ensino bíblico? Não, de jeito nenhum. Aqui vão alguns fatos básicos:</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">- Todas as vezes que a Bíblia fala diretamente sobre a atividade homossexual, ela a considera pecaminosa.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">- Quando a Bíblia fala explicitamente sobre o sexualidade humana, sempre o faz no contexto apenas do relacionamentos heterossexual. </span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">- Duas passagens do Novo Testamento (Romanos 1 e I Coríntios 6) parecem considerar todo o comportamento homossexual pecaminoso. Aliás, falar em parece é uma maneira polida de argumentar, na verdade, diversos eruditos bíblicos demonstram que não é só aparência, mas de fato significa essas passagens bíblicas pretendiam (pretendem) realmente indicar exatamente isso (Richard Hays, N.T. Wright, Robert Gagnon, J.G. Dunn etc.).</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">- Em nenhuma parte das Escrituras há uma pessoa homossexual retratada explicitamente como líder no Reino de Deus.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Assim, enquanto os proponentes da ordenação das mulheres evocam muitas passagens bíblicas como testemunhas para sua posição, os proponentes da ordenação gay não têm nenhuma passagem bíblica específica ao lado deles. Podem-se encontrar proponentes formulando suas posições com base em argumentos do silêncio, como: “Jesus nunca condenou o comportamento homossexual”. Isso é verdade. Mas também nunca condenou o abuso de criança, poluição do meio-ambiente ou o próprio racismo. Dessa maneira, devemos desconfiar dos argumentos do silêncio, especialmente quando, por tudo o que sabemos da Escritura e por tudo podemos saber das posições culturais prevalecentes nos seus dias, tudo enfim vai no sentido de que Jesus jamais aprovaria o comportamento homossexual.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">O fato de a Bíblia nada oferecer de específico para ajudar os proponentes da ordenação gay explica, na maior parte das vezes, por que eles já não tentam mais interpretar a Escritura em proveito deles. Simplesmente não conseguem qualquer ajuda para seu argumento. A única maneira de se conseguir fazer a Bíblia apoiar a homossexualidade é apontar às passagens que recomendam amor ou justiça, e então defender que é amável e justo aprovar a ordenação de homossexuais ativos. Mas esta interpretação do amor e da justiça vai de encontro com o ensino da Escritura. Não se está amando nem se está sendo justo por justamente aprovar aquilo que justamente a Bíblia revela ser pecado.</span></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Embora não reivindiquemos o dom da profecia ou vidência, pensamos que é altamente improvável que presbiterianos que confessem a autoridade plena da Escritura endossem a ordenação de gays e lésbicas ativos, mesmo que possam endossar a ordenação de mulheres. De uma perspectiva social e cultural, esses dois temas que imbricam a ordenação poderiam ser olhados de forma similar. Mas de uma perspectiva bíblica são radicalmente diversos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Extraido e traduzido de: </span><a href="http://www.patheos.com/blogs/markdroberts/series/the-end-of-the-presbyterian-church-u-s-a-revisited/"><span style="background-color: white;">http://www.patheos.com/blogs/markdroberts/series/the-end-of-the-presbyterian-church-u-s-a-revisited/</span></a></div>
<span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
</div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0Brasília - DF, Brasil-15.7801482 -47.9291698-16.2691132 -48.574616799999994 -15.291183199999999 -47.2837228tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-40123069789860368432011-11-01T12:32:00.000-07:002011-11-01T12:33:32.773-07:00Os Princípios, os Pilares, da Reforma: Penicilina para o Mundo!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div>
Introdução</div>
<div align="justify">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; height: 356px; width: 259px;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2U6Kw3LLZ-iM0GH1O8HDjBlTNlOrPV4V1WZ-zFaYsg2t6bAz6MdVBmT7hBkqYers6gQSCfZlnLml-b-5_FuMOL9vNoVigcN10_fpdFHFP3utpvEPEbfMowgT-UukiL7rvi2j4ETE4_cI/s1600/imagesCAE6P71B.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-size: xx-small;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2U6Kw3LLZ-iM0GH1O8HDjBlTNlOrPV4V1WZ-zFaYsg2t6bAz6MdVBmT7hBkqYers6gQSCfZlnLml-b-5_FuMOL9vNoVigcN10_fpdFHFP3utpvEPEbfMowgT-UukiL7rvi2j4ETE4_cI/s1600/imagesCAE6P71B.jpg" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">A penicilina interfere, se infiltra, mata ou inibe micro-organismos e auxilia o corpo doente a se curar.</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div align="justify">
É um procedimento padrão nos dias de hoje, principalmente quando se procura o tratamento de saúde pelo SUS. No caso de qualquer infecção, procura-se o médico que logo prescreve a boa e velha “benzetacil”. Tem explicações e motivos óbvios: esse é o tratamento mais eficaz no Brasil, a “empurro-terapia”. Mas não falemos do que implica nisso, mas do que essa benção preciosa significa, que se deve não, como se diz por ai, ao acaso, mas à divina providência. Fato que é assim que é aplicada, por “empurro-terapia”, a salvação para os pobres, a “penicilina” (penicilina é só outro nome do benzatacil), em quatro horas verifica-se a melhora.</div>
<div align="justify">
A penicilina, aliás, é o antibiótico derivado do cogumelo do gênero Penicillium. Descoberta de modo “acidental” por Alexander Fleming (1881-1955), em 1928, ao observar que colônias de bactérias Staphylococcus aureus não cresciam em áreas contaminadas pelo mofo verde, Penicillium nonatum. Foi administrado ao homem pela primeira vez em 1941, e constitui um dos medicamentos mais utilizados contra as doenças infecciosas. </div>
<div align="justify">
O tratamento pela penicilina se caracteriza pelo efeito de interferência, de infiltração, nos micro-organismos, matando-os ou inibindo seu metabolismo, comprometendo a sua reprodução, e permitindo ao sistema imunológico do corpo doentee combatê-los com maior eficácia.</div>
<div align="justify">
Quando preparava este estudo me ocorreu essa ideia de comparar os princípios da Reforma: Sola Fide, Sola Gratia, Sola Scriptura, Solo Christus e Solus Deo Gloriae, os Cinco Sola, à penicilina. Salienta-se que o estabelecimento desses princípios, ou pilares, da Reforma, seguiu a pedra de toque, o principio ativo antibiótico, da justificação pela fé somente em Cristo. Mas podemos falar nos Seis Pilares da Reforma, se aos Cinco Sola incluirmos o Sacerdócio Universal dos Crentes. Todos tem o seu fator antibiótico ou pro-biótico, se preferirem, mas seguramente o principio mais ativo contido nesses Pilares da Reforma é a doutrina da justificação.</div>
<div align="justify">
A Bíblia de Estudo de Genebra ensina que essa doutrina é “o núcleo tormentoso da Reforma”. Para Paulo era o âmago do evangelho (Rm 1:17; 3:21-5:21; Gl. 2:15-5:1), e o que dava forma à sua mensagem (At. 13:38-39) e à sua devoção (2 Co 5.13-21; Fp 3:4-14). Pode assim ser definida:</div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“O ato de Deus pelo qual ele perdoa pecadores e os aceita como justos por causa de Cristo. Por esse ato, Deus endireita permanentemente o anterior relacionamento alienado que os pecadores tinham com ele. Essa sentença justificadora é a concessão por Deus de um status de aceitação de pecadores por causa de Jesus Cristo (2 Co 5:21)”</div>
</blockquote>
<div align="justify">
A Confissão de Fé de Westminster ensina que a doutrina da justificação traz-nos o conhecimento de que</div>
<blockquote>
Capitulo 11 – Da Justificação</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
V. Deus continua a perdoar os pecados dos que são justificados. Embora eles nunca poderão decair do estado de justificação, poderão, contudo, incorrer no paternal desagrado de Deus. e ficar privados da luz do seu rosto, até que se humilhem, confessem os seus pecados, peçam perdão e renovem a sua fé e o seu arrependimento.</div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Ref. Mat. 6:12; I João 1:7, 9, e 2:1-2; Luc. 22:32; João 10:28; Sal. 89:31-33; e 32:5.</blockquote>
<div align="justify">
Se há um diagnostico sombrio a fazer é que o pecado, como o Staphylococcus aureus tem se instalado na humanidade e tem infectado todas estrutura social, já dizia o Profeta Isaias,</div>
<blockquote>
“Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniqüidade, raça de malignos, filhos corruptores! Abandonaram o Senhor; blasfemaram do Santo de Israel e voltaram para trás. Por que haveis ainda de ser feridos?</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
A cabeça toda está doente, todo o coração enfermo. Desde a planta do pé ate à cabeça não há nada são; senão feridas e contusões e chagas inflamadas (tumores aureus, purulentos) uma e outras não espremidas, não atadas (ferimentos abertos, que não foram limpos nem enfaixados) nem amolecidas (nem tratados) com óleo (azeite).</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
A vossa terra está assolada (devastada),.. ‘Só restou a cidade de Sião como tenda numa vinha, como abrigo numa plantação de melões, como uma cidade sitiada’. (Versão ARA, exceto parte final da Versão Sociedade Bíblica Britânica). </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Isaías 1:4-8</blockquote>
<div align="justify">
Mas se há palavra boa para trazer diante desse quadro, é:</div>
<blockquote>
“justificados pois mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” – Rm 5:1;“... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.</blockquote>
<div align="justify">
Hoje é dia de lembrarmos que “É evidente que, pelas obras da lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o ‘justo viverá pela fé’” – Gl 3:11 e “ninguém será justificado diante dele por obras da lei”, por que “em razão da lei” só vê vem o conhecimento do pecado” – Rm 3:20.<br />
<br />
1. Fatores desencadeadores da Reforma</div>
<div align="justify">
A infecção traz o estado de coisas que se define como urgente: é tratamento ou a morte! Os fatores que desencadearam a Reforma eram sintomáticos, o crescente desprestígio da igreja do Ocidente, mais interessada, nos séculos XIV e XV, no próprio enriquecimento material do que na orientação espiritual dos fiéis; a progressiva secularização da vida social, imposta pelo humanismo renascentista; e a ignorância e o relaxamento moral do baixo clero, mas logo se detecta que o problema foi a ausência da doutrina da justificação pela fé, provocada pelo abandono das Escrituras e o desprezo pelo papel de Cristo na mediação entre Deus e os pecadores, e a inversão da glória ao homem que deveria ser dada a Deus.</div>
<div align="justify">
A Reforma, pois, foi o movimento que ao longo do século XVI e, ultrapassando questões disciplinares, deixou à mostra problemas doutrinários de transcendência vital para o cristianismo. As profundas divergências levaram à cisão de algumas igrejas que foram chamadas, de forma global, de protestantes.<br />
<br />
2. Antecedentes da Reforma.</div>
<div align="justify">
Nas últimas décadas da Idade Média, a igreja ocidental viveu um período de decadência que favoreceu o desenvolvimento do grande cisma do Ocidente, registrado entre 1378 e 1417, e que teve entre suas principais causas a transferência da sede papal para a cidade francesa de Avignon e a eleição simultânea de dois e até de três pontífices. Talvez esse tenha sito o ponto que mais denunciava a possibilidade de uma septicemia.</div>
<div align="justify">
O estado era triste, as partes boas da Igreja, não purulentas, lembrando a contaminação pelo Staphylococcus aureus, aureus aqui lembra o amarelo, o dourado da excreção que a infecção provoca, eram poucas situadas nas comunidades isoladas e nos mosteiros aonde alguns santos tinha contato com a Palavra de Deus. Sião estava muito distante da realidade da Igreja.</div>
<div align="justify">
A esse estado se segue um período febril que começa com o surgimento do "conciliarismo" -- doutrina decorrente do cisma, que subordinava a autoridade do papa à comunidade dos fiéis representada pelo concílio -- bem como o nepotismo e a imoralidade de alguns pontífices demonstraram a necessidade de uma reforma radical no seio da igreja.</div>
<div align="justify">
Aqui vale destacar o quanto tem de simbólico o fato de que o início da Reforma protestante, com a proclamação das 95 teses de Martinho Lutero em 31 de outubro de 1517, em Wittenberg, Alemanha, tenha sido precipitado pela chegada dos legados papais que anunciavam uma indulgência em troca da doação em dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro, em Roma.</div>
<div align="justify">
Por outro lado, é bem verdade, já haviam surgido no interior da igreja movimentos reformistas que pregavam uma vida cristã mais consentânea com o Evangelho. No século XIII surgiram as ordens mendicantes, com a figura notável de Francisco de Assis. Nos séculos XIV e XV destacaram-se como pregadores Vicente Ferrer, Bernardino de Siena e João Capistrano. Além disso, no século XV registrou-se uma renovação da piedade popular, com um acentuado sentimentalismo em torno das dores da paixão de Cristo. As pessoas sentindo suas chagas como as próprias de Cristo. Vem daí as imagem estampada nos crucifixos!</div>
<div align="justify">
Outros movimentos reformistas “febris” surgiram em aberta oposição à hierarquia eclesiástica. Já no século XII, os valdenses, conhecidos como "os pobres de Lyon" ou "os pobres de Cristo", questionaram a autoridade eclesiástica, o purgatório e as indulgências. Os cátaros ou albigenses defenderam nos séculos XII e XIII um ascetismo exacerbado e caíram no maniqueísmo, considerando a si mesmos os únicos puros e perfeitos. No século XIV, na Inglaterra, John Wycliffe defendeu idéias que seriam reconhecidas pelo movimento protestante, como a posse do mundo por Deus, a secularização dos bens eclesiásticos, o fortalecimento do poder temporal do rei como vigário de Cristo e a negação da presença corpórea de Cristo na eucaristia. As idéias de Wycliffe exerceram influência sobre o reformador tcheco João Huss e seus seguidores no território da Boêmia, os hussitas e os taboritas, nos séculos XIV e XV.</div>
<div align="justify">
Em posição intermediária entre a fidelidade e a crítica à igreja romana situou-se Erasmo de Rotterdam. Seu profundo humanismo, conciliatório e radicalmente oposto à violência, embora não isento de ambigüidade, levou-o a dar passos importantes em direção à Reforma, como a tradução latina do Novo Testamento, afastando-se da versão oficial da Vulgata; ou a sátira contra o papa Júlio II, de 1513. Ante a insistência de Lutero para que se definisse em relação às teses dos reformadores, Erasmo fez a defesa da liberdade humana em seu tratado sobre o livre arbítrio, de 1524, contestado por Lutero em seu tratado sobre o arbítrio escravizado. As ponderadas ideias reformistas de Erasmo não se ligaram a nenhum movimento popular ou político nem foram acolhidas pelos intelectuais, que poderiam tê-las compreendido.<br />
<br />
3. A Reforma protestante, os Cinco Sola ou Seis Pilares.</div>
<div align="justify">
Iniciada por Lutero com seu desafio aos legados papais e à sua excomunhão, a Reforma protestante não se desenvolveu em uma só direção: foram diversos os grupos que percorreram caminhos paralelos e irreconciliáveis, embora unidos por sua oposição à doutrina e à disciplina da igreja romana e por sua luta política e militar contra o papa ou o imperador.</div>
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Assim como a penicilina quando injetada num organismo ela provoca uma reação aonde houver o quadro infeccioso.</div>
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A febre foi sentida em Martinho Lutero, monge agostiniano. Sua experiência pessoal, baseada em seu estudo da epístola de Paulo aos Romanos, pelo qual a salvação de Deus se comunicava pela fé e não por meio das obras, que decorrem da natureza humana corrompida pelo pecado original, fez com se redescobrisse a doutrina da justificação pela fé.</div>
<div align="justify">
Dessa concepção fundamental - "só a fé" – deduziu-se aos poucos, segundo as controvérsias ou as circunstâncias políticas, o conjunto do pensamento luterano e reformado. A excomunhão por parte de Roma e a proteção que lhe dispensaram alguns príncipes alemães impeliram Lutero à ruptura. Mas foi a desqualificação da autoridade do papa avalizou outro grande princípio da Reforma -- "só a Escritura" -- que proclamava a Bíblia, interpretada individualmente à luz do Espírito Santo, como única fonte de autoridade na comunidade cristã.</div>
<div align="justify">
Seguindo a Escritura, I Tm 2:5, a mediação da Igreja, dos santos, dos sacerdotes, foi questionada e desprezada (inoculada). Os Reformadores firmaram o principio de que “somente Cristo” é o Cabeça da Igreja, o seu Salvador: o que único que morreu e ressuscitou pelos crentes.</div>
<div align="justify">
Na verdade quem salva é Deus por que Ele usa de sua soberana misericórdia para conosco pecadores, sem ver nenhum mérito em nos, o que baliza o principio de “somente a graça”: somente pela graça, pelo livre oferecimento do dom da fé em Cristo é que somos salvos. E por que “pela graça sois salvos mediante a fé”, a Deus somente seja toda a glória! Fica avalizado o somente glória a Deus. Eis os cinco sola!</div>
<div align="justify">
A partir desses cinco sola um sexto pilar foi erguido. O do sacerdócio universal dos crentes, ou dos santos, a doutrina que ensina que todos os crentes estão em condições de igualdade perante Deus. Como redimidos podemos nos achegar ao Seu Trono de Graça e obter todas as bênçãos de Deus, tanto para si mesmo, como para a sua família e para todos os que precisarem, seja por meio da pregação ou da intercessão a Deus por meio de súplicas e oração pela salvação dos povos. Por que fomos justificados pela fé, nunca mais, nenhuma maldição, será, sob quaisquer circunstâncias, lançada sobre o crente por isso há firme o seu status de sacerdote. Conseqüências da Reforma</div>
<div align="justify">
O efeito da Reforma, da aplicação desses princípios foi mesmo avassaladoramente antibiótico. Senão vejamos.</div>
<div align="justify">
Em 1525, Zwinglio fundou em Zurique uma teocracia que se estendeu a Berna, Basiléia e Estrasburgo. Sua doutrina teológica radicalizou-se mais que a de Lutero, especialmente ao negar a presença de Cristo na Eucaristia. Sua igreja avançou tanto na Reforma que foi excluída da aliança evangélica de Gotha em 1526, e só readmitida após sua morte, na concórdia de Wittenberg, em 1536.</div>
<div align="justify">
Os anabatistas, assim chamados por defenderem um novo batismo para os adultos, já que crianças não poderiam receber a graça que só se transmite pela fé, eram vinculados às doutrinas de Zwinglio, embora, mais revolucionários, exigissem uma observância mais radical dos ensinamentos da Bíblia. No campo social, rechaçaram a violência, proclamaram a separação entre a igreja e o estado e criaram comunidades livres. As repercussões políticas dos novos grupos, que conquistaram adesões maciças em algumas cidades, provocaram a união dos católicos e dos reformadores, que se aliaram para tomar de assalto seu centro na cidade de Münster, castigando severamente seus dirigentes.</div>
<div align="justify">
João Calvino, teólogo francês, refugiou-se em Basiléia e depois em Genebra devido a suas idéias reformistas. Publicou em 1535 Christianae religionis institutio (Instituições da religião cristã), que se tornou o primeiro “catecismo”, ou tratado de teologia básica da Reforma. Sua tentativa de unificar os diversos grupos protestantes atraiu importantes seguidores de Zwinglio, mas consumou a separação com os luteranos. A doutrina da dupla predestinação, a severa disciplina imposta em sua concepção teocrática da cidade-igreja e o governo presbiteral das igrejas constituíram de fato o que se chamou de “segunda Reforma”.</div>
<div align="justify">
Na Inglaterra, a mudança da igreja teve uma origem fundamentalmente política, logo aproveitada para uma Reforma religiosa. Henrique VIII, irritado pela negativa do papa Clemente VII em lhe conceder o divórcio, conseguiu em 1531 que o Parlamento inglês aprovasse a subordinação da igreja à coroa. O monarca acentuou sua exigência política em relação à igreja nos anos que se seguiram, até culminar no cisma anglicano em 1534. À separação política seguiu-se uma reforma doutrinária e litúrgica. A obra mais destacada na fase inglesa da Reforma foi o Common Prayer Book (Livro da prece pública).</div>
<div align="justify">
Na Escócia, predominou o presbiterianismo introduzido por John Knox, que havia participado da Reforma em Genebra junto a Calvino. Da Escócia, o presbiterianismo foi para a Inglaterra, da Inglaterra para os Estados Unidos e destes para o Brasil.<br />
<br />
4. A palavra boa e fiel da Reforma e a Salvação, a penicilina para os povos.</div>
<div align="justify">
A Reforma Protestante foi um dos acontecimentos mais marcantes em toda a história da humanidade, não há outro que rivalize em termos de impacto e a abrangência mundial. Não há acontecimento da nossa história que se possa comparar a esse em termos de durabilidade, permanência e continuidade ou expansão.</div>
<div align="justify">
A Reforma atraiu para si o anseio do povo por salvação, consagração, vida plena, por cura. Contrariando previsões pessimistas, em relação às contra-indicações, de que a liberdade apregoada pelos reformadores redundasse no seio da sociedade em libertinagem, devassidão e imoralidade sem controles, as multidões aderiram à Reforma.</div>
<div align="justify">
Irmãos, se hoje perguntarmos para o povão, qual seu anseio de suas vidas, dirá, “Além da saúde, que está em primeiro lugar, e que é um dom, um presente de Deus, eu quero comida, casa, roupa lavada e um dinheirinho para sair por ai”.</div>
<div align="justify">
O anseio dos povos está em Provérbios 10:22: “A benção do Senhor enriquece e, com ela não traz desgosto” (ARA). Outra versão diz “a benção do Senhor enriquece e não acrescenta dores” (ARC). Mas há uma versão da Bíblia, e justamente uma versão católica, a Bíblia de Jerusalém – BJ diz, “É a benção de Yhaweh que enriquece, e nada ajuda a fadiga”.</div>
<div align="justify">
Tudo o que os povos mais desejam é a benção de Deus, a benção que Deus outorgou a Abraão e a ele veio com a promessa de que “em ti serão benditas todas as famílias da terra” ou “por ti serão benditos todos os clãs da terra” - BJ.</div>
<div align="justify">
A solução não está em se fatigar para conseguir comida, roupa lavada e algum tempo livre, para o exercício da liberdade de ir e vir. Com o trabalho, com a fadiga diária, se alcança relativamente tudo. Mas e a saúde? Não se trata aqui de reduzir a salvação à recuperação da saúde física. Não é disso que se trata. Mas o fato é que a saúde plena tem tudo a ver com a salvação.</div>
<div align="justify">
Saúde e salvação são termos derivados das palavras gregas “soter”, “soteria” e das latinas “salus”, “salvus”, que evocam o termo hebraico “shallon”. Todo mundo tem pouca ou muita saúde, mas todo mundo está espiritualmente doente e precisa desesperadamente de recuperar a saúde e depois dela recuperada, mantê-la. A salvação é cura. Mas também essa cura abrange resgate, libertação, redenção de uma condição infeliz ou imperfeita, que incomoda, humilha, desanima, compromete.</div>
<div align="justify">
A ideia que gostaria de transmitir esta manhã é a de que quem é salvo, curado, sadio, andou carecendo, necessitando, urgindo, do verdadeiro bem estar. Disse Jesus: “Deixo-vos a minha paz”, a minha shallon, a minha saúde, “vos dou; não vo-la dou como dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. – Jo 14:27.</div>
<div align="justify">
Interessante que no inicio se falou de bactéria que ataca. Mas a verdade é que ela ataca e prevalece no corpo com o sistema imunológico fraco, debilitado... Não fosse a penicilina... Não fosse a providência de Deus para a cura! Por essa ideia que hoje se transmite, Apocalipse 22:1-5 diz que para o justificado de Deus há uma perspectiva de futuro gloriosa:</div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Então me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, de uma e de outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a cura dos povos. Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão, contemplarão a sua face; e na sua fronte está o nome dele. Então, já não haverá noite, nem precisarão eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos”.</div>
</blockquote>
<div align="justify">
A nossa religião cristã, aponta para essa arvore da vida, oferece essas folhas retiradas dessa arvore para a cura dos povos. Essa nossa religião é de salvação. Ela dá o diagnóstico da condição humana, doente, mais do que moribunda, no dizer do Apóstolo Paulo, a humanidade vem ao mundo num estado descrito como de “mortos em seus pecados e delitos” – Ef 2:5 e aponta o caminho para a vida em Cristo Jesus, o caminho para a saúde, a saúde integral quando em comunhão com Deus.</div>
<div align="justify">
Se Paulo estivesse entre nós quem sabe não expressaria nos termos que é total a degeneração humana, o quadro é de septicemia. Mas a salvação trazida pela justificação pela fé em Cristo Jesus traz essa salvação que tira o homem de estado de fraqueza, o desperta e o desprende e lhe dá a liberdade verdadeira aquela de que se diz “se o filho vos libertar verdadeiramente sereis livres” – Jo 8:36. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou... Gl 5:1a. </div>
<div align="justify">
Mas diz ainda Paulo para os gálatas “Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão” Gl 5:1b.</div>
<div align="justify">
Palavra boa da Reforma. Consagração, santificação tem a ver com a manutenção de nossa saúde, da nossa salvação.</div>
<div align="justify">
A Reforma veio representar uma nova perspectiva: saúde conservada, vida consagrada, com liberdade que rompe com o pecado, a raiz de todo mal: cobiça, luxúria, egoísmo, avareza, formalismo, legalismo, mas principalmente, com a ignorância, superstição, obscurantismo isso realizado em nível pessoal, intimo, individual. É importante marcar que a Reforma partiu da experiência individual de Martinho Lutero e de outros contemporâneos ou sucessores dele e mesmo de seus antecessores, todos testemunhando a experiência real do que Deus fez em suas vidas. A Reforma não é movimento que ficou na teoria, no academicismo, nas fórmulas pré-elaboradas que servem antes de comunicar, às disputas teológicas, e às divisões que levam a Reforma á redutos de sectarismo e exclusivismo, de linguagem castiça. A Reforma foi movida por Cristo, enquanto quem comanda o “Espírito que dá vida”! </div>
<div align="justify">
A Reforma também foi um movimento que do individuo contaminou a sociedade. É importante lembrar o êxito da pregação de Lutero. Aceita pelos príncipes alemães dos principados do leste e do norte da Alemanha e seus aliados. Disseminada nas terras dominadas pelo imperador espanhol a serviço de Roma, e nas outras habitadas por povos amantes da democracia e da liberdade. Isso fez surgir enorme força política em confronto direto com o domínio papal, domínio político conservador, que transcendeu em muito à mera refrega entre igrejas. E a ameaça e o ataque, e por fim a vitória, frente a esse domínio não representaram apenas outra vertente política e religiosa, mas uma nova área de influência cultural. O mundo viu nascer poderosa força “antibiótica” que em sua esteira viu surgiu pontos de pregação em casas de famílias, casas de oração e louvor, novos templos e velhos templos reformados, adaptados aos novos tempos, trazendo em seu entorno seminários, bibliotecas, escolas e universidades. Tudo isso visando trazer a cura de Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo que nos salvou quando nos libertou do domínio do pecado, nos regenerou e vivificou, através da nossa união com Cristo na sua morte e ressurreição (Rm 6:3-11)</div>
<div align="justify">
Não podemos, devido à escassez do tempo, abordar tudo o que a Reforma gerou em termos de reforma social. Nesse campo mereceria até que discutíssemos o assunto mais profendamente. Somente deixo a afirmação para que vocês reflitam. Após a Reforma o avanço da ciência, uma realidade desde o humanismo, incrementou-se, aumentou de modo desmedido. As demandas sociais, as reivindicações do povo livre, no sentido de ser representado, de conquistar seus direitos, algo que começou ainda na igreja de Roma, com o conciliarismo, dois ou três séculos antes, tomou forma na igreja, ganhou a rua e secularizou. E depois veio até a emancipação da mulher. Vieram também coisas ruins, que trouxeram etiqueta de “modernismos”, mas passiveis de ser debeladas com o nosso “antibiótico”. Não há nada a temer, não há que possa com o “benzetacil” da Reforma.</div>
<div align="justify">
Podemos arrematar o assunto assim tocado bem de leve, dizendo que sem a Reforma Luterana, com a ascensão dos povos, alemão, francês, suíço, dos nórdicos, sobre o antigo império romano talvez se levaria muito mais tempo para se ter o Iluminismo, a Revolução Francesa, os partidos políticos de direita e de esquerda, liberais e conservadores, reforma agrária, democracia, socialismo, capitalismo e o mundo hoje ainda seria bem mais difícil de se viver. Talvez ainda hoje a novidade do Evangelho ainda se restringiria aos mosteiros e as sociedades de amigos da vida comum.<br />
<br />
Conclusão</div>
<div align="justify">
Certo é que uma coisa foi encadeando outra. Como se disse, a Reforma começou na Alemanha se espalhou por toda a Europa, alcançou a Inglaterra, Escócia e do que hoje é o Reino Unido veio para os EUA e acabou por aportar-se no Brasil por força do Movimento Missionário que trouxe da América do Norte o Rev Ashbel Green Simonton, e em sua mala o projeto de implantação de uma igreja presbiteriana no Brasil.</div>
<div align="justify">
Então podemos dizer que foi em meio de turbulências que surge esse Movimento Missionário que visou levar a experiência da Reforma, a experiência da salvação aos povos mantidos na escravidão da “idolatria” e do “paganismo”. Foi assim que a Reforma chegou até nós. Como uma Reforma viva e vibrante. Uma Reforma renovadora, que traz cura. A reforma antibiótica.</div>
<div align="justify">
Tanto é assim que esta igreja local existe por causa da Reforma. Por causa da Reforma, tanto no sentido de que é fruto desse encadeamento de eventos, desse mover de Deus na história, dessa atuação do Espirito de Deus, quanto tem por fim “ensinar os fiéis a guardar a doutrina e prática das Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, na sua pureza e integridade, bem como promover a aplicação dos princípios de fraternidade cristã e o crescimento de seus membros na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”.</div>
<div align="justify">
Reparem bem que estou citando aqui o art. 2º da CI/IPB e se vocês percebem essa expressão está entre aspas. O que isso significa? Que é uma citação de uma histórica declaração de objetivo adotado pelos missionários que aqui aportaram. De onde isso vem? Vem de muito longe, no espaço e no tempo. Mas esse é o objetivo da Reforma. Não fosse esse evento, talvez não estivéssemos reunidos aqui para cumprir o objetivo da nossa igreja, ou seja, Art.2º da CI/IPB:</div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
“A Igreja Presbiteriana do Brasil tem por fim prestar culto a Deus, em espírito e verdade, pregar o Evangelho, batizar os conversos, seus filhos e menores sob sua guarda e “ensinar os fiéis a guardar a doutrina e prática das Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, na sua pureza e integridade, bem como promover a aplicação dos princípios de fraternidade cristã e o crescimento de seus membros na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”.</div>
</blockquote>
<div align="justify">
Os cinco sola, os seis pilares, que abordaremos aqui tem a ver com esse objetivo. É a partir do conhecimento da Reforma da explicitação dos seus princípios que se começa a “guarda e a prática” das Escrituras, “na sua pureza e integridade”, que se constrói a base para a “fraternidade cristã e o crescimento... na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso representa vida!</div>
<div align="justify">
E a você que entrou aqui na expectativa de ouvir uma boa palavra é essa que deixo e que tem feito toda a diferença em minha vida:</div>
<div align="justify">
</div>
<blockquote class="tr_bq">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbN3mR6oM7_zWBQ7z3jEz-l5GAn_2F9KHTRuuaT_pS2Aq-lhRAzssCyUGJnLLcBq_D55UVPMYvfME1A0fZK7sv0Viy9qJtTK-S11fhwo01W8BQZBlBjfPsqXVHyctxT5-UpR0946P7CnQ/s1600/imagesCAE6P71B.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbN3mR6oM7_zWBQ7z3jEz-l5GAn_2F9KHTRuuaT_pS2Aq-lhRAzssCyUGJnLLcBq_D55UVPMYvfME1A0fZK7sv0Viy9qJtTK-S11fhwo01W8BQZBlBjfPsqXVHyctxT5-UpR0946P7CnQ/s1600/imagesCAE6P71B.jpg" /></a>- “Justificados pois mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” – Rm 5:1;</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
- “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.</blockquote>
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<br />
Reflita nessas palavras e examine a sua própria condição de vida e tenha um proveito dessa penicilina dos povos!</div>
<div style="text-align: right;">
<br />
Brasília, 30 de outubro de 2011</div>
<div style="text-align: right;">
Palestra dada na Terceira Igreja Presbiteriana de Ceilândia.</div>
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Anamim Lopes da Silva.</div>
<blockquote>
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</blockquote>
<blockquote>
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</div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-18516549053564289702011-03-17T12:18:00.001-07:002011-03-17T12:20:02.440-07:00CONTINUAÇÃO DO TENTANDO ESPANAR O ESPANADOR DO MOVIMENTO NEO-CALVINISTA13. O que há de novo em “relacionamentos complementares (e não igualitários) entre homens e mulheres”? Isso é o velho e manjado machismo redivivo? É a velha, vetusta, reação ao avanço reformado na direção da possibilidade de ordenação feminina ao sagrado ministério de mulheres santas, vocacionadas, adornadas com dons, por Deus, e decididamente evangélicas ou ortodoxas, isto é, reformadas? Ou não? Não igualitário? Não sendo igualitário, e você afirma que os driscollianos, ops, neo-calvinistas, dessa sua linha, não são, o que são? Hierarquizados? Escalares? Se for assim só o homem pode estar por cima? Se quem está por cima é o homem, como pode o homem ser complementar à mulher, tanto quanto a mulher é complementar ao homem? Complementar não se coaduna com não-igualitário. Não igualitário coaduna-se com a submissão da mulher. Então o que são estes relacionamentos complementares homem-mulher que não podem ser complementares mulher-homem? Estou te interpretando mal? <br /><br />14. Ainda no quesito relacionamento homem e mulher, acho que o chamado “velho” está melhor do que o “novo”. Por que o “velho” permite que mulher suba ao púlpito, (e qual o problema da mulher subir ao púlpito, falar de cátedra, é o púlpito é reservado ao ministério pastoral? E esse troço de ministério pastoral é algum tipo de sacerdócio eterno da nova aliança privativo do levita/homem? E qual a diferença de ler um livro de qualquer autora e de ouvi-la pregar?) ainda que não ordenada, faça leitura bíblica, pregue, ore... E o “novo” (Driscoll, Piper et caterva) está dizendo que a mulher não deve fazê-lo, pelo menos do alto do púlpito – se bem que o Driscoll diz que a mulher deve se calar mesmo, nem pregar, nem ensinar... A Igreja, segundo os novos, deve perseguir o padrão de algo próximo do silêncio feminino absoluto, o que a Bíblia sequer prescreve por que no contexto se diz que “toda a mulher... ora ou profetiza”. Numa boa exegese, “qualquer” mulher “ora e profetiza”, como qualquer homem “ora e profetiza”, apenas que se ela “com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça”. (I Co 11:5-7). Versiculo isolado? Ora, até a Biblia de Estudo de Genebra chama atenção que a Bíblia/NT não ensina o silêncio absoluto de mulheres na Igreja.<br /><br />15. O “novo” está passando por cima de tudo. Vem como trator-patrola. Nem é o caso de dizer que o “novo” esteja passando por cima da Palavra de Deus, o que como “velhos” achamos tolerável, nos iguala, aos “neos”, é que não satisfeitos de passar por cima da Palavra, estão passando por cima das sacrossantas e infaliveis notas exegéticas e homiléticas da Bíblia de Estudo de Genebra! Isso é o fim da picada! Ai, não, isso é imperdoável. Buzina esses “neos”. Brincadeiras á parte, certo é, no caso, parece, que o “velho” tem aceitado melhor a Palavra de Deus, e tem trabalhado melhor essa questão da Tradição? Então para que o novo? O “vinho velho” como todo bom vinho está melhor do que o vinho novo, que, aliás, de novo não tem nada... é a velha morrinha, a velha cisma, a velha fissuração, o velho machismo? O que existe de novo é novo fruto da vide, de novo, ou é uma nova expressão da velha fermentação?<br /><br />16. Pateticamente pergunto por que enfim essa questão? Por que sempre revolver esse assunto. Pauta-se isso como ponto para uma “nova reforma”. De certa forma banalizam-se os velhos cinco pontos do calvinismo. Não são mais cinco, agora são novos nove – para coincidir com os nove dons de I Corintios? - pontos do calvinismo: os cinco antigos, renovados, e os quatro novos, dentre os quais “relacionamentos homem e mulher complementares porém não igualitários”. Por que defraudar essa bandeira do chauvinismo? Alguém poderá perguntar. Nada de neo-calvinismo, nesse ponto, se você não me corrigir, pelos seus simples dizeres, isso para mim, certo ou errado, nem vem ao caso agora, é neo-chauvinismo! Você não percebe? <br /><br />17. Por que os novos não trazem, por exemplo, a discussão ainda irresolvida do conflito entre a ciência moderna e a fé fundamentalista ex viz à subsistência do “criacionismo bíblico”, adventista, de terra jovem, dos seis dias literais e outras babozeiras adventicias? Essa, e outras babozeiras adventicias, driscollianas, dos calvinistas de bermudas, não envolveria questões mais relevantes para você quando era um universítário? Puxa, há muita abrobrinha para ser discutida ainda como bons e velhos reformados! Qual dos assuntos você acha mais interessante para você levar hoje com a Kamyla? – Kamyla, você vai ficar calada, tá, enqunato eu falo, vai ser assim está na Palavra I Tm 2:12...” Você acha que ela não preferiria discutir a idade da terra, o modo como Deus efetuou a Criação, ao invés do convencimento de que ela é inferior a você e por isso ela precisa complementá-lo no Ministério e que não deve ter Ministério próprio no Reino de Deus para você complementar?<br /><br />18. Ousadia e cuidado, não vamos radicalizar. Mas, que questão não resolvida ainda se embute nesse caso, com exceção da que os machistas de plantão insistentemente recorrem, e insistem em rebaixar a condição da mulher na Igreja, em plenos dias de governo de nossa Presidenta Dilma? Essa é mensagem relevante para o Brasil nos dias hoje? Está resolvido, biblicamente e teologicamente: os sexos são complementares por que homens e mulheres diante de Deus tem o mesmo valor, posição espiritual idêntica em Cristo. Acabou. The End. E a IPB, e outras igrejas “neo-reformadas”, não ordena mulheres ainda por que estas por enquanto não são necessárias ao ministério ordenado, ou especializado, apesar indispensáveis na igreja como professoras de escola dominical, promotoras de eventos sociais, obras evangelicias inspirativas e edificacionais, etc. Não são necessárias ao ministério especializado pois tem mais pastores do que crentes (leigos = somente crentes) em muitos lugares do País. A IPB e outras igrejas “neo-reformadas” estão minguadas, pifadas, mal das pernas e não dão conta de dar trabalho sequer para os seus vocacionados masculinos. E Deus sabe muito bem disso, e por isso talvez ainda não disparou vocações femininas para a pregação, administração dos sacramentos e para o exercicio da disciplina eclesiática! Quem sabe não é isso? E por isso, quem sabe, por não outra coisa, a ordenação feminina ainda não é problema na IPB, pois sequer é necessidade! Quando for necessário um presbitério ordena a pedido de uma igreja local, embasando o pedido na Bíblia, única regra de fé e prática, a maior e incontestável autoridade em matéria de fé e vida. Cabe recurso até ao SC? E dai? Se desordena? E como que fica os “dons e vocações são irrevogáveis”? O presbitério não aceita, e as pessoas saem da IPB, deixando para elas seus bens patrimoniais que revestem em renda para o sustento da estrutura encastelada. Pronto. Prejuizo para o povo da IPB. Neo-calvinismo é isso? Neo-reformados? É divisão?<br /><br />19. Pode ser que a sobredita “ordenação” feminina não sai por que, além da falta de vocação das mulheres, nós os homens da igreja não a desejamos. Não suportamos nos nivelar ao sexo frágil, incompleto. Talvez nesse quesito eu seja exceção. A presença das mulheres em nossos concílios, assegurando-lhes voz e voto, outorgar-se-lhes-iam um sabor de responsabilidade maternal e afetuosa muito próximo do que Paulo, talvez tendo visto isso na Priscila do Aquila, se referira aos “ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade”, que levasse com mais facilidade a “suportai-vos uns aos outros” e ao “perdoai-vos mutuamente,..” – Col. 3:12-13. Penso que a minha mãe esposa do meu pai pastor, se preparada, poderia ter sido melhor pastor do que ele (até ele há de concordar comigo) e a minha esposa poderia ser melhor presbitera do que eu presbítero (e ai penso que, em sua modéstia, ela não concordaria comigo). Penso que exigiria por parte de nós homens um espírito de respeito e reverência maior à presença feminina e muitas das trapaças, peitas, explosões e até pugnas seriam evitadas em beneficio da igreja. Por outro lado, as frágeis “razões bíblicas” fundadas em assertivas paulinas limitadas culturalmente temporal e territorialmente, isoladas do contexto, não fazem mais firmes as minhas convicções até inamovíveis contrárias à ordenação feminina. <br /><br />20. Quero então dizer, que esses “relacionamentos complementares entre homens e mulheres sem igualdade” não é problema digno de algo que se chama “novo” é uma posição retrógrada, e embirrada, dos antigos, e decorre de discussão bizantina que acaba em dizer que mulher não pode ser ordenada, mas elas, infelizmente, não são, nem serão, nem vocacionadas... E a vocação delas não se necessita, nem se necessitarão, pois o rebanho de Deus nessas igrejas “neo-quadradas” não está dando nem para os pastores masculinos ora ordenados! Sequer são desejadas. Como você poder ver, isso deixou de ser chifre em cabeça de cavalo, é pele em casca de ovo... Você devia saber que isso é reacionarismo puro pois igrejas reformadas ortodoxas já permitem, não obrigam, a ordenação de mulherres: a EPC, a NACRC, que mantém relações com a IPB/LPC. Há grupo numeroso que já defendem essa possibilidade na PCA. Mantém-se “duros” as denominações retrógradas OPC, BPC e os locais-independentes, e agora reforçam-nos os “neos”. <br /><br />21. Afirmo que essas extravagâncias biblico-reformadas medram em igrejas/denominações mirradas, caquéticas, depauperadas e a prova é que esses neos precisam casar suas invencionices com o movimento de igreja emergente, sair fora das igrejas conciliares em seus segmentos superiores por que sabem que as suas ideías não suportariam as criticas conciliares. Resulta que numa igreja emergente, local, com perspectiva de mega-igreja, há um contigente numérico expressivo consequente da cata de membros, “abacaxis de igreja”, que acodem a esses movimentos de ”suv”, vans, ônibus, trens, metrô, dentro de um raio de áreas urbanas metropolitanas de 100 ou até 150 km... Não são igrejas de comunidade, São igrejas que somam individuos mais “irmãos” abstratos do que concretos “amigos”. <br /><br />22. Outro ponto, marca dos “neos”, apontado com toda pompa e circunstância, é o “ministério cheio do Espirito Santo”. O que é isso? Quer dizer que essa não era marca dos reformados ou calvinistas das antigas? E eu que pensava que ser cheio do Espirito Santo era ordem para todo crente, “enchei-vos do Espirito”, agora, para os “neos” virou qualificação para o santo ministério? È ministério ou é sacerdócio especial e perpétuo da nova aliança? São só os católicos que colocam a Palavra debaixo do vetusto Magistério? E o que fazem esses “neos” com a ordem para que todos os crentes, não só os do “ministério” sejam cheios do Espírito? Se excluem as mulheres do Ministério, e até do dever de pregar o evangelho, logo essas também não precisam ser cheias do Espirito? Quer dizer, que haviam pastores, presbiteros e diáconos e membros de igrejas da velha ordem que nem eram cheios do Espirito Santo? E quanto as “demais” qualificações, não indicadores do ser cheio do Espírito? Não depende do ser cheio do Espirito para ser “irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, ... moderado, inimigo de contendas, não ganancioso; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); ... [ter] bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo”. Para tudo isso não depende de ser cheio do Espirito? “Da mesma forma os diáconos” para serem “sérios, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância”, para “guardar o mistério da fé numa consciência pura”; para que se “sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem irrepreensíveis”, não depende da ação, direção e domínio do Espirito Santo? “Da mesma sorte as mulheres”, que nunca são listadas pelos “neos” para que “sejam sérias, não maldizentes, temperantes, e fiéis em tudo”, não devem ser dirigidas e controlados pelo Espirito? É possível ter todas estas essas qualificações de I Tm 3 e ainda não ser cheio do Espirito Santo e ai então eu retorno à pergunta: o que é então ser cheio do Espirito Santo como requisito para o Ministério? <br /><br />23. Trata-se do mesmo julgamento recorrente de quem é contemporanista contra o cessacionista. Novo quanto o montanismo, o movimento da Rua Azuza... O que caracteriza ser cheio do Espírito Santo para o contemporanista é o falar em linguas, se se crê que isso não existe mais, cessou, ser cheio do Espírito Santo, para mim, não é falar linguas. Se crê não seja somente isso e sim isso acompanhado de outras coisas o que é mais importante? Para o comtemponista é possivel ser cheio do Espírito Santo sem falar em linguas? Se é possivel ou é impossivel, meu Deus dos Céus, o que há de novo nessa discussão? É claro que muitos destes neo-calvinistas não têm nada de “neo” são mesmo calvinistas neo-pentecostais, para quem ser cheio do Espírto Santo, é, dentre outras coisas de somenos importãncia, falar em linguas e receber o revestimento para sair por ai realizando milagres, disparando profecias premonitoras, tornando mais efetiva a pregação do Santo Evangelho. Com mais unção. Unns são.Outros não são: são sem unção... Tudo bem! No final, como disse no inicio acabam se contentanto com as práticas liturgicas inovadoras, renovadas... Então diz logo, ser “neo” é certo aberto a práticas liturgicas inovadoras. Qual o problema de ser calvinista neo-pentecostal ou mesmo calvinista pentecostal? Para mim não tem nada demais, agora... traga-nos mais unção. Mas sem chamar neo-pentecostal de neo-calvinista. Seria chamar o Louis Franciscon de neo-calvinista ou dizer que o neo-calvinismo tem tanto de novo quanto a Congregação Cristã no Brasil! <br /><br />24. Tem alguma coisa de novo em “prática missional”? Dizer que “a formatação de nossa vida e de nossas igrejas com o objetivo de levar Cristo a ser adorado por muitos, nos leva a rompermos com certos tradicionalismos” remonta a divisão da igreja em nova luz, velha luz; velha escola, nova escola... Isso levou ao modernismo teológico e pode nos levar de volta ao calvinismo. Que jóia! Tem mais de 100 anos de idade, no mínimo. Por outro lado, essa prática missional não tem sido muito coerente, os “neos” fizeram correr do RTS o nosso amado Editor-Geral da Bíblia de Estudos de Genebra, Rev Bruce Waltke, que disse: “Se os dados são predominantemente a favor da evolução, negar essa realidade fará de nós uma seita (a cult)… uma espécie de grupo isolado (odd group) que realmente não interage com o mundo. E isso é assim, não estamos utilizando nossos dons e nem estamos confiando na Providência de Deus que nos trouxe até este ponto de nossa compreensão“. Esse é “velho” mesmo, tem 79 anos, a maior parte deles como notório estudioso evangélico do Antigo Testamento e falando sobre “academia, fé e evolução” não somente endossou a evolução, mas disse que “o cristianismo evangélico estava enfrentando uma crise para não acabar aceitando a ciência”. É assim aferrando-se à idéia da criação do universo em seis dias literais com a idade de 10 mil anos, ou menos, e considerando hereges os evolucionistas teistas que estamos servindo a Deus, e ao mundo, nessa geração? Acho que nós estamos pagando o mico nessa geração! Pagamos um mico menor, desnecessário, para outros irmãos teístas, porque aos ateístas o pagamos maior por crermos em Deus. Se é para pagar micos, calvinistas da nova geração, paguemos os necessários.<br /><br />25. Ir contra questionar “ritmos mundanos”, contra chamar “pentecostais de apóstatas” de “hereges os arminianos”, não é atitude nova entre os calvinistas e reformados de boa cepa. Isso é atitude de piedade e caridade cristã, neo-testamentária, e que qualificou os presbiterianos das antigas. Nada contra. Mas, questiono, até que ponto isso é motivo de cavalo de batalha? Qual o problema de adotarmos os “ritmos mundanos” em nossa casa, ouvindo no rádio, curtindo um DVD, se isso não atrapalha a nossa edificação, e achá-las não apropriados para o culto divino? Qual o problema em apontarmos falhas flagrantes em termos bíblicos, teológicos, doutrinários, éticos e até morais dos pentecostais que sempre nos apontaram como quem não tem o Espírito, não crêem na ação providencial de Deus, na sua direção pessoal de nossas vidas? Chama-nos de ateus práticos, liberais camuflados, arrogantes e soberbos de quem o Espirito Santo passou longe e nós não podemos dizer que são apóstatas da Reforma? Que são simonistas? Que são materialistas com a sua teologia da prosperidade? Que são prognosticadores e feiticeiros com as suas profetadas? Que são místicos, extáticos e patologicamente desequilibrados com suas algaravias glossolálicas? Não são mesmo heterodoxos os arminianos? Por que não termos liberdade para essa critica no nosso reduto, já logicamente ele jamais nos darão essa liberdade no reduto deles? Mas parece que os “neos” estão sendo contra até termos nosso reduto próprio? <br /><br />26. Você está certo quando por vezes se sente desconfortável, sendo reformado, no reduto reformado puro, sem mesclas. Sai do reduto neo-pentecostal. O reduto neo-pentecostal saiu de mim. Estava cansado de glossolalia, profetada, exclusivismo, desordem nos cultos, desordem na vida familiar, vida cristã descompromissada quando vivida fora das quatro paredes, julgamentos de que “nós” somos “neos”, eles são “velhos”... Enojado dessa postura cainita de condenar alguém como menos espiritual, que mantém ministério apenas ‘ordinário’, sem ‘visão sobrenatural’, ‘sem unção’, ‘sem poder’, sem ‘enchimento ou plenitude do Espirito’ e ‘sem milagres’, ‘sem amor’ e ‘sem piedade’... Cansei disso tudo. Estou também meio cansado de presbiterianismo, confesso, se pego abuso, bie, bie... Mas voltar a ser ‘pentecoste’, só se for por capricho divino. Como sei que Deus não é dado a caprichos, acho que se abuso do presbiterianismo, devo ir para uma outra igreja tradicional, metodista, episcopal, luterana e nem descarto a idéia de, de alguma forma, transpor as águas do Rio Tibre. Mas essa é minha experiência e perspectiva. Por isso, posso entender que você ficaria melhor num reduto reformado menos reformado, e mais carismático. Gosto para tudo. Isso por que você deixou o reduto neo-pentecostal, mas o reduto neo-pentecostal ainda é muito latente em você. Eu não, só eu e Deus sabemos o que passei por lá. Dolentia nunca mais. <br /><br />27. Igual a você sei de muitas pessoas preciosas que se chocam com um presbiterianismo, ou cristão-reformismo, muito estrito. O que devo lhe dizer é que este fenômeno é novo, esse negócio de fechar 100% com os padrões de Westminster, pegar um ponto da CFW e sair brandindo “você é desonesto, descumpridor dos seus votos de ordenação”. Em algum momento, a IPB deixou de lado uma linha muito equilibrada adotada extra-oficialmente, expressa pelo Rev Antonio Almeida, que escreveu no final dos anos 1950, e reeditado pela CEP até pelos idos de 1979. obra que tive contato quando era seminarista em agosto de 1985. Trata-se do Curso de Doutrina Bíblica, sub-entitulado “Segundo a orientação dos catecismos e da Confissão de Fé da Assembléia de Westminster”, que estabelecia, verbis: “A Igreja Presbiteriana adotou e todos os seus oficiais aceitam a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve, formulados pela Assembléia de Westminster, ‘como fiel exposição da doutrina ensinada nas Santas Escrituras’. Esta aceitação não significa que sejamos obrigados a crer e sustentar todas as cláusulas contidas nesses símbolos doutrinários, pois eles mesmos ensinam que a única autoridade para resolver nossas dúvidas e controvérsias em matéria de religião é a Bíblia. Temos, pois, a liberdade de divergir deles em uma ou outra expressão que não represente ponto fundamental de doutrina, por julgarmos, talvez, mais acertado outro modo de interpretar qualquer texto das Escrituras. E, com essa liberdade, nos os presbiterianos de toda parte do mundo, nos sentimos muito bem em possuirmos um dos mais admiráveis resumos do pensamento bíblico que já foi dado aos homens condensar em tão pequenos opúsculos. ALMEIDA A. - Curso de Doutrina Bíblica - Segundo a orientação dos catecismos e da Confissão de Fé da Assembléia de Westminster”, pag. 8. Edição da Casa Editora Presbiteriana – São Paulo – 1979. O que parece, seria o Rev Almeida um neo-calvinista? <br /><br />28. No mais eu concordo com você, no mais o que? Nem sei... Mas, é fato, “na verdade, não há nada de novo com os novos reformados”. Sequer são novos, tem alguns neopentecostais, outros neo-calvinistas, outros neo-machistas, uns neo-quadrados, tudo boa gente... “Eles estão apenas tentando fazer como Davi, que serviu ao Senhor e à sua própria geração. Somos como Paulo, que buscava formas de tornar o reino de Deus conhecido dos gregos e dos judeus, além de enfrentar as heresias e buscar a unidade de igrejas divididas em partidos. A única diferença é que buscamos fazer isso dentro do século XXI”. Então tá, se eu conseguir me erguer “que o Senhor nos ajude a alcançarmos este objetivo”... O meu objetivo agora é andar primeiro segundo o coração de Deus e depois servir á minha geração... Agora, ser listado e criticado por vezes não ajuda muito... Agora, now again, digo isso, mas eu nem sei se para você eu sou velho, ou sou neo? Nem sei se depois de tanto vampirizar esse Driscoll você continuará neo. Você tem criticas a fazer dos velhos? Tudo bem. Mas como é que fica essa questão de devermos “buscar a unidade de igrejas divididas em partidos”? Os “neos” não formam um partido?<br /><br />29. Como o escritor aos Hebreus ainda tinha muito a dizer, mas isso foi o que no momento me é permitido fazer assim resumidamente. <br /><br /><br />Anamim Lopes da SilvaAnamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-70464201649108954102011-03-17T11:47:00.000-07:002011-03-17T12:34:37.323-07:00TENTANDO ESPANAR O ESPANADOR DO MOVIMENTO NEO-NEO-CALVINISMOCaro Helder Nozima,<br /><br />Seu artigo, em http://5calvinistas.blogspot.com/2011/03/novos-reformados-servos-da-nossa.html#comment-form, é repleto de dados precisos, remissões a pessoas diferentes e a idéias interessantes. Tem pontos edificantes. Diria até, sem fazer favor nenhum, é, em grande medida, edificante. Apreciei-o. Mas há nele algumas coisas que me sugere, se me permite, alguns apontamentos.<br /><br />1. É perigoso você fazer corte. Inevitável alguém se sentir alcançado por uma linha imaginária a dividir meio que antipaticamente “novos” de “velhos”. Qualquer pessoa pode se sentir atingida. Atingido é o termo, e não ofendido, por que sei que você não foi movido com essa intenção. Sei que você reage às atitudes inamistosas por parte de quem não concorda com você. Por vezes me sinto e sou tentando agir assim com algo que pode parecer retaliação. Mas fazer o que e como? Virar uma metralhadora giratória? Fato é que chamar-se, a um grupo de que faz parte ou de um projeto de reduto, de “novo” é indicar que existam “velhos”. Algo que imediatamente percebo que conspira até contra o seu objetivo expresso, combater as divisões existentes em nossos meios. Mesmo assim você se distingue como novo e destaca os “velhos”?<br /><br />2. Provavelmente certo que você desejou, com êxito, reagir e cindir (cortar e costurar) pretextos, intenções, resoluções, atitudes equivocadas, desconexas, atabalhoadas. Nada contra, apenas pondero, que resolvido fazer assim, intencionalmente, há que se ter consciência que isso exige medida certa de ousadia, inevitável; e de cuidado, indispensável, o que é algo que nem sempre acertamos na dose. Qual deve ser a dose certa de ousadia e cuidado para que a reação não vire reacionarismo e a cisão não nos leve às posturas cismáticas? <br /><br />3. Você acerta em cheio quando lembra em texto áureo do Rei Davi, tipo de Cristo, paradigma de cristão, tomado desde sempre pela Igreja. Poderíamos lembrar também de Noé, Daniel, Neemias... e da Rainha Ester (porque não?) que marcaram as suas respectivas gerações “Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?” Ester 4:14. A situação está feia, mas há socorro e livramento para a nossa causa comum da Reforma, que outra causa não é senão a Evangélica, a Protestante, a verdadeiramente Católica, a causa de Cristo. Nem por isso devemos nos calar. Mas ao falar, a gente deve tomar cuidado para não arruinar de vez. A posição de rainha exige essa responsabilidade por que com nossa boca a gente se posiciona a favor ou contra o socorro e o livramento que vem do Senhor. Mas, voltemos ao Rei. A nossa platéia não gosta muito de que falemos de rainhas, profetizas, pastoras... Devolvamos o papel paradigmático a um de nossa classe, dos varões, valorosos, viris, a quem cabe privativamente subir ao púlpito para apregoar todos os desígnios de Deus. Tal como “serviu à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus”, devemos também servir-Lo. E é isso o que você sugere. É isso, veja que coisa, que tem sido o desafio e a frustração desde “líder” cristão familiar e eclesiástico, fracassado, velho de guerra, que se sente a própria bananeira que já deu cacho, um só, aliás, e este de não tão boa qualidade... Misericórdia? Nisso que se nos dá, para nossa “radiolinha”, termos certos sentimentos aguçados. A gente sente-se, por vezes “listado”, de uma maneira ou de outra, como “velho”, defensor de idéias e clichês velhos, bolorentos, e por que antigos e ultrapassados, por vezes até caricaturados.... <br /><br />4. A obra da Reforma foi um grande sucesso. O Reformador Calvino foi exemplo extra-bíblico, um dentre muitos, de quem marcou indelevelmente sua geração. Seu legado chega até hoje de tal maneira que todo e qualquer movimento, sistema, denominação, comunidade que não esteja enraizado no catolicismo romano, portanto, não-reformado, em no luteranismo ou não seja estritamente anabatista, tem suas raízes históricas, teológica, doutrinária e sociológica no calvinismo. A primeiras propostas de neo-calvinismo foram propostas ainda em Genebra por Serveto, Castejon e outros e tiveram que ser combatidas pelo próprio devido algumas, digamos, corruptelas, para ficar barato. A mais intensa foi a proposta de neo-calvinismo de Arminio e depois tivemos de Moise Amirault... Todas posteriormente classificadas como “infiéis”. A mais fiel talves seja a proposta do Rev Abraham Kuipper, a qual nos referiremos posteriormente, que, infelizmente, você fez questão de descolar o seu movimento deste. Uma pena. Ah, como lamento! Mas, é fato alvissareiro o êxito triunfal tanto do calvinismo quanto dos neo-calvinismo, esse pagando justo tributo àquele. Mas, no entanto, a teologia reformada, clássica, pura, que retorna às fontes, como sistema geral, orgânico, capaz de conferir alguma identidade própria, duradoura (isso parece você me lança ao rosto, no que devo concordar – fazer o que?), fracassou flagrantemente. Razão por que precisa para sobreviver, com mínimo de vitalidade, ser mesclada com um pouco de pentecostalismo, em certo sentido neo-calvinismo que ficou velho, que foi remasterizado por novel-neo-calvinismo chamado de neo-pentecostalismo, razão por que não faz mal nenhum para ninguém, o que, aliás, não deixa de ser uma coloração diferente do ser reformado! Uma coloração mais forte e mais correta, na medida em que enfatiza “carismas”, solução indispensável para que o calvinismo se revista de nova roupagem. Então, o neo-calvinismo é mais pentecostal, menos traditional, mais contemporary; menos não-pentecostal ou menos anti-pentecostal do que o vetusto calvinismo. Será mesmo isso que você quis eu extraísse? Se for, trata-se de uma boa tese. Assina em baixo? É isso? Se você assina em baixo, fazer o que? Sigo o voto do relator... Jogo a toalha.<br /><br />5. Observo que você transita da nomenclatura “novo calvinismo” para o “novo ser-reformado” para o seu movimento. Na minha mal disfarçada, desmascarada e vil arrogância de visão canhestra, exclusivista ou reacionária, “novo reformado” não existia. Estava enganado quando achava que seria uma redundância elíptica e recorrente, com a escusa da repetição? Equivale dizer, teologicamente, seria o cúmulo do pleonasmo. Se for reformado, um dia cheguei a pensar assim, não tem essa de velho ou novo. Reformatum est per se reformanda semper est! É reformado. É original. É novo sempre! Não precisa de renovação nunca! Era o que eu pensava. Sinto abaladas as minhas convicções. Procede?<br /><br />6. É triste ter que reconhecer que ficamos “velhos reformados”. Deve ser mais triste para alguém ter nos recordar disso. Triste missão. Acho que deve doer mais nesse alguém que assim alveja os irmãos. Puxa, de repente, me sinto com pena mais de alguém do que mim mesmo, apesar de que a minha situação é essa no buraco e esse alguém está fora dele e me estende a mão forte para tirar-me dali. De repente, esse sofrer solidário desse alguém que se importa com a minha situação miserável de esclerosado, me comove. Devo fazer todo esforço para não somente sair desse buraco, mas para não permitir que o meu peso possa puxar para dentro do buraco aquele que me salvar. E olha que não digo com ironia. Pode crer. Isso é o que venho sentindo, acho que pode até ser reflexo da andropausa. Mas, é verdade, paramos no tempo mesmo. Congelamo-nos numa situação abaixo da critica. Somos como aqueles prédios embargados pela Prefeitura (ou pelo GDF, se você preferir) enquanto ainda não passávamos de estrutura de concreto armado. Abandonados pelos construtores, expostos à chuva e ao vento, mostramos sinais evidentes de degeneração, corrupção, caquexia. Não servimos mesmo para nada senão enfear a cidade, comprometer o paisagismo. Servindo-nos de reduto de vagabundos sem-teto urinadores e defecantes, lar-doce-lar de moscas, ratos e baratas, a nada se nos destinam senão para sermos implodidos e reduzidos a escombros para que sobre estes se erga o novo. Fracassamos. É duro ter que ouvir o julgamento de que preferível fosse ter-nos aberto a tornarmos os pleonasmos ambulantes, neo-reformados, à conformação com sermos mais do que paradoxos, umas irônicas e aberrantes antíteses do “movimento parado” de Reforma que de reforma não tem nada, senão umas belas fórmulas vazias, vazadas em linguagem anacrônica, velhos caquéticos, arruinados,... reformadamente falando. Uma estrutura carcomida que serve apenas para indicar que ali alicerces profundos, pilares bem edificados, uma imagem que só faz gerar aborrecimento e engendrar o comentário: “é teremos que usar uma porção maior de dinamite para reduzir a pó esse troço”. Por mais triste que seja o meu retrato devo beijar a mão do retratista, sabedor de que ele também vai me estender a mão e me ajudar a sair desse buraco. <br /><br />7. Você adentra outro campo perigoso. Entende que devemos enfrentar os “anacronismos da tradição”. Fazer a tradição submetida à Palavra. Escorar a estrutura com tijolos belos e bem recortados, apoiando-os com grossa argamassa, encobrindo suas fissuras com reboco de cimento, e adorná-la de lindos vitrais... enfim dar por concluído o lindo projeto. Nisso concordamos. Nas entrelinhas, porém, vejo que você quer introduzir ou justificar inovações litúrgicas que chocam as liturgias tradicionais. Inovações litúrgicas podem ajudar na expressão da alegria que caracteriza um viver cheio do Espirito. Não adianta você tentar negar, todo carismático acaba se contentando apenas com o ser característico apenas inovador litúrgico. Isso se dá por que não poderá afirmar e reafirmar que o falar em línguas e/ou o exercitar de outros dons de sinais indica de fato a plenitude do Espirito. A pessoa cheia do Espirito é a que lá fora testemunha no poder que o revestimento do Espirito dá e vive a missão integralmente e... aqui dentro, na igreja, louva, adora, no Espirito, com a liberdade que o Espirito dá... Entram as danças litúrgicas e até introdução do hip-hop nos cultos? Por que, afinal excluir determinada expressão cultural do culto? Por que considerar mundanos certos ritmos? Nem certos ritmos, tampouco certas expressões. O velho e o novo são bem caracterizados nas expressões “traditional” e “contemporary”. Se isso é algum material básico ou de acabamento a ser aproveitado, eia, vamos aproveitar... Mas como vejo que isso é pedra, tem ainda muito a que lapidar. <br /><br />8. Arranho o perigo de você rotular novo e velho; “traditional” e “contemporary”. E aqui você se prepara por que vêm palavras fortes. Ronca a tapera velha. Quando a gente adentra o campo, o contexto do culto divino, para questionar o que pode ser mais santo e agradável a Deus, ou por que determinada expressão externa ofertada não foi, ou não pôde ser aceita, há risco grande de termos vitima ao chão com sangue derramado; agressor do lado; e o quadro se completa com a oferta sangrenta caída defronte do altar. O conflito de irmãos gêmeos que desejam a mesma coisa de formas diferentes, trazendo que em essência podem ser muito diferentes. Os gêmeos devem vistos sem serem listados. Quando se lista o novo, contrapõe o velho, como é que você acha que este se sente? Lista o “bem”, contrapõe o “mal”... O “contrapostado” ferido fica com o semblante descaído. Você lista o “belo”, e o “feio”? Gêmeos se agridem, se deixam agredir ou um deles de inopino é agredido. Eu tenho aprendido, a propósito, nesses meus dias pós-mortem, que não devo listar... Adjetivar.... Devo tentar ser reformado, crente, evangélico, adorando a Deus, em espírito e verdade, mesmo que não consiga, por mera culpa e responsabilidade minha. Listar alguém em que isso pode me ajudar? ...E você me ajuda? De alguma maneira penso que você quer me ajudar... <br /><br />9. Nova Dolentia. O que ajuda a trazida da idéia de “novo calvinismo”, como um novo caminho, nova luz, nova sacada? Uma obra continuadora do que ficou abandonado no passado (continuing)? É até plausível, o ser novo calvinista, no sentido de ser calvinista de novo. Como no passado, seremos de novo. Era a proposta do Rev Abraham Kuipper na chamada Dolentia de 1886. No contexto tínhamos uma igreja reformada, herdeira do calvinismo que tinha deixado de ser preponderantemente calvinista na melhor acepção dos termos. Havia uma ortodoxia calvinista que não se fazia cediça a uma ortopraxia, havia o pietismo de calvinismo mitigado com elementos remonstrantes e até pré-carismáticos (revivalistas) e um liberalismo teológico que se dizia o calvinismo progressivo, do tipo “reformata semper reformanda”, corrente majoritária. Havia um clero profissional, a expressão exata da maria-vai-com-as-outras. As pessoas na igreja tinham esquecido as confissões de fé e não se atinavam para o seu valor em termos de trazer mais vida à igreja e ao seu testemunho no mundo. Essa era a idéia de tentar ser calvinista de novo, num mundo novo, enfrentando novos desafios de um novo século que se avizinha. Mas o que é seu neo-calvinismo? Seria uma nova maneira de resgatar, atualizar e cultivar o pensamento do Reformador João Calvino, a começar pelas doutrinas da graça? Uma nova maneira de renovar o interesse por Calvino nos dias de hoje? Esse movimento neo-calvinismo permanece nos dias de hoje. O seu tenta combinar o calvinismo com o neo-pentecostalismo e outras contribuições modernas da Igreja e para a Igreja. Isso é indiscutivelmente meritório e condição indispensável para trazer a Reforma em sua integralidade para os dias de hoje? Isso ajuda? Essa nova coisa, até o novo calvinismo de Kuipper, não é nova reforma, e quando mesclada de pentecostalismo, liberalismo e outros ismos... Redunda não num, mas em diversos neos-calvinismos. Diria, no entanto, que não há, acho, achava, sei lá, já não estou discordando de nada, como dizer “neo-reformado”. Nova dolentia não, né?<br /><br />10. O que traz de realmente novo esses “neo-calvinistas” de que você tem falado? Está embasado nas idéias de Mark Driscoll, que segundo soube trata-se de um novão, digamos, tiozinho sukita, de uns quarenta e poucos anos, calvinista de 4 pontos (amyraldiano), adepto da predestinação simples. Adepto da igreja emergente. Um calvinista de bermudas. Esse negócio de Bermudas me pressagia muito mal. Por algumas motivos, acho que talvez você tenha chamado equivocadamente chamado esses “driscollianos” de “neo-reformados”. Estão certo em muitas coisas. Pela minhas contas, tendo eles deduzidos 20% dos pontos calvinistas, probabilisticamente talvez estejam 80% certo. Um alto índice. Mas quanto ao fator novidade? Colocar a Escritura acima da Tradição é realmente novo? Significa ter que necessariamente ser premido a desprezar da Tradição? Você já diz que não... <br /><br />11. É novidade “reconhecer que a cultura e a sociedade do século XXI trazem os seus próprios desafios e acreditar que a Bíblia tem uma resposta para o nosso tempo”? Sim, a Bíblia tem respostas. A ciência tem respostas. Por que tenho que chocar as respostas da Ciência com pseudas-respostas “cientificas” da Bíblia?<br /><br />12. Ser calvinista de teologia reformada sem ser calvinista de sistema de governo próprio e de visões próprias acerca de expiação, batismo, escatologia, dons etc, é algo novo, ou é algo que sempre fizeram por ai os indepedents? <br /><br />Continuo...Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-13291903796948674652009-08-04T09:27:00.000-07:002009-08-04T09:29:18.116-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2w6cZHoF4ST1-xrvJs4rQp8uE4ogiNbi8XrIqkdf_PjSDAlSTQAaeR5Nxg7_eNIhX56fpYmN_wi1FNg9utrMjhU6gNNL1DgcOswxVPRDnQdS73a1QPj0JSlYG1RIeDRkp6fpFVloHpQA/s1600-h/enclume.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 316px; FLOAT: left; HEIGHT: 350px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5366146504427379986" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2w6cZHoF4ST1-xrvJs4rQp8uE4ogiNbi8XrIqkdf_PjSDAlSTQAaeR5Nxg7_eNIhX56fpYmN_wi1FNg9utrMjhU6gNNL1DgcOswxVPRDnQdS73a1QPj0JSlYG1RIeDRkp6fpFVloHpQA/s400/enclume.jpg" /></a><br /><div align="justify">Introdução<br />O livro de Juízes tem sua atualidade face à correspondência entre os tempos de transição pelos quais ciclicamente se passam, inclusive na atualidade, e os tempos vividos em Israel quando este não passava de tribos ou clãs obscuras e esparsas de adoradores de um tal “Javé”. A transição para a liberdade com o fim de todo o totalitarismo, eis o nosso caminho. “Se o Filho vos libertardes, sereis verdadeiramente livres”. Ressalvadas as diferenças, eis também o caminho trilhado antes pelas nossas primordiais Tribos de Javé, filhos das quais somos, modernos pertencentes.<br />Como herdeiros da promessa divina, nosso povo saúda a esperança do novo e da renovação. Entusiasma-se com o advento de “juízes” do porte de Getúlio Vargas. Este rompe com a oligarquia de uma velha ordem republicana viciada. Promove a descentralização dó poder colocando-o às mãos de interventores oriundos das classes populares e integrantes, em grande número, do Poder Judiciário. A salvação nacional desabrocha em todo o território nacional, embala sonhos dos jovens tenentes... Para depois descambar em ditadura. Quem era “juiz” passa assumir o papel de réu liberticida.<br />A propósito disso, há figura que marca presença lá e cá, então e agora: a “pedra no meio do caminho” de que falava o poeta, o Abimeleque (“Rei é Deus”) de plantão. <a style="mso-footnote-id: ftn1" title="" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=8909340816813488422#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a>Veja a figura representativa do poder constituído bruto existente não para servir ao povo, mas para oprimí-lo, minando-lhe a fé, desafiando os seus valores. Com ele toda a horda de moabitas, midianitas, amonitas, edomitas, filisteus... E se tantos inimigos de fora já não bastassem, há os inimigos “de sua própria casa”. No dizer de Storniolo “para que serve o poder se apenas os inúteis o cobiçam?”... O poder só se justifica para quem o exerce “de tal maneira que pouco a pouco ele se torne desnecessário e desapareça”. Poder maior e melhor é o de nos encomendar às mãos do Todo-Poderoso e deixar que tão somente Ele aja em nosso favor.<br />O livro de Juízes nos conta as estórias de Gedeão e Sansão, este figura até imortalizada por Holyhood, que nos remete às peças literárias que estão entre as mais belas de todos os tempos. Mas salta aos olhos nos dias de hoje a fé que tinham em seu Deus Javé, esses israelitas entre os poderosos cananeus, já que era pouca a revelação disponível. E hoje, “quando vier o Filho do Homem encontrará fé sobre a terra?” É o livro de Juízes a nos inspirar. Corria um tempo remoto, “não havia ainda rei em Israel...” Mas já havia a fé imorredoura dos nossos pais primordiais.<br />Titulo e Lugar no Canon<br />O livro, cujo título hebraico é “sôpetim – em referencia aos “sopet”, pessoas que foram “juízes” apenas secundariamente. Foram antes de tudo “salvadores” e “libertadores” do povo. Se bem que o verbo em hebraico quer dizer tanto “julgar” como “governar”, algo semelhante à função de magistrado do tempo anterior à tri-partição dos poderes do Estado – coisa recentíssima, aliás. Viveram depois de Moisés e depois da Conquista de Canaã por Josué, despontando a partir do desaparecimento de Calebe, o último destemido espião israelita às terras de Canaã, tendo encerrado este período com a vida e ministério de Samuel que veio encerrá-lo com a unção de Saul como rei de Israel, à semelhança dos demais povos vizinhos.<br />Trata-se de um livro histórico, posicionado na Bíblia Hebraica na segunda das três divisões: Lei, Profetas e Escritos, tratando-se, pois, do segundo livro dos Profetas Anteriores. Faz parte da História Deuteronônica que inclui o Deuteronômio, Josué, Juízes, Samuel e Reis.<br />Divide-se naturalmente em três partes: 1. Conquista incompleta de Canaã – 1:1-2:5; 2 –Israel no Período dos Juizes – 2:6-16:31 e 3- Apêndices – 17:1-21:35.<br />Composição, estrutura e data<br />Compilação de histórias independentes que contém uma introdução editorial e comentário. Essas foram justapostas pelo editor para contar o estabelecimento das tribos de Israel, Filhos de Raquel e de Lía, em Canaã, as vicissitudes dos juízes em seu projeto de redenção do povo sob domínio opressor dos inimigos da partilha, da comunhão, da piedade e da devoção ao Deus invisível, mas real, e os incidentes finais que se juntam como apêndice.<br />Na sua composição temos estágio oral, depois a colocação das tradições por escrito, editoração e, por fim, adição da introdução. Termina pelo começo. Foi completada no período inicial do cativeiro babilônico, no Século VI ou V A.C.<br />Importância<br />A. Política e Religiosa. Cundall assegura que a estrutura política da época dos juízes podia ser descrita como anfictiônica, que vem de anfictione “cada membro do conselho de representantes dos antigos estados gregos que se reuniam para deliberar assuntos de interesse geral”. No caso a anfictionia era uma assembléia de tribos unidas por um laço religioso. Se for certo isso havia muitas anfictionias. Mas, Donner contesta isso e ressalta o isolacionismo e fragmentacionismo das tribos que viviam cada uma por si carecendo até de um santuário central – e havia muitos esparsos e fragmentários. Não havia mais um só rebanho para um só pastor. De qualquer sorte, é curioso ver a fé de Javé impor-se em meio a tantas expressões religiosas de povos letrados como egipcios, assírios, gregos, persas e tantos outros, com os seus panteões, baais e astarotes e seus sistemas sacerdotais, políticos e militares.<br />B. Problemas morais levantados. As falhas são apontadas até dos juízes. Há um certo clima de iconoclastia no ar. Eles não eram perfeitos. Ninguém é perfeito. Esse é um aspecto da revelação redentiva de Deus. Perfeito é só Deus. Diante da fragilidade humana, Deus é forte!<br />C. O Valor Religioso Permanente do Livro de Juízes.<br />1. Deus é Justo. É verdade que o baixo padrão de conduta é explicado pela ausência de liderança humana “cada um fazia o que achava correto”. Mas a miséria maior consistia no fato de que o povo das tribos de Javé se afastou do Deus Santíssimo revelado por intermédio do Seu Profeta e Legislador Moisés, fato que representava uma afronta à justiça de Deus que visitaria o seu povo com julgamento sobre a vara dos midianitas e outros. “Uma nação que abandona o Senhor ou rebaixa ou compromette Seus padrões, não pode esperar prosperidade em nenhum sentido”.<br />2. Deus é soberano. Caráter soberano de Javé se demonstra tanto no sua “ira” como no seu amor demonstrado na dispensação de um poder sobrenatural para libertar o povo por meio , por exemplo de Gedeão que constitui um exercito de 32 mil que depois foi reduzido para 300 para destroçar os milhares de midianitas, liberando assim o povo do jugo. Cundall disse “talvez seja necessário lembrar o povo de Deus, em nossa própria geração conturbada, que essa soberania permanece intacta. Ele ainda está no trono”.<br />3. Deus é magnânimo e cheio de graça. O ciclo de pecado, servidão, súplica e livramento se repete até monotonamente. O crente de hoje se admira como é que pode Israel ser assim tão obstinado, até que ele próprio olhe para dentro de seu coração, e pese sua experiência. Ainda bem que há a constância de Deus em nos assistir e nos dar uma nova oportunidade de recomeço mediante a graça que ele faz soar nesse livro.<br />4. A importância da fé. Em nossa visão desses juízes talvez pouca há que nos inspire, a não ser aquela fé que coopera com ação divina sobrenatural e por o escritor de Hebreus pôde depor: “E que mais direi ainda? Certamente me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gedeão, de Baraque, de Sansão, de Jeftém... os quai,s por meio da fé, subjugaram reinos...” Heb. 11:32,33. “As pessoas que conhecem o seu Deus (e como é imensamente maior a revelação de Deus concedida a nós) e tem a fé nele pode realizar feitos poderosos (cf. Dn. 11:32)” – Cundall.<br />D. Sobre o capitulo 1 até o 2:5 – Conquista do sul de Canaã – Captura de Betel, Catálogo de territórios não ocupados e os efeitos da aliança quebrada. A metáfora da armadilha. A tensão do que é e do que haverá de ser... Tudo muito sugestivo: Introduz os protagonistas do drama: os Juízes que entrarão em cena a partir da próxima semana.<br />Um grande abraço.<br />Anamim Lopes Silva - 03/08/2009. Palestra dada no Grupo Liderança Cristã do Poder Judiciário.<br /><a style="mso-footnote-id: ftn1" title="" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=8909340816813488422#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Eis então Abimeleque, rei de Siquém, filho de Gedeão, através de uma concubina (ver Juí.8:31). Esta relação envolveu um casamento matrilinear, segundo o qual a esposa vive na casa de seus pais, e os filhos ficam pertencendo ao clã materno. Quando Gideão morreu, este homem quis tornar-se rei, primeiramente através dos chefes de seu clã, e depois por aclamação popular. Para consolidar sua autoridade, mandou matar os setenta filhos de seu pai. (Ver Juí. 9:7-11). </div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-38510502849643332592009-07-24T10:07:00.000-07:002009-07-24T10:31:53.645-07:00A QUARTA ÊNFASE DO SER REFORMADO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-ZxWDbCMEW_rhjU4w0QeNjIZkMZawZFQNoLW-XUmegIGF0PBM31ldsd25jXGwTGpOYpIBBJ5agsxir_06bNjvR0Yj1sOIqgicC42ySil-7ZmFACt2ns5HkrZ9qLMmneSTbYNb7bWYP7w/s1600-h/8CAIPUJI6CATRLLT5CASMQT2MCAG6IMRZCAZHI7Q3CAOF0PZ0CA0VNE5ECAY53GE0CA283YYHCARCEOTKCAWMT3YMCAF4M7A1CADDA0IMCA56BRLVCAN4CNAECA69XYX7CA3MN8RCCABOS9ORCA88O7MW.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 185px; FLOAT: left; HEIGHT: 149px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362080638578242098" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-ZxWDbCMEW_rhjU4w0QeNjIZkMZawZFQNoLW-XUmegIGF0PBM31ldsd25jXGwTGpOYpIBBJ5agsxir_06bNjvR0Yj1sOIqgicC42ySil-7ZmFACt2ns5HkrZ9qLMmneSTbYNb7bWYP7w/s400/8CAIPUJI6CATRLLT5CASMQT2MCAG6IMRZCAZHI7Q3CAOF0PZ0CA0VNE5ECAY53GE0CA283YYHCARCEOTKCAWMT3YMCAF4M7A1CADDA0IMCA56BRLVCAN4CNAECA69XYX7CA3MN8RCCABOS9ORCA88O7MW.jpg" /></a><br /><div>A IGREJA INTERPENETRADA PELO MUNDO.<br />TENTATIVAS DE ENSAIOS SOBRE A QUARTA ÊNFASE DO SER REFORMADO/3.<br />REFLEXÕES DIÁRIAS.<br />Tendo como pano de fundo a igreja interpenetrada pelo mundo, com a influência deletéria desde sendo sentida, inclusive nos concílios superiores da IPB, onde afloram os conchavos, alianças espúrias, em arremedo à reunião de Lula, Sarney e Collor, referi-me antes às três ênfases do ser reformado: - A doutrinalista. - A pietista. E a transformalista. O que você pode rever nos primeiros posts desse blog.</div><br /><div>Essas três ênfases foram sugeridas pela Junta de Educação Teológica da Igreja Cristã Reformada da America do Norte e tendo achado interessante as incorporei em estudo que estamos fazendo na Escola Dominical em nossa igreja. Tenho recebido muitos feedbacks positivos acerca desse estudo, pelo que fico gratificado.<br />Mas, resumindo e recapitulando, a primeira ênfase ou mentalidade é a doutrinalista. Reformado nesse sentido refere-se à forte adesão a determinadas doutrinas cristãs ensinada nas Escrituras e refletidas nos Confissões ou declarações de fé comunitárias ou universais da igreja.<br />A segunda é a pietista, que diz respeito à vida cristã e ao relacionamento pessoal com Deus. A pergunta para os pietistas é: como nós experimentamos Deus em nossa caminhada diária da fé?<br />A terceira ênfase ou mentalidade é a transformacionalista. Reformado aqui concerne ao relacionamento do cristianismo e a cultura, a uma visão de mundo e vida e de Cristo como cultura de transformação.<br />Obviamente são três ênfases ou mentalidades que se sobrepõem e se completam. Uma induz a outra. A boa doutrina leva a vida de piedade que busca transforma o meio e não ser transformado por este.<br />É uma negação do ser reformado de "uns" que numa só pessoa ou grupo junta má teologia, má e falsa piedade e numa vida derrotado absorvida pelo meio.</div><br /><div>Mas para quem contempla as três visões, não há um divisor entre elas. Representam, no entanto, três abordagens distintas, tanto históricas quanto conceituais, e fornecem a estrutura para apresentação de dezesseis palavras-chaves ou frases que sumarizam o que se chamou de sotaque reformado. Eis então:<br />A Ênfase Doutrinalista<br />1. Escritura (2 Timóteo 3:16);<br />2. Criação/queda/redenção (Colossenses 1:15-20);<br />3. Graça (Efésios 2:8-10)<br />4. Aliança (Jeremias 31:31-34)<br />5. Graça Comum (Mateus 5:43-48)<br /><br />Ênfase Pietista<br />1. Relacionamento pessoal com Jesus<br />2. o Espírito Santo (Romanos 8:1-17)<br />3. Gratidão (Colossenses 3:15-17)<br />4. A Igreja (Efésios 4:1-16)<br />5. Palavra e Sacramento (Romanos 10:14-15; Mateus 28:16-20; e 1 Coríntios 11:23-26)<br /><br />Ênfase Transformacionista<br />1. Jesus é Senhor (Filipenses 2:11)<br />2. Palavra e obras (Tiago 2:14-17)<br />3. Reino (Mateus 6:10)<br />4. O mandato cultural (Genesis 1:27-28)<br />5. Educação Cristã (Provérbios 9:10)<br />5. Vocação cristã (Efésios 4:1)<br />Dei todo o script neste blog para você se aprofundar no estudo e na reflexão com a Palavra de Deus aberta, mas não hesite em começar pela leitura destes. E a minha oração, no nome santo de Jesus, é para você que me lê para criticar; buscando quem sabe até uma menção de um nome qualquer das figuras pálidas e peçonhentas, para poder me processar e liquidar: mesmo que você não queira ou não permita, mesmo que o seu interesse seja somente o vil metal e a raiz de todo mal, o Espírito Santo possa falar em seu coração e mudar a sua vida.</div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-69312253319368437882009-07-22T06:58:00.000-07:002009-07-22T15:19:40.060-07:00LULA, COLLOR E SANEY E OS CONCÍLIOS DA IPB<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKc50Q7kciBxdnSnhN00Bz6ucmrh7bDHVvX_Up2HC1lUsESqluBD2ckZnC7VI_f0tw_gaX92yLSJlBYPFp2zNDPHWc5IP0f-hZ0EThFXPUueh7qHirzC93WFOg3a1t-XMtMMvTOk9QAZo/s1600-h/images%5B8%5D.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 172px; FLOAT: left; HEIGHT: 169px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5361285293801178770" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKc50Q7kciBxdnSnhN00Bz6ucmrh7bDHVvX_Up2HC1lUsESqluBD2ckZnC7VI_f0tw_gaX92yLSJlBYPFp2zNDPHWc5IP0f-hZ0EThFXPUueh7qHirzC93WFOg3a1t-XMtMMvTOk9QAZo/s400/images%5B8%5D.jpg" /></a><br /><div align="justify">A IGREJA INTERPENETRADA PELO MUNDO.<br />TENTATIVAS DE ENSAIOS SOBRE A QUARTA ÊNFASE DO SER REFORMADO/2.<br />REFLEXÕES DIÁRIAS.<br />Tempo estranho em que vivemos, no mundo e na igreja. Não acham? No mundo juntam-se Lula, Collor e Sarney numa aliança que todo o Brasil tem a perder. Com gente pouco se lixando para opinião pública. Na igreja “uns” celebram alianças com “aqueles”, brindados pela incompetência da má interpretação bíblica, teológica e constitucional. O Inimigo dá o presente, monta o rancho e chama toda a súcia para assentar-se à mesa e conduzir os trabalhos, como numa grande cama king size em que quase tudo se dá por debaixo dos panos. Os relapsos, coniventes, inocentes úteis, de má ou boa fé, são os padrinhos. Quem paga o biscoito é o povo crente que com seu esforço mantém o corpo... E o câncer no corpo que o corrói e o mata.<br />Lembro-me do meu pé de limão siciliano. A enforcadeira ataca por cima, pulgões as folhas, a seca inclemente suga a umidade, os cupins do monte, as raízes; a broca sem piedade corrói... E o broto ladrão oportunista inventa de sobressair, aproveitar a chance, “chegou a minha vez”. Até o “galho seco” festeja “quero seiva, a seiva... voltou a minha vez”. Até tu galho seco empedernido? E ai vem o agricultor desavisado com uma lata de óleo combustível queimado e acha o buraco da broca e mete ali o óleo queimado que é sugado pela planta no seu afã de sobreviver. Deu pra ti pobre pé de limão siciliano!<br />Seria triste o destino que poderia marcar a igreja institucional se realmente seguisse o caminho do mundo, como obrigação.<br />Esses dias eu ouvi pela Rádio CBN, uma fala do Flávio Gikovati que realmente fez sentido. Alguém lhe reportava uns desejos estranhos, digamos, "homoafetivos", que não gostava cumprir. Desejos que quando cumpridos lhe causavam terrível dor e desconforto. Ao responder-lhe o psicanalista lhe lembrou que desejo é desejo e não uma obrigação. “E se realmente algo vai lhe fazer mal, simplesmente diga não ao desejo". </div><div align="justify">Daí eu dizer que a Igreja pode até ter desejo de seguir o mundo, mas nunca pode ficar na obrigação de fazê-lo. Quando se tem obrigação de cumpri um desejo, já não é um desejo, é vício. É a submissão ao império dos desejos. Desejos das trevas. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor. Colossenses 1:13.<br />No entanto, é isso que afirmam que ocorre. Quando havia ditadura no mundo a igreja vivia numa ditadura, quando caiu a ditadura e veio a democracia, com ela toda sorte malefícios, a igreja também andou na onda dos desmandos.<br />È lógico que no tocante à IPB isso é uma infeliz má representação. O tempo do saudoso e controvertido Rev Boanerges Ribeiro não era de ditadura, pois ele foi eleito, cumpria mandatos renovados dentro da Constituição da Igreja. Mas é certo que tal como o mundo lá fora se vivia a onda de autoritarismo. Este reinava na igreja que não conseguia, tal como não consegue hoje, ser diferente. O mundo lá fora cultivava e demonstra gosto pelo autoritarismo, então sejamos brutais autoritários dentro de nossos arraiais. </div><div align="justify">Mas, se a onda hoje é reunir os inimigos pessoais e políticos do passado, acusados reciprocamente e sistematicamente de pilantragem, num saco de gatos, a igreja fica na obrigação de seguir o mesmo diapasão? Que interesses escusos pessoais podem abrigar no bojo de um mistura tão indigesta? Isso é triste.<br />Falta o que? Falta levar o Evangelho a sério em termos de conduta pessoal, limpa, coerente. Falta encarar a quarta ênfase do ser reformado. Referência ao desafio que Felipe fez a Natanael, quando dando apenas um pouco mais de explicações acerca de Jesus, tratou logo de convidá-lo a vir ver por si mesmo, o que Ele fez e faz. (Jo.1:45-46).”Vem e vê!”<br />O desafio de Felipe a Natanael não é para vim e ver shows com grupo de louvor pago a músicos profissionais. Não é para vim e ver verdadeiros milagres de impostura. Não é para vim e ver esperança de alcançar campo ministerial estável, boa condição financeira, dinheiro juntado a rodo e dando em árvores para pagar polpudas indenizações por pseudas injustiças cometidas. Não é para vim e ver auto elogios de que “quando estivemos em tal lugar fizemos isso ou aquilo” para a sua honra humana e pessoal e desprezo a companheiros ressaltando quão negligentes e incapazes são os que zelam pelo bom crescimento ordeiro para a Igreja de Deus. É para vim e ver mudança de vida que faz a Igreja simplesmente destoar do mundo.</div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-28582992047109302042009-07-21T12:04:00.000-07:002009-07-22T07:23:11.497-07:00A IGREJA INTERPENETRADA PELO MUNDO.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRuQsHiHXurA-VWefqYvdRO_2003PkPPFtrDwv20uoEnK_irWhhgghUSvw_m4iXQu18ROFGBFst0O2oD9mTGiWfPdTRuRmKOblQa8_6RXTFYApx5x4KYY9YrE6-3BGNZXmzRdozWpgLyk/s1600-h/images%5B6%5D.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 130px; FLOAT: left; HEIGHT: 98px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5361060933550497538" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRuQsHiHXurA-VWefqYvdRO_2003PkPPFtrDwv20uoEnK_irWhhgghUSvw_m4iXQu18ROFGBFst0O2oD9mTGiWfPdTRuRmKOblQa8_6RXTFYApx5x4KYY9YrE6-3BGNZXmzRdozWpgLyk/s400/images%5B6%5D.jpg" /></a><br /><div>TENTATIVAS DE ENSAIOS SOBRE A QUARTA ÊNFASE DO SER REFORMADO/1.<br /><br />REFLEXÕES DIÁRIAS.<br /><div><div><div><div><div align="justify">Visitando aqui e ali sites e perfis de orkuts de uns conhecidos, deparei com a enquete destinada aos jovens da IPB: “Por quem na IPB, em nível nacional, você é mais influenciado?” Qual não foi a minha surpresa quando vi meu nome postado por um jovem, logo abaixo do Rev Nicodemos Augustus Lopes como a segunda figura nacional que mais o influencia na IPB. E podem acreditar nisso, não foi combinado. Mas mesmo assim fico a lhe dever mais uma coca. Com isso fiquei estranhamente surpreso e contente. Ao mesmo tempo me imbuí de certa responsabilidade adicional, pelo menos em relação a uma pessoa, uma alma preciosa, lavada e remida no Sangue do Cordeiro, que afirma tem sido influenciada positivamente pelo que desde 1996, na Teonet/IPB, venho escrevendo e reflitido.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Lógico que não estou, nem um pouquinho, louco de querer me equiparar aos demais dessa lista numerosa. Dessa plêiade. Quem sou eu para me equiparar com gente do quilate de Antonio Elias, Guilhermino Cunha, Caio Fábio, Solano Portela, Ludgero Morais, Mauro Meister, o próprio Nicodemus... dentre os que mais influenciam na IPB? Não tenho a mínima pretensão de um dia me postar entre estes. Seria até completo demérito à lista. Seria de um mérito desproporcionalmente descabido, com o que ficaria senão somente constrangido, envergonhado... Para usar a “palavra mais certa”, obnubilado. Decerto que para tanto me falta acima de tudo competência e além de ‘otras cositas más’.<br /></div><div align="justify">Então, ainda que consciente, portanto, dos fatos inexoráveis que envolvem e limitam essa realidade de mero pintor de paredes, amador, mesmo assim, fico como que desafiado a prosseguir. Prosseguir para onde, Cristão de Deus? “Para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fil. 3:14). Nada de “para frente e para o alto”, mas sim meramente “siga em frente” numa caminhada diária com Deus e com os homens.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">No entanto ouso falar de uma minha firme convicção. Em virtude da falta de tempo não me tem sido possível escrever mais e disponibilizar textos que me cobram para que sirva de algum proveito, senão propósito, aos jovens (de todas as idades). Mas, meus diletos confrades na fé reformada, o pouco que escrevo, e quando o faço, com alguns textos deveras loooongos, não servirá para que com isso seja eu jogado na conta dos guias cegos guiando outros cegos, indo todos para o mesmo abismo. O que muito me gratifica.<br /></div><div align="justify">Gratifica-me, outrossim, o comentário de um ilustre católico-romano. “Não concordo com absolutamente nada que você escreve, mas deleito-me com a forma como que expressa suas idéias, como que apresenta suas querelas. É simplesmente divertida”. Tem sido divertido também para mim, em todo esse tempo. Resta saber se o continuará sendo para certas figuras pálidas e peçonhentas que pretendo fustigar.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Tenho recebido conselhos de amigos, “deixa as figuras pálidas e peçonhentas pra lá, rapaz”. Certamente o faria se acima de tudo não fosse para mim o que é, divertido. Se, outrossim, não fosse divertido para os outros. Algo que no final do dia de batalha, estressado, cansado e triste, alguém pensaria, “vou ler algo para desanuviar um pouco, que tal um texto do Anamim?” Então o ilustre transeunte navegaria pelas palavras, daria umas boas risadas, e pensaria nas figuras pálidas e peçonhentas que estão a sua volta, longe ou perto, quero dizer, às voltas das voltas que o mundo dá. Leria algo que você devesse dizer na lata, mas não pôde, e teve de engolir, que então de repente pode dizer: “sobrou pra ti, figura pálida e peçonhenta!”, com o pensamento dirigido exatamente para esse seu conhecido que é crente e segue, na igreja e fora dela, o padrão do mundo perdido.<br /></div><div align="justify">Acataria o conselho de desistir se, outrossim, não achasse que presto algum serviço, além do da pregação e ensino da Palavra, edificando o povo de Deus, alertando este para alguma presença sorrateira, enganosa, fraudulenta, pecaminosa, renitente, intransigente, recalcitrante... e por fim, negativa e deletéria.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Dizem “deixa pra lá, que, o que é ruim por isso mesmo se destrói” e “não vi ainda nada que seja flagrantemente inconstitucional prosperar no Supremo Concilio dá IPB, quanto mais no Supremo Concílio do Alto e Sublimo Trono do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Espera que um dia a matéria sobe para o julgamento definitivo. Pode esperar...” Creio nisso: no cuidado providencial pela Igreja do seu Redentor e Senhor, que pessoalmente está incumbido de “no meio dos candeeiros” prestar-lhe toda assistência que a seu tempo sempre chega.<br /></div><div align="justify">Mas o que faremos enquanto não chega a “vassourada” que breve virá? Sim por que breve virá, e não tardará o dia em que a goiabeira se sacudirá pra o molde de queda dos frutos podres e de tudo quanto for penduricalho e enrosco que se agrega à planta e não é planta.<br /></div><div align="justify">E isso precede a poda em que dará pra ti planta de erva de bicho, erva de passarinho, enforcadeira, tudo o que sois, em verdade, parasita e não planta. Dará pra ti galho seco, broto ladrão que sorve a seiva da planta com fraude e extorsão.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Depois da poda vem o cuidado do bom agricultor. Espera. Aguarda. Então dará pra ti broca - bicho desgraçado que ninguém mata senão pode matar a própria planta<br /></div><div align="justify">Dará pra ti monstro invisível e gosmento que se incrusta na raiz da planta.<br /></div><div align="justify">Aliás, tenho por ti broca ignominiosa, sentimento profundo de tristeza, de ressentimento e dano. Você se incrustou no meu pé de limão siciliano, e eu de tão desesperado, e inadvertido, enfiei óleo combustível queimado nas tuas fuças. Tu morreste, desgraçada, mas eu matei a planta. Meu lindo e querido pé de limão siciliano! O meu maior sentimento é o de que não fostes tu, broca maldita, que o mataste, mas o óleo queimado que este idiota usou. A medida extrema. Fui eu quem matei o meu pé de limão siciliano que tanta alegria me brindava com o suco de seus limões. Então agüenta a mão broca pálida e peçonhenta...<br /></div><div align="justify">Eu agora sei: o problema com a medida extrema é que enquanto as medidas brandas não funcionam, em certos casos, essas funcionam demais. Então por amor a planta a gente deixa viver a broca entesourada para aquele grande dia.<br />Outrossim, e sobretudo, penso que sempre haverá oportunidade para o esclarecimento, tomada de consciência, mudança em relação à postura se ao lado da planta, ou lado das pragas e parasitas que a afetam.<br /></div><div align="justify">Alguém pode examinar fatos bíblicos e pessoais e transcendentais e de repente, “oh, puxa vida, o que estou fazendo com a minha vida, eu não quero isso para minha vida. Como é que eu fico do lado da enforcadeira, da broca, da praga? Não. Quero ser a planta nem que para isso eu deva ser podada, machucada, espinhada. Sabe duma, vou mudar de lado... Sou honesto. Não sou tendencioso. Não sou incompetente nem burro nem nada... Vejo as pessoas movidas em meu redor por interesses escusos todos lesivos à planta. E eu sou a planta... Estou sendo animado por promessas de me dar bem e estou querendo crescer junto ao tronco como um vistoso galho ladrão. Me alio a quem é parasita e praga na planta? Não posso. Não consigo. Minha consciência... Minha consciência... Vou voltar. (Volto ao tema do “ladrão” logo em seguida (não percam...).<br /></div><div align="justify">Igualmente, eu não pretendo, em função de minha timidez diante desses maiores expoentes de nossa igreja, ou de nossas relações eclesiais, de modo algum, vir a ser contado dentre as figuras pálidas e peçonhentas, vulgares, ávidas por espaço em concílios esvaziados da representação legitima, dado as pessoas escandalizadas. E essas pessoas são escandalizadas exatamente pelas imposturas de alguns de vida dobre, pautados pela falta de ética, de moral e de honestidade. Essas figuras pálidas e peçonhentas formam conjuntos de pessoas que não passam de grupelhos preocupados mais em expropriar e extorquir a igreja, o seu patrimônio, e conjugar o verbo faturar, lucrar, zombar, tripudiar e aproveitar.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Pessoas assim não expressam opinião. Não se alinham a qualquer corrente, muito menos à nossa CORRENTE PROTESTANTE ORTODOXA. Quando falam da boca para fora que o fazem negam-no com a sua postura, comportamento, falta de respeito pela Constituição da Igreja e, acima de tudo, pela Palavra de Deus.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Bem, esse assunto que trago, a quarta ênfase do ser reformado, tem tudo a ver com essa retórica chacro-agricultora. Não tem não somente a ver com as posturas de “uns” do nosso meio presbiteriano. (Lembra-se são pálidos, peçonhentos, alcoviteiros, aproveitadores, dissimulados, incompetentes, desavisados, estúpidos, manipulados, abestalhados, enganados, vitimas de vigaristas - ou os próprios - e de fazedores de promessas vãs ou traficantes de influência que pulalam o nosso meio denominacional, doravante serão mencionados apenas como “uns”, esses “uns”, aqueles “uns”, são os “uns” Certo?).<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Tem a ver mais com “aqueles”, no mundo, que perderam de vez a compostura. Deixaram a máscara cair. Dizem abertamente a que vieram “para tirar vantagem” da situação. Reverter condição de descrédito perante a opinião pública que a bem pouco tempo lhes eram desfavorável e para tanto não tem a vergonha de reatar relações com quem antes só pensava em derrubá-los. Quem tudo fez para fulminar um e outro, agora se junta outro e um para fulminar a Instituição (Brasil) que ora os abrigam.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Se alguém achou que estou falando de alguém dentro da IPB, saiba que estou me referindo primeiramente ao Lula, Collor e Sarney – a classe política em geral – e a essas alianças espúrias, que minam a nossa nação - a planta. Esse comentário é político de um crente que acompanha a política. Alguma semelhança do que ocorre na IPB? Será mera coincidência?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbyXqjmtdVxT7VQLj-WympstOk1Y8cvM0akcdRJgTMkEKvg9BDV79Oeg06tqgwDOGiwDoVrH0vlLK2DBIg-lMTo7LZLJlLOqm-_f0clxDZqeOIWYeHQ8w3vdTuUQuV39Tm28Dki14z6NQ/s1600-h/images%5B6%5D.jpg"></a></div></div></div></div></div></div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-88391491994801811312009-07-09T12:28:00.000-07:002009-07-13T16:18:54.100-07:00SERIA BLASFEMO INVOCAR O NOME DE DEUS PARA ATRIBUIR À SUA VONTADE A DOR DESTA TRAGÉDIA?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1nvyx4E792MAWcEYNBgjhfsDiqE3isUUjam7ibY8b_BnSxX51Fhjdaf7JMeLj_qHO-I4vTfclQqI44lfYOjh3diAC4SDhIEO2hDUrnHUGCCviy5B1XNZJGWj4j-NHvPP1H4Yj8DS7okw/s1600-h/images%5B4%5D.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 327px; DISPLAY: block; HEIGHT: 214px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5358087019442740514" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1nvyx4E792MAWcEYNBgjhfsDiqE3isUUjam7ibY8b_BnSxX51Fhjdaf7JMeLj_qHO-I4vTfclQqI44lfYOjh3diAC4SDhIEO2hDUrnHUGCCviy5B1XNZJGWj4j-NHvPP1H4Yj8DS7okw/s320/images%5B4%5D.jpg" /></a><br /><p align="justify">Dias atrás, como sempre faço, compareci à reunião do grupo de estudo Liderança Cristã, aqui em Brasília, e, com muito interesse e grande satisfação, presenciei uma belíssima palestra com o tema "Paulo: Apóstolo do Cristo Ressuscitado", trazida pelo nosso irmão e amigo Professor Francisco Salatiel. Trata-se de excelente exegeta bíblico com formação inclusive em Roma, logicamente da quota dos católicos do grupo inter-confessional que tenho privilégio de fazer parte desde 1996. Acrescento um dentre muitos predicados pessoais, a sua experiência pastoral como sacerdote por importante tempo de sua vida, a partir do que se permitiu "retirar-se" para constituir família abençoada. Experiência igualmente rica compartilhada com uma rede de amigos pessoais seus, alguns, poucos, comuns, conhecida como "movimento ou comunidade padres casados". </p><br /><p align="justify">A sua sobredita palestra, seguiu o fio condutor que perpassava pela contemplação da "visão secularizada de mundo", em voga nos dias de hoje contrastada com a do "mundo mediterrâneo" do 1° Século A.D., donde se discerne o pano de pano para o esposamento por parte de Paulo de idéias marcadas pelo estoicismo de Sêneca, de um lado, por sua condição de cidadão do Império Romano, e, por outro lado, pela visão apocalíptica judaica dada à de fariseu. </p><p align="justify"><br />Nessa linha, não incidentalmente, traçou-se com maestria o "perfil do Apóstolo em coerência com as linhas fundamentais de sua pregação". Por conseguinte, destacam-se os traços marcantes na vida de Paulo. A sua experiência com o Senhor Ressurreto. A idéia paulina de que "a força da graça" se "realiza" ante a fraqueza humana. A visão ministerial do Apóstolo de "não dominar e destruir, mas edificar". O seu desprendimento em "pregar gratuitamente o Evangelho... se sustentando com o trabalho de suas mãos". E, por fim, a sua imitação de Cristo em carregar no seu próprio corpo a morte de Jesus. </p><p align="justify"><br />A partir desses traços, indica-se como núcleo de sua teologia o poder que emana da experiência da Morte e da Ressurreição, cuja síntese seria, ao meu ver, a pregação do "Cristo e este crucificado".<br /></p><br /><p align="justify">Encerra dizendo que o mais importante em Paulo não era o pensar e falar mas o "ser em Cristo", ser uma "nova criação", coisa de gente adulta e responsável que se envolve no compromisso de "construir" um "mundo novo" pelo "poder do Esprito derramado em nossos corações (Rom. 5,5)". </p><p align="justify"><br />Como se vê absolutamente tudo gratificante e de supino edificante.<br /></p><br /><p align="justify">Nessa altura alude à "realidade brutal e às vezes trágica da morte". Isso porque inicialmente dizia "parto de um acontecimento trágico que nos abalou a todos... o desaparecimento do vôo 447, da Air France na águas do Atlântico", com a perda de 228 vidas.<br /></p><br /><p align="justify">"Porque partir desse fato para a nossa meditação de hoje? É que precisamente nessas ocasiões, em que vida e morte se tocam, afloram nossa visão de mundo, nosso modo de pensar e sentir a existência. Perscrutar a fundo nossas crenças e convicções de leitores hoje dos textos paulinos possibilita-nos, sem dúvida, a atitude de escuta e abertura, para que não sejamos meros ouvintes, mas atores e praticantes da Palavra de Deus (Tgo 1,22)".<br /></p><br /><p align="justify">Agora sou eu quem falo. Não entendo por que certas pessoas dizerem não ver propósito nessas ocorrências brutalmente trágicas. Questiono se diante de apenas trivialidades, previsibilidades e de conseqüências normais ou comuns é aflorado o que se aflora na mente dos reles mortais? Será que diante do comum qualquer homem ou mulher pode-se ver como é em sua condição de mortalidade de fato reles?<br /></p><br /><p align="justify">A pergunta que ainda ecoa, porque com freqüência nos entristecemos ante essa realidade? Por que não respiramos mais "a atmosfera paulina de entusiastas convidados a entrar no cotejo triunfal" de I Tess. 4:17? "São tantos e tão momentosos os porquês que talvez seja a melhor resposta o silêncio aberto à escuta do que o Senhor pode nos ensinar ainda hoje...".<br /></p><br /><p align="justify">O silêncio cauteloso dos pobres mortais é importante, uma vez que o incidente, que parece inicialmente denotar a atitude de o homem transferir a sua responsabilidade pela tomada de decisão e correção de rumos para a tecnologia, nos faz sermos conduzidos à uma profunda reflexão com respeito aos novos parâmetros que vem sendo propostos pela ecologia holistica, em citação a Boff, L. em seu livro Ethos Mundial, Letraviva, Brasília/DF - 2000. Tai um propósito por demais nobre. Seguimo-lo.<br /></p><br /><p align="justify">Tais novos parâmetros ou conceitos "provocam governos e organizações civis para uma tomada de posição mais responsável e de respeito à natureza, com o objetivo de relativizar a hegemonia da mão invisível do mercado e da razão instrumental entronizados quais novos deuses".<br /></p><br /><p align="justify">Nesse sentido, é importante acompanhar o raciocínio compungido pela tragédia que o leva a questionar sabiamente a “visão secularizada do mundo”. O que levar a tragédias, ou pouco pode adiantar no sentido de evitá-las. Entretanto, a "a tecnologia criada pelo homem não esconde seus propósitos de sobrepujar e domesticar as forças da natureza. E quando isso não acontece num vôo transatlântico como o da Air France acidentado, volta-se para a máquina quase autônoma que falhou, para tantos e tão sofisticados instrumentos que não estavam mais sob o controle humano, a não ser indiretamente na automação gerada pela informática".<br /></p><br /><p align="justify">O pressuposto seria de que esse incidente e semelhantes têm causação imediata na falha do sistema de monitoramento e de imediata correção de rumos. Dos controles. Também acho que quem detém o controle pode até garantir com largo grau de probabilidade de que controlará (‘kiberneterá’!) no sentido de que a nave chegará ao seu destino e todas as vicissitudes intervenientes poderão ser dominadas. Para tanto haja todo o cabedal de conhecimentos e instrumentos à disposição do piloto. E para o auxilio deste, haja todos os cálculos, os mais meticulosos e complexos, são realizados instanteneamente. Hajam relatórios expedidos visualmente por telas de cristal líquido a contemplarem alternativas de solução. Haja o cálculo da melhor alternativa, ponderados os fatores ponderáveis, conhecidos e até desconhecidos. Por conseqüência falha o homem mas não haverá de falhar a máquina, e o pensamento imediato entrega ao chamado piloto automático e deixa acontecer o que acontecerá. Lasser faire, lasser passer. Perfeita a conexão entre a idéia da mão invisível do mercado e a razão instrumental. O que poderia dar errado? O homem acumulou tanto conhecimento, sistematizou tanto conhecimento e sobre os quais formulou tantos modelos, o que ainda poderá sair errado?<br /></p><br /><p align="justify">Ocorre que o homem ainda não inventou a máquina capaz de ao seu feitio ponderar o imponderável. Mas, para isso não precisa de máquina. O homem pondera o imponderável, e o deve fazer pela máquina. E ele o faz. Tai as suas preocupações, angústias, ansiedade, medos paralisantes, alguns até injustificáveis, e outros injustificáveis até que fatos supervenientes e inesperados para os outros acontecem.<br /></p><br /><p align="justify">Para quem crê, há um Deus imortal que também pondera o imponderável, para o mortal. Portanto, diante dessa demonstração de temeridade que é o homem desobrigar-se, negligenciar-se em função da máquina, esperava-se repor o lugar de Deus como pelo menos de espectador desses incidentes. E há quem o coloca como agente.<br /></p><br /><p align="justify">O irmão não o retira expressamente do papel de simples espectador no momento presente dos fatos. Coerente com os pensamentos de Suarez e Molina e corroborado com o de Armínio, eminentes teólogos cristãos, terá que admitir que Deus sabia antecipadamente o que viria acontecer. Mais do que isso, Ele teria todo o poder de evitar e não o fez por algum propósito escondido na impenetrável mente de Deus. Perder-se-ia a consolação saber que Deus sabe, vê, escuta e sente e deixa acontecer, não interfere, pois há um plano maior a ser seguido?<br /></p><br /><p align="justify">Esse pensamento diverge do de Agostinho corroborado com o de Calvino. Além de concordarem com o fato de que Deus sabe, ouve, vê e sente até antecipadamente todas as coisas, “desde toda eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou, livre e inalteravelmente, tudo quanto acontece; porém, de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias antes estabelecidas”. Além disso, “pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor.”<br /></p><br /><p align="justify">Nesse caso, esta teologia faz de Deus um ator, um agente em meios às tragédias humanas e de fato, como bem lembrou o palestrante, isso aproxima do estoicismo, desenvolvido na época helenista, que teve em Sêneca uma das melhores expressões latinas, de que deriva a "convicção de que o homem faz parte de um todo, em que tudo está conectado e unido por uma ordem providencial. Cita-se Sêneca, “A providência comanda o universo e um deus se preocupa conosco”. E como bem observou o palestrante algo muito semelhante povoava a mente de Paulo quando, inclusive, dizia “Pois sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles amam a Deus, a quem ele chamou de acordo com o seu plano” – Rom 8,28.<br /></p><br /><p align="justify">Daí por que algo soou um pouco estranho quando ouvi “seria blasfemo invocar o nome de Deus para atribuir à sua vontade a dor desta tragédia, como falar em milagre para os poucos que se salvaram por não terem partido. Na verdade, tudo se concentra no terra a terra, ou melhor no ar e mar das causas e efeitos imanentes às ações humanas e aos fenômenos naturais. É bem possível que no intimo dos familiares das 228 vitimas, tocados pelas preces particulares e publicas (na Candelária do Rio e em Notre Dame de Paris) o nome de Deus e de seu filho, Jesus Cristo tenha sido invocado não em vão, mas com a fé dos justos, reunidos na assembléia dos santos.”<br /></p><br /><p align="justify">Confesso que a palavra unívoca blasfemo me soou mais profundamente do que a expressão que me pareceu equivoca “tudo se concentra”. Ele quis dizer que todos os fatores se concentraram no terra a terra, no ar e mar, nas ações humanas e evitou qualificar esses fatores de determinantes e por isso confesso ter entendido que “tudo consiste”, tudo se resume, as fatores terreais ou aéreos e não afetam a esfera da morada de Deus.<br /></p><br /><p align="justify">Há, porém, quem extrapola esse pensamento. Entendem que por um momento se estivesse alijando de Deus de sua onipotência e onisciência e se admitindo que há coisas e causas que por inexistentes em determinado momento são indeterminadas e não são cogitadas por Deus, e que tudo acontece sem propósito algum. E Deus? Bem, de uma forma ou de outra temos que preservar em nossos pensamentos a santidade, a perfeição moral de Deus e por isso seria impensável que de alguma forma Deus pudesse pensar em algum mal para quem quer que seja e assim por algum motivo não puder envidar esforços pra evitá-lo.<br /></p><br /><p align="justify">De certo que esse pensamento moderno está em conflito com o de Paulo Apóstolo, não faz jus ao ensino da Escritura.<br /></p><br /><p align="justify">Então voltamos à pergunta: seria mesmo “blasfemo” invocar o nome de Deus para atribuir à sua vontade a dor desta tragédia, como falar em milagre para os poucos que se salvaram por não terem partido?<br /></p><br /><p align="justify">Bem, de qualquer sorte sai da reunião com o ensino de que temos mesmo que nos comedir em nossas declarações acerca das tragédias que nos assolam. </p>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-44209951121270442132009-07-08T13:18:00.000-07:002009-07-08T15:07:14.337-07:00Igreja Reformada Holandesa e a Teologia do Apartheid na África do Sul.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiA2pksNs_NZtwyMvgc-rLCIWFQ_OQulUWcXMqKZxyf_o_U0f2SizNREc_VIXGhxD-1-ajypgr_aH6p940tmxdO-Bcs0KZ2gJPndbZeJiNM3Q2z-od8t9jc0MUPHqwUVWm_oVe-FdTfWKE/s1600-h/3aninhos_e_Malice100.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5356193841585051538" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiA2pksNs_NZtwyMvgc-rLCIWFQ_OQulUWcXMqKZxyf_o_U0f2SizNREc_VIXGhxD-1-ajypgr_aH6p940tmxdO-Bcs0KZ2gJPndbZeJiNM3Q2z-od8t9jc0MUPHqwUVWm_oVe-FdTfWKE/s320/3aninhos_e_Malice100.jpg" /></a> <div><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">1829 - A Confissão de Belhar tem como pano de fundo a história e a teologia racial, racista, segregacionista do apartheid na África do Sul. O ponto de referência comum em tudo isso, dentro do arcabouço histórico da igreja, é a Igreja Reformada Holandesa (DRC, ou NGK - </span><a href="http://www.ngkerk.org.za/"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">http://www.ngkerk.org.za/</span></a><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">). A separação com base na raça remonta a 1829. O Presbitério da Cidade do Cabo da DRC reunido em 29 de abril de 1829 para tratar de uma consulta da igreja local de Somerset West dizia respeito à administração da Santa Comunhão a quem se chamou de “pessoas de ‘cor’”. A pergunta a ser considerada era se “às pessoas de ‘cor’, que foram confirmadas e batizadas, devem ser concedidos, juntamente com os ‘cristãos nascidos de novo’ (pessoas brancas), fazer parte da Ceia do Senhor ou se estas pessoas devem tomar parte da Santa Comunhão separadamente.</span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- 1857 - No Sínodo de 1857 da DRC esta pergunta sobre a segregação ou não, foi tratada e pavimentou a forma pela qual na prática veio expressar a separação e o racismo da igreja. O Sínodo de 1857 expressou em linguagem ambígua que indicava claramente que não poderia seguir a risca os claros ensinos contidos nos princípios bíblicos. Disseram SIM tanto na questão de receber as “pessoas de cor” num mesmo corpo espiritual quanto a que eles deveriam tomar comunhão separadamente. Ante sua inabilidade em adotar posição qualificada sobre a matéria, abriu as portas para o apartheid eclesial e social. Na decisão do Sínodo da DRC se lê: 'O Sínodo considera desejável e de acordo com a Santa Escritura que os nossos membros ‘de cor’ (não-brancos) fossem aceitos e iniciados em quaisquer de nossas igrejas locais se isso fosse possível; mas aonde esta medida for adotada, como resultado da fraqueza de alguns, poderia obstaculizar a obra de Cristo entre as pessoas ‘de cor’ (heathen), em seguida as igrejas deveriam ser ajustadas às pessoas ‘de cor’, ou ainda ajustarem-se de modo que pudessem desfrutar dos privilégios cristãos em edificações ou instituições separadas”. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Esta decisão provocou “a solução final” para este problema de cor (heathen), com o estabelecimento da primeira igreja separada racialmente em 1881, chamada a Igreja da Missão Reformada Holandesa para as Pessoas de “cor” (DRMC- Sendingkerk). Depois de que a DRC puderam ser estabelecidas as igrejas racialmente separadas para os negros, que foi chamada Igreja Reformada Holandesa em África (DRCA), e para os indianos, a Igreja Reformada na África (RCA).<br /></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">A teologia do apartheid entranhou-se na DRC, a qual foi clarificada quando o jornal oficial dela o “Kerkbode” escreveu em seu editorial em setembro de 1948, depois que o Partido Nacional chegou ao poder sobre a plataforma política do apartheid, “Apartheid é uma política da igreja”. Esta política significa na África do Sul, o supremacia branca e que todas as outras raças eram inferiores e deveram ser tratadas de maneira inferior. O resultado foi a opressão às pessoas inferiores não-brancas da África do Sul e da posição de privilégio dos brancos. A igreja (DRC) e o estado estavam ligados inextricavelmente em uma união não santa. O estado recebeu o revestimento protetor moral e teológico para as suas políticas injusta e do apartheid da DRC.<br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">A resposta da Aliança Mundial de Igrejas Reformadas (Agosto de 1982)</span></div><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Após décadas de esforço do lado das igrejas reformadas negras para retificar a situação, o tema teologia e prática racial na África do Sul entrou em pauta na reunião da Assembléia Geral da Aliança Mundial de Igrejas Reformadas (WARC) em Ottawa, Canadá (</span><a href="http://www.warc.org/"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">WARC</span></a><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;"> - Agosto de 1982), por que a DRC, DRMC, DRCA e a RCA, eram membros da WARC. O Dr. Allan Boesak da então DRMC pediu à WARC para proferir um discurso sobre a situação na África do Sul. Em um discurso intitulado 'Ele nos fez todos, à exceção de...”, Dr. Boesak foi de encontro com o racismo e com o apartheid. Indicou que a WARC deve ter responsabilidade para com suas igrejas membros na África do Sul, que sofrem sob a teologia e a política do apartheid. Boesak pôs a DRC e outras igrejas reformadas brancas no meio deste debate, disse ele, “por conseguinte as igrejas brancas membros têm responsabilidade direta e o poder de mudar fundamentalmente a situação se quiserem. Devem ser dirigidas nos termos dessa responsabilidade e nos termos do desenvolvimento histórico do apartheid porque foi dirigido por essas igrejas. A WARC deve aceitar o desafio de dirigir-lhes o significado do apartheid como traição ao Evangelho e seja apresentado como indigno da tradição reformada”.<br /><br />Em sua resposta, a WARC disse que: 'as Igrejas Reformadas Africanas Brancas através dos anos tem neste detalhe funcionado fora da própria política e da própria justificação teológica e moral para o sistema. O apartheid é conseqüentemente uma ideologia pseudo-religiosa tanto quando uma posição política. Deriva disso a sua justificação moral e teológica. A divisão das igrejas reformadas na África do Sul com base na raça e na cor está sendo defendida como uma interpretação fiel da vontade de Deus e da compreensão reformada da igreja no mundo'.<br /><br />A WARC declarou que a situação na África do Sul constituiu-se em status confessionis – pelo que significa na compreensão da WARC acerca da matéria é impossível diferir sem seriamente abrutalhar a integridade de nossa confissão comum como igrejas reformadas.<br /><br />Com base nesta situação, a WARC fez a seguinte declaração. “Declaramos com os cristãos reformados negros da África do Sul que o apartheid (desenvolvimento separado) é pecado, e que a justificação moral e teológica dele é uma falsificação do Evangelho e, em seu desobediência persistente à Palavra de Deus, uma heresia teológica”.<br /><br />A DRMC em seu Sínodo no ano seguinte aos passos dados pela WARC declarou o seu status confessionis. A igreja concluiu que em uma situação como essa você tem que confessar de novo as verdades da Bíblia em confronto com à luz do pseudo-evangelho. A DRMC decidiu por redigir uma Confissão a fim fazê-lo. Era uma confissão em forma de conceito, que foi distribuído à toda a igreja inteira para os comentários e deveria ser finalizado no Sínodo seguinte a ser realizado em 1986. No Sínodo de 1986 da DRMC a Confissão foi aceita e se chamou a Confissão de Belhar de 1986. O nome Belhar na Confissão se refere subúrbio da Cidade do Cabo do mesmo nome aonde o Sínodo se reuniu. Esta confissão foi adotada também pelo DRCA. Quando a DRMC e a DRCA foram unificadas em 1994, dando forma a uma igreja nova, a Igreja Reformada Unida na África do Sul (URCSA - </span><a href="http://www.ngkerk.org.za/VGKSA/Default.asp"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">http://www.ngkerk.org.za/VGKSA/Default.asp</span></a><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">) transformou-se parte da base confessional da URCSA. Durante o Sínodo da DRMC em 1990, um monumento foi erigido e dedicado à ocasião da aceitação da Confissão de Belhar pelo então Moderador.<br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Re-dedicação do monumento de Belhar </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Em 30 de setembro de 2006, o monumento Belhar monument foi re-dedicadoi pelo moderador do Sinodo Geral da URCSA, Prof. S. Thias Kgatla.<br />O monumento de Belhar é um dos locais históricos mais visíveis e mais importantes da Igreja Reformada Unida na África do Sul. Em 30 de setembro de 2006, o Conselho da Igreja Gestig (a igreja local mais antiga da URCSA) em cuja propriedade o monumento foi construído transferiu o local simbolicamente ao Sínodo Geral, para que cuidados especiais de preservação fossem adotados pela igreja em nível nacional.<br /><br />E a DRC, ou NGK? Segundo o site </span><a href="http://www.ngkerk.org.za/english/history.asp?button_pushed=2"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">http://www.ngkerk.org.za/english/history.asp?button_pushed=2</span></a><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">, desde 1994 o ideal de unificação com a Igreja Reformada Unida na África do Sul tem sido perseguido e concretizado em reuniões conciliares em conjunto entre a DRC a URCSA e RCA e há muita coisa ainda a ser feita para a plena unificação. Há questões teológicas outras a demarcar visíveis distinções. Mas é absolutamente alentador o fato de que ninguém mais defende ou justifica o apartheid. De fato, nas últimas décadas do Século passado, a DRC tem sofrido seriamente por causa do relacionamento igreja e sociedade, o que resultou na publicação do documento “Igreja e Sociedade” em 1990 e a rejeição um tanto tardia ao apartheid somente em 1998.<br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Muito recentemente, em 2007, a Reformed Church na América – RCA - </span><a href="http://www.rca.org/"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">http://www.rca.org/</span></a><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;"> - antiga Igreja Reformada Holandesa dos EUA, uma igreja bem liberal, bastante deferente de sua co-irmã CRCNA - </span><a href="http://www.crcna.org/"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">http://www.crcna.org/</span></a><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;"> - não se fez de rogada e incluiu aos seus padrões confessionais a Confissão de Belhar, agora os símbolos de união “adotados” por lá não são mais três (Confissão Belga, Cânones de Dort e Catecismo de Heildelberg) mas 4, estes e mais a Confissão de Belhar.<br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:times new roman;">Fontes: Informações dos sites mencionados.</span> </span></div></div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-79870636208234090042009-07-08T12:22:00.000-07:002009-07-24T11:02:06.063-07:00A CONFISSÃO DE FÉ DE BELHAR<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4-POpmm7Xze10de1PZo1TfqHvp44_Ppy7N7Mdg6ggRKpADaHHm9G7tnXjX_04bjdqJVdjRJACR6ohnHu0q1yFafKw201aSvlQM0cLfR9zU49uTwJtZMVHjI_puD1uGNlM2lGM2TTj4j8/s1600-h/QCA1YLVIFCALWDL9UCANXCXH1CAJYF3VHCAQNNL3DCAHCJFQTCAFIVEOBCAWZOJXGCAYVI1TOCAW4AXLZCA0Q3T8DCAZ80BNDCAKT0GHOCA9GN90KCAEIBQR0CA1MEAF7CA1XEI0TCAWOBGOGCAFYTIFY.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 137px; FLOAT: left; HEIGHT: 91px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362088082564428754" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4-POpmm7Xze10de1PZo1TfqHvp44_Ppy7N7Mdg6ggRKpADaHHm9G7tnXjX_04bjdqJVdjRJACR6ohnHu0q1yFafKw201aSvlQM0cLfR9zU49uTwJtZMVHjI_puD1uGNlM2lGM2TTj4j8/s400/QCA1YLVIFCALWDL9UCANXCXH1CAJYF3VHCAQNNL3DCAHCJFQTCAFIVEOBCAWZOJXGCAYVI1TOCAW4AXLZCA0Q3T8DCAZ80BNDCAKT0GHOCA9GN90KCAEIBQR0CA1MEAF7CA1XEI0TCAWOBGOGCAFYTIFY.jpg" /></a><br /><div><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">1. <strong>Cremos</strong> num Deus trino, Pai, Filho e Espírito Santo, que une, protege e cuida da Igreja por meio da Palavra e do Espírito, como tem feito desde a criação do mundo e o fará até a sua consumação.</span><br /><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">2. <strong>Cremos</strong> em uma santa igreja cristã universal, na comunhão dos santos chamados de toda a família da terra.</span><br /><div><div><div><div><blockquote><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;"><span style="font-size:100%;"><strong>Cremos</strong>: </span></span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que a obra reconciliadora de Cristo faz-se manifesta na Igreja enquanto comunidade de crentes reconciliados com Deus e uns com os outros (Efésios 2: 11-22);</span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que a unidade, portanto, de igual forma dom e obrigação à Igreja de Jesus Cristo; mantida através da obra do Espírito de Deus é ao mesmo tempo força vinculante e, simultaneamente, realidade a ser seriamente perseguida e desejada: à qual o povo de Deus deve continuamente ser incentivado a obtê-la (Efésios 4:1-16);</span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que esta unidade deve ser visível para que o mundo possa ver que a separação, inimizade e o ódio entre pessoas e grupos é pecado; o qual Cristo já o venceu, e como conseqüência qualquer coisa a ameaçar esta unidade não terá lugar na Igreja e deve ser resistida (João 17: 20-23);</span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que esta unidade do povo de Deus deve ser manifesta e ativa em várias formas: que nos amamos uns aos outros; que experimentemos, pratiquemos e persigamos a comunhão uns com os outros, que estejamos obrigados a doar-nos voluntariamente e alegremente para servir de beneficio e bênção de uns para com os outros; que compartilhamos uma só fé, tenhamos um só chamado, sejamos de uma só alma e de uma só mente; tenhamos um só Deus e Pai, sejamos cheios de um mesmo Espírito, sejamos batizados em um só batismo, comamos de um mesmo pão e bebamos de um mesmo cálice; confessemos um só nome, obedeçamos um só Senhor, trabalhemos para uma mesma causa, e compartilhemos de uma mesma esperança; juntos cheguemos a conhecer a altura, largura e a profundidade do amor de Cristo; juntos sejamos formados à estatura de Cristo, à nova humanidade; juntos conhecemos e suportamos as cargas uns dos outros, desse modo cumprimos a lei de Cristo que nos necessitamos uns aos outros e cresçamos uns com os outros; admoestando-nos e confortando-nos uns aos outros; que soframos uns com os outros por causa da justiça; oremos juntos; juntos sirvamos a Deus neste mundo; e juntos lutemos contra tudo o que possa ameaça ou estorvar esta unidade (Filipenses 2: 1-5; 1 Coríntios 12:4-31; João 13:1-17; 1 Coríntios. 1:10-13; Efésios 4:1-6; Efésios 3:14-20; 1 Coríntios. 10:16-17; 1 Coríntios. 11:17-34; Gálatas 6:2; 2 Cor. 1:3-4);</span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que esta unidade somente pode ser estabelecida em liberdade e não sob obrigação; que a variedade de dons espirituais, oportunidades, origens, convicções, bem como a variedade de línguas e culturas são, pela virtude da reconciliação em Cristo, oportunidades para o serviço mútuo e o enriquecimento dentro do visível povo de Deus (Romanos 12:3-8; 1 Coríntios. 12:1-11; Efésios 4:7-13; Gálatas 3:27-28; Tiago 2:1-13); </span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que a verdadeira fé em Jesus Cristo é a única condição para ser membro desta Igreja. </span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Portanto, <strong>rechaçamos</strong> qualquer doutrina:</span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que torne absoluta a diversidade natural ou a separação pecaminosa de pessoas de tal modo que esta absolutização obstaculize ou rompa a união ativa e visível da Igreja, ou inclusive aponte para o estabelecimento ou formação de uma Igreja separada; </span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que professe que esta unidade espiritual verdadeiramente está sendo mantida no vinculo da paz enquanto os crentes da mesma confissão, com efeito, estão sendo alienados uns dos outro para o bem da diversidade e em prejuízo da reconciliação; </span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que nega que a constante recusa a perseguir esta visível unidade como um dom sem preço seja pecado; </span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que explícita ou implicitamente sustente que a inferioridade ou qualquer outro fator humano ou social deve ser levado em consideração para determinar a membrezía da Igreja.</span></p></blockquote><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">3. <strong>Cremos</strong>:<br /></span></p><ul><ul><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que Deus confiou à Igreja a mensagem da reconciliação por intermédio de Jesus Cristo; que a Igreja é chamada para ser sal da terra e luz do mundo, que a Igreja foi chamada bem-aventurada por que é pacificadora, que a Igreja é testemunha tanto por palavras quanto por atos dos novos céus e da nova terra onde mora a justiça (2 Coríntios. 5:17-21; Mateus . 5:13-16; Mateus 5:9; 2 Pedro 3:13; Apocalipse. 21-22);</span></div></li><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que Deus por sua Palavra que dá vida e pelo seu Espírito triunfou sobre o pecado e a morte, e, portanto, também sobre a não reconciliação e o ódio, a amargura e a inimizade, que Deus por sua Palavra que dá vida e pelo seu Espírito capacitará a Igreja a viver em uma nova obediência a qual pode abrir novas possibilidades de vida para a sociedade e para o mundo (Efésios 4:17–6:23; Romanos 6; Colossenses 1:9-14; Colossenses 2:13-19; Colossenses 3:1–4:6); </span></div></li><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que a credibilidade desta mensagem é seriamente afetada e sua benéfica obra é obstaculizada quando é proclamada em uma terra que professa ser cristã, mas impõe a separação de pessoas sobre um fundamento racial promove e perpetua a recusa, o ódio e a inimizade; </span></div></li><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que qualquer ensinamento que tente legitimar tal separação forçada apelando em nome do evangelho, e não está preparada a aventurar-se pelo caminho da obediência e da reconciliação; mas ao invés disso, pelo do preconceito, medo, egoísmo e incredulidade, nega por antecipação o poder reconciliador do evangelho, deve ser considerada ideologia e falsa doutrina. </span></div></li></ul></ul><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;"></span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Portanto, <strong>rechaçamos</strong> qualquer doutrina </span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que em tal situação sancione em nome do evangelho ou da vontade de Deus a separação forçada de pessoas por motivos de raça e cor e desse modo de antemão obstrua e debilite o ministério e a experiência de reconciliação em Cristo. </span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">4. Cremos:<br /></span></p><ul><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que Deus tem se revelado o mesmo que deseja seja alcançada a justiça e a verdadeira paz entre os homens; </span></div></li><br /><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que Deus em um mundo cheio de injustiça e inimizade, é de uma forma especial o Deus do indigente, do pobre e do errado e chama a sua Igreja a segui-lo nisso; </span></div></li><br /><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que Ele traz justiça aos oprimidos e dá pão aos famintos; </span></div></li><br /><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que Deus liberta o prisioneiro e restaura a vista ao cego; </span></div></li><br /><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que Deus ajuda ao oprimido, protege ao estrangeiro, ajuda aos órfãos e viúvas e obstrui o caminho dos ímpios; </span></div></li><br /><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que a religião pura e imaculada para com Deus é visitar aos órfãos e às viúvas em seus sofrimentos; </span></div></li><br /><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que Deus deseja ensinar à Igreja a fazer o que é bom e a buscar o que é correto (Deuteronômio 32:4; Lucas 2:14; João 14:27; Efésios 2:14; Isaias 1:16-17; Tiago 1:27; Tiago 5:1-6; Lucas 1:46-55; Lucas 6:20-26; Lucas 7:22; Lucas 16:19-31; Salmos 146; Lucas 4:16-19; Romanos 6:13-18; Amós 5); </span></div></li><br /><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que a Igreja, portanto, deve ajudar às pessoas em qualquer tipo de sofrimento e necessidade, o que implica, entre outras coisas, que a Igreja deve testificar e esforçar-se contra qualquer tipo de injustiça, para que a justiça flua como cascatas de água e a honradez como uma corrente permanente; </span></div></li><br /><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">A fim de que a justiça possa correr mais como águas de volumosas torrentes, e menos apenas como um arroio a fluir; </span></div></li><br /><li><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Que a Igreja como possessão de Deus deva parar aonde o Senhor parar, ou seja, ser contra a injustiça e a favor do oprimido, que em seguir a Cristo a Igreja deve testificar contra todos os poderosos e privilegiados que egoisticamente buscam seu próprio interesse e assim controlam e aniquilam os outros. </span></div></li></ul><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">Portanto, <strong>rechaçamos</strong> qualquer ideologia</span></p><p align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:100%;">- Que possa legitimar formas de injustiça e qualquer doutrina que não esteja disposta a resistir tal ideologia em nome do evangelho.<br /><br />5. <strong>Cremos</strong> que, em obediência a Jesus Cristo, sua única cabeça, a Igreja é chamada a confessar e a fazer todas estas coisas, ainda que as autoridades e as leis humanas possam proibi-las e castigos e sofrimentos venham por conseqüência (Efésios 4:15-16; Atos 5:29-33; 1 Pedro. 2:18-25; 1 Pedro 3:15-18).<br /><br />Jesus é Senhor.<br /><br />Ao único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, seja a honra e a gloria pelos séculos dos séculos.</span></p></div></div></div></div></div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-3033744280738300212009-07-03T12:31:00.000-07:002009-07-24T10:53:21.978-07:00NOSSA IDENTIDADE - O QUE É SER REFORMADO? - PARTE 6<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWotYINPkYqjUWJAljNMWGS_xVTI_es94J_gAWk6o86HOWTnaaQkzkMWSgE6GyxlPEq-M3QvTfni0v160NeAgHuiYm9OUrMLMPiq3vbuKV7HI4zciM8iWjS5Y9-V7H922TmZR3XDzwhrY/s1600-h/images%5B10%5D.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 174px; FLOAT: left; HEIGHT: 206px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362086134643104146" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWotYINPkYqjUWJAljNMWGS_xVTI_es94J_gAWk6o86HOWTnaaQkzkMWSgE6GyxlPEq-M3QvTfni0v160NeAgHuiYm9OUrMLMPiq3vbuKV7HI4zciM8iWjS5Y9-V7H922TmZR3XDzwhrY/s400/images%5B10%5D.jpg" /></a><br /><div><br /><div align="justify"><span style="color:#000066;"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="font-size:180%;">Juntando tudo</span><br /></strong><br /><br /><br /><blockquote><span style="color:#003300;"><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:100%;color:#000066;">Pontuaram-se antes as três ênfases - doutrinalista, pietista e transformationalista – que freqüentemente são vistas como abordagens ou mentalidades. É importante observar que uma vida e uma teologia cristãs bem-equilibradas necessitam que todas as três ênfases sejam integradas. A ênfase doutrinalista por tender conduzir à<br />exclusividade e à inação. A ênfase pietista por tender conduzir ao individualismo e ao não-discernimento de umas dimensões mais amplas do cristianismo. A ênfase transformacionalista por poder-se conduzir a um inclusivismo exagerado que amacia a antítese entre Cristo e o mal. Cada ênfase, por si, tende para o orgulho e desvalorização descaridosa das outras duas ênfases. Uma chave ao ministério saudável encontra-se em viver com uma visão integrada, inteira da vida cristã.<br /><br />Finalmente, esta declaração de identidade é descritiva ou prescritiva? A resposta é tanto uma como outra coisa. Esta declaração de identidade deve ser vista como uma descrição da fé reformada no seu melhor estilo, mas também pode ser uma chamada fervente para que se vivam mais inteiramente nesta visão bíblica.<br /><br />Que Deus possa conceder à Igreja, conforme Paulo orou o “espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele [Cristo]” (Efésios 1:17).<br /><br /><br /><br /><blockquote></blockquote><br /><br /><blockquote><span style="font-size:100%;color:#000066;">Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém! (Efésios 3:20-21)</span><br /></blockquote></span></span></span></blockquote></span></span><span style="color:#003300;"><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:100%;color:#000066;"></span></span></span></div></div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-53829884401771189572009-07-03T12:27:00.000-07:002009-07-03T13:33:49.516-07:00NOSSA IDENTIDADE - O QUE É SER REFORMADO? - PARTE 5<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6MekmhEw0tCewuwcm45PFcWxs_hU04ASGXIjZJ28n9-SyCW9-wi38DRxtJENsvmBvh8-6MK9wKY9dTkUXavEU4mDZ44wCQkBDzHqUZVi7yf08U3nROR5l-irgQRjp5At3bEXeZqmeUno/s1600-h/225px-Abraham_Kuyper_-_Griffis%5B1%5D.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 344px; DISPLAY: block; HEIGHT: 384px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5354334115631823218" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6MekmhEw0tCewuwcm45PFcWxs_hU04ASGXIjZJ28n9-SyCW9-wi38DRxtJENsvmBvh8-6MK9wKY9dTkUXavEU4mDZ44wCQkBDzHqUZVi7yf08U3nROR5l-irgQRjp5At3bEXeZqmeUno/s320/225px-Abraham_Kuyper_-_Griffis%5B1%5D.jpg" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:georgia;font-size:100%;color:#003300;"><strong>Como relacionamos o Evangelho com mundo: </strong></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:georgia;font-size:100%;color:#003300;"><strong></div></strong></span><br /><div align="justify"><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:georgia;color:#003300;"><strong>A ênfase transformacionalista</strong></span><br /></span><br /><span style="font-family:georgia;">Nessa ênfase, os reformados referem-se a uma determinada visão do relacionamento do Cristianismo com a cultura, a uma visão de mundo e vida. A questão para os transformacionalistas é: Como os cristãos se relacionam com cultura existente ao seu redor? Mais especificamente, como os cristãos promovem o Senhorio de Cristo na cultura e na sociedade? Como a igreja dirige o Evangelho ao mundo ao seu redor e evita o isolacionismo que tão freqüentemente tem caracterizado a igreja? Seis palavras ou frases ajudam a compreender esta dimensão do ser reformado.<br /><br />1. Jesus é Senhor (Filipenses 2:11)<br /><br />Estas palavras, naturalmente, aparecem fortemente na Bíblia. Paulo conclui grande hino em louvor a Cristo, “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, ... e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fil. 2:11). Uma outra frase bíblica que os reformados para marcar o mesmo ponto é “nosso Deus reina”.<br /><br />Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina! (Isa. 52:7)<br /><br />Esta afirmação que Jesus é Senhor assume significado particular no mundo moderno onde somos flagelados pelo dualismo, a devastadora separação entre o sagrado e o profano. A visão secular de mundo, no ar que se respira hoje, pode levar os cristãos a crerem que o mundo está rachado realmente em dois, rachado entre o que sagrado e o que é profano. Aconselha-se aos cristãos a terem seu pequeno Jesus para o seu pequeno mundo sagrado, mas o que se pede aos cristãos é que se aplique Jesus somente a esse mundo pequeno chamado “o sagrado”.<br /><br />Quando os reformados ouvem tal argumento sagrado/secular, recordam as palavras de Jesus:<br /><br />“Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mat. 28:18), e o ensino de Paulo que Deus “ressuscitando [a Cristo] dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro”. (Efésios 1:20-21).<br /><br />Sob a liderança de Abraham Kuyper (<span style="color:#cc0000;">retrato acima</span>), os reformados rejeitam fortemente este dualismo secular/sagrado e declaram que Jesus é Senhor de tudo. Se a passagem mais conhecida do Catecismo de Heidelberg é a Pergunta e a Resposta nº 1 (“Qual é o seu único conforto na vida e na morte? Que eu pertenço... ”), a citação mais conhecida de Abraham Kuyper é, “não há uma polegada quadrada no domínio inteiro de nossa existência humana que Cristo, que é Soberano sobre tudo, não reclame: ‘É minha!’'”<br /><br />2. Reino (Mateus 6:10)<br /><br />O conceito de senhorio de Cristo sobre todas as coisas está relacionado intimamente com à ênfase bíblica e reformada sobre o reino de Deus. Jesus disse, o “`o tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos, e crede no evangelho'” (Marcos 1:14 - 15). Jesus ensinou muitas parábolas do reino. Jesus ensinou os cristãos a orarem, “venha o teu reino. Seja feita a sua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10).<br /><br />O reino de Deus é o governo de Deus sobre todas as coisas. Deus é rei. Ele é soberano. Ele reina.<br /><br />Deus sempre governou, mas seu domínio foi vindicado e estabelecido uma vez e por todas na morte e na ressurreição de Jesus Cristo (Colossenses 1:15-20; Efésios 1:15-23).<br /><br />O reino é tanto uma realidade presente como futura. É “agora” e “ainda não”. Jesus disse que o reino está à mão; também orou para que o reino viesse.<br /><br />Em que pese o alto grau de alienação das igrejas reformadas pelo mundo afora, da IPB não se pode dizer que esteja tão marcada pela completa alienação quanto a participação em esforços do reino, ainda que seus esforços particulares tenham deixado muito a desejar.<br /><br />Como fruto deste conceito do reino a IPB poderia desenvolver ou se engajar mais em um sem número de ministérios. A lista abaixo mostra o pouco do que se tem feito:<br />– Faculdades e escolas de propriedade ou mantidas pela igreja – Mackenzie etc;<br />- Hospitais filantrópicos – Rio Verde/GO;<br />– Abrigos ou orfanatos para crianças abandonados inclusive com deficiências físicas e mentais, alguns esparsos;<br />– Associação de cidadãos em prol da justiça pública – iniciativa pouco incentivada;<br />– Centros de desenvolvimento comunitários – também muito omitidos;<br />- Centros de aconselhamento cristão a casais, crentes e descrentes etc.<br /><br />Os cristãos vivem na esperança de que o reino ainda não é. O olhar dos cristãos para frente não é apenas à derrota, mas ao banimento de Satanás, ao retorno glorioso de Cristo, e a um novo céu e uma nova terra onde não haja não mais choro ou destruição ou morte e onde, no nome de Jesus, todo joelho se curvará e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor.<br /><br />Intimamente relacionado à ênfase acima, o reino como compromisso com a busca da justiça na sociedade. Muitas passagens das Escrituras conclamam os cristãos a buscarem a justiça, mas nenhuma é mais eloqüente do que a chamada de Miquéias a Israel:<br /><br />Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.(Mic. 6:8)<br /><br />Por conseqüência à ênfase sobre o senhorio de Cristo e o reino de Deus que os reformados podem ser fortes promovedores de uma participação mais ampla na sociedade. E justiça é o que geralmente buscam os cristãos quando trabalham nestas áreas mais amplas. Os teólogos e filósofos falam sobre o relacionamento entre o amor e a justiça. Geralmente falando, os cristãos interpretam a chamada de Deus para amar como se aplica aos relacionamentos pessoais que os cristãos tem as pessoas dentro das comunidades em que vivem; enquanto que a justiça é algo que os cristãos podem procurar para todos os povos em toda parte. Alguns exemplos de busca da justiça são:<br />- Lutando contra leis ou práticas que causam a discriminação racial ou iniqüidades econômicas.<br />- Promoção de um apropriado equilíbrio entre punição, reabilitação e restauração no sistema judiciário penal.<br />- Promoção de políticas que aliviam o sofrimento, a pobreza, e a fome humanos e que dão esperança e oportunidade aos membros mais fracos da sociedade.<br /><br />Uma advertência importante está colocada aqui. A justiça bíblica e a idéia de justiça como é usada no discurso político têm freqüentemente seguido diapasões bem diferentes. A justiça na sociedade em geral tende a focalizar direitos pessoais, o que alguém assim o entende, o que é devido a um indivíduo; no entanto a justiça na Bíblia, apesar de incluir certamente interesse aos direitos pessoais enraizados no status exaltado da pessoa humana como portador da imagem de Deus, exalta as noções do justiça, obediência à lei de Deus, a restauração dos relacionamentos, e correção de erros que conduzem à justiça e à paz. A justiça na Bíblia está ligada completamente com o reino de Deus e da nova ordem de justiça e paz de Deus.<br /><br />3. Palavra e Obras (Tiago 2:14-17)<br /><br />Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. (Tiago 2:14-17).<br /><br />Assim como uma compreensão bíblica da vida Cristã conduz rapidamente à igreja, assim uma compreensão bíblica da igreja conduz rapidamente à natureza da missão: palavra-e-ação da igreja. A missão da igreja tem um componente de palavra (proclamação); tem também um componente de obras (ação).<br />- A igreja proclama que Jesus é Senhor e conduz os ouvintes no bem-estar público.<br />- A igreja chama as pessoas à fé em Jesus Cristo e ajuda na restauração de refugiados..<br />- A igreja constrói o corpo dos crentes e promove a justiça na sociedade.<br />- A igreja tem presbíteros e diáconos.<br />A palavra e a ação seguem juntas na vida cristã e no ministério da igreja. A igreja não pode dividir o ministério da palavra e da ação, e certamente não pode escolher entre elas.<br /><br />4. O Mandato Cultural (Genesis 1:27-28)<br /><br />O mandato cultural é um termo que se ouve freqüentemente nos círculos kuyperianos, nos círculos reformados. O mandato cultural se refere especificamente a Genesis 1:27 - 28:<br /><br />Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.<br /><br />Este é um mandato, uma descrição de trabalho que Deus deu a Adão e a Eva no começo do mundo no Jardim de Éden. Deus deu a Adão e Eva uma posição de domínio sobre toda a terra, uma posição que incluía o poder nomear, que, de maneira significativa, é o poder de criar. Os seres humanos governam o mundo com Deus!<br /><br />Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: (Sl. 8:5-6)<br /><br />O ponto aqui não é que os seres humanos estão no controle e podem fazer qualquer coisa que querem. O ponto não é que as pessoas podem dominar e explorar. É completamente o oposto. Os seres humanos foram apontados como encarregados; responsáveis por fazer muito mais do que Deus tem feito neste grande mundo. Os seres humanos são construtores, arquitetos, criadores!<br /><br />O mandato cultural acompanha uma ênfase forte sobre a criação. Uma das coisas que flui diretamente de uma forte doutrina da criação e do mandato cultural é uma apreciação da ciência. Os cristãos reformado não tem a profunda suspeita da ciência (ou da educação de modo geral, pelo que é) como alguns cristãos tem. Deus revelou-se por meio de dois livros: o livro da Escritura e o livro da natureza. Do último livro, o salmista diz, “os céus proclamam a glória de Deus; e o firmamento as obras de suas mãos”. (Salmo 19:1). A ciência é uma maneira sistemática de “ler” o livro da natureza. Quando o livro da ciência parece opor-se ao livro da Escritura, os cristãos reformado releu e estudam ambos os livros para ver onde está a má leitura. Finalmente, estes dois livros não podem se contradizerem porque Deus é o autor de ambos.<br /><br />O encargo ambiental é outra forte implicação do mandato cultural e de sua ênfase sobre a criação. “Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.” (Salmo 24:1). Os cristãos são zeladores da terra e do ambiente. Este mundo não é nosso para fazer com ele o que nos apraz. É mundo de Deus, e ele apontou os seres humanos para serem seus encarregados, zeladores, e guardiães.<br /><br /><br />5. Educação Cristã (Provérbios 9:10)<br /><br />“O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência” (Prov. 9:10)<br /><br />Os reformados compartilham com todos os cristãos uma forte ênfase na educação cristã. Historicamente, a IPB, em particular, enfatiza a importância da educação cristã não somente no lar e na igreja, mas também nas instituições educacionais – ensino fundamental, médio e superior. Porque Cristo é o Senhor de toda a vida, inclusive todas as esferas da aprendizagem, toda a educação deve ser centrada em Deus. Nesta compreensão da integração da fé e da aprendizagem, Deus não deve ser deixado fora da educação em nenhum nível.<br /><br />O mandato bíblico para a educação cristã, para integrar Cristo em todas os facetas da vida e aprender, talvez pode ser visto mais clara e belamente em Colossenses 1:15 - 17:<br /><br />Este [Cristo] é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.<br /><br />Conseqüentemente, as escolas de Cristã iniciadas por cristãs reformados são construídas sobre uma visão positiva: Aprender está enraizado em Cristo. Ao mesmo tempo, não são opostos à instrução pública. Como cidadãos públicos, os cristãos reformado são tipicamente suportes do sistema de instrução pública local; eles sustentam escolas cristãs e apóiam a cobrança de impostos para o sustento de escolas públicas. Muitas igrejas locais da IPB têm professores e estudantes em escolas cristãs e em escolas públicas.<br /><br />Embora as escolas cristãs tenham isolado às vezes a comunidade da escola cristã de sua comunidade mais ampla, tal isolamento não é o objetivo e de fato não deve ser oferecida resistência a que haja uma volta ao normal. O mundo todo, e não apenas a igreja, é de Deus; e Deus, em sua graça comum, importa-se com todas as pessoas, mesmo com aquelas que não o conhecem. Os cristãos reformado tem convicções fortes sobre a educação cristocêntrica; têm também um forte interesse no bem estar de toda a pessoa.<br /><br />6. Vocação Cristã (Efésios 4:1)<br /><br />“Vivam de uma maneira que esteja de acordo com o que Deus quis quando chamou vocês” (Ef. 4:1 - NTLH). A vida inteira do cristão – não apenas no domingo e na igreja – é de divina vocação, uma resposta à chamada de Deus para seguir a Cristo. Num mundo onde todas as coisas devem pertencer a Cristo, os cristãos oferecem cada parte de seu viver - seu tempo, seu trabalho, seus dotes, sua criatividade, sua riqueza, sua recreação – a Deus como oferta ação de graças e de obediência.<br /><br />Muitas pessoas que ouvem a palavra calvinista imediatamente pensam acerca “da ética do trabalho calvinista”, uma ética de trabalhar duro, honesto, e de orgulhar-se de um trabalho. É que o trabalho ético está enraizado na convicção calvinista de que todo o ser trabalho humano – chame-se de um emprego, uma carreira, uma vocação, tanto super-poderoso quanto simples, tanto altamente remunerado quanto não remunerado, é uma resposta à chamada de Deus e é parte do mandato de Deus de governar a terra e do comando de Cristo de segui-Lo.<br /><br />Além de nosso trabalho diário, esta compreensão abrangente de Deus chama nossas vidas a produzir fortes e conscienciosos servidores do reino nos negócios, profissões, trabalho, lides domésticas, militância em organizações civis da sociedade, em organizações voluntárias, educacionais, cientificas, industriais, agricultura, serviço público em geral.. Esta ênfase sobre a vocação cristã é uma das razões pela quais as igrejas reformadas têm especial carinho pelas artes liberais cristãs em cada área educacional, da filosofia a medicina, da biologia aos negócios, é uma resposta à chamada de Deus. Este senso saudável de vocação cristã promove também um senso forte de comissariado – compromisso de usar sàbiamente o tempo, os talentos, os recursos, e a riqueza que Deus nos confiou.</span></div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-82447219996149652992009-07-03T12:15:00.000-07:002009-07-24T10:50:59.249-07:00NOSSA IDENTIDADE - O QUE É SER REFORMADO? - PARTE 4<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkCBpQzyklg-yCEQn8no1RnyoU8G4uBMzY27qVGtEKhDTgnNHfQC4B6E4njEB5q_mAA8ePrxZ7sJCKgHJ0Giktd99p6XpMrJzsr5mQosj82MzycAX77EmQ7grKRBVvTZU-awLOBCviFLw/s1600-h/August1%5B1%5D.gif"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 222px; FLOAT: left; HEIGHT: 366px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362085629451480242" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkCBpQzyklg-yCEQn8no1RnyoU8G4uBMzY27qVGtEKhDTgnNHfQC4B6E4njEB5q_mAA8ePrxZ7sJCKgHJ0Giktd99p6XpMrJzsr5mQosj82MzycAX77EmQ7grKRBVvTZU-awLOBCviFLw/s400/August1%5B1%5D.gif" /></a><br /><div><br /><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#000066;"><strong>Como experienciamos Deus no nosso viver diário da fé:</strong></span></div><br /><br /><div align="justify"><br /><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:verdana;"><span style="color:#000066;"><strong><span style="font-size:180%;">A ênfase pietista</span><br /></strong></span></span></span><br />É importante apontar mais uma vez que as três abordagens (doutrinalista, pietista e transformacionalista) se sobrepõem. Os cristãos não podem separar o que crêem, do como experimentam Deus em sua caminhada diária de fé, do como relacionam o Evangelho ao mundo. Mesmo assim, estas três abordagens captam ênfases diferentes não somente dentro da IPB, mas também na Igreja Cristã vista mais amplamente.<br /><br />1. Relacionamento pessoal com Jesus. (Romanos 8:38-39)<br /><br />Enquanto vivem os reformados são constantemente instados a se perguntarem “qual o seu fim supremo e principal?” e a responderem “O meu fim supremo e principal é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre!” – a primeira pergunta do Catecismo Menor de Westminster. Já em seus leitos de morte, seus pastores freqüentemente usam a primeira pergunta, e resposta, do Catecismo de Heidelberg para lembrá-los da essência de sua fé: “Qual é o seu único conforto na vida e na morte? Que eu não pertenço a mim mesmo, mas de corpo e alma, na vida e na morte, pertenço a meu fiel Salvador Jesus Cristo.”<br /><br />A essência de nossa fé é o nosso relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Conforme Paulo diz em Romanos 8,<br /><br />Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. . (vv. 8:38-39)<br /><br />Às vezes, a tradição reformada foi mal compreendida por enfatizar demais a “cabeça” - sabendo corretamente a doutrina – e não suficientemente o “coração” – nosso relacionamento pessoal com Cristo. Entretanto, o Catecismo de Heidelberg, os padrão confessional mais usado e mais amado na IPB, é cheio de referências a um relacionamento pessoal com Jesus Cristo, e é uma declaração profundamente pastoral e pessoal da fé. Entretanto, mais importante do que a reivindicação do catecismo, a fé cristã, em seu cerne, é a história de Deus que restaura os pecadores para um correto relacionamento com Ele através de Cristo.<br /><br />Nem todos os cristãos e tradições de fé estão abertos e prontos para falar sobre seu relacionamento com Cristo desta maneira. De fato, como foi apontado na breve explanação da abordagem pietista, igrejas cristãs reformadas, na Europa, tem rompido com as igrejas do Estado quando estas se tornam muito liberal e embaraçam o que se convenciona chamar de “falar ao coração”. O mesmo fenômeno ocorre em relação a igrejas tradicionais nos EUA, Canadá etc. Muitas igrejas, de fato, hoje também relutam em chamar as pessoas para este encontro mais pessoal com Jesus Cristo. Enquanto os reformados vêem sempre a obra de Cristo a abranger mais do que o relacionamento pessoal do crente com Jesus Cristo, nunca o vêem como menos do que esta união pessoal com Cristo. Os reformados têm preocupação com a tendência do evangelicalismo de, às vezes, falar sobre de um relacionamento com Jesus de uma maneira que indevidamente estreita o espaço da vida cristã. A vida cristã é mais do que as minhas afeições internas, meus sentimentos sobre e para com Cristo.<br /><br />O estado interior do crente pode, mas não necessariamente, ser o melhor ponto de referência para a obediência cristã. Especialmente em uma era terapêutica, dominada pela questão da felicidade e a auto-realização internas, os reformados são corretamente preocupados com o dizer “relacionamento pessoal com Jesus Cristo” para não compreender outras maneiras igualmente importantes e freqüentemente mais detalhadas de compreender e representar a vida cristã.<br /><br />2. O Espírito Santo (Romanos 8:1-17)<br /><br />O Espírito Santo é uma das três pessoas da Trindade Santa de Deus. Os cristãos bíblicos procuram uma apreciação apropriada e equilibrada para a obra de todas as três pessoas da Divindade. Além disso, os cristãos não somente enfatizam o trabalho de cada pessoa da trindade - Deus Pai na criação, o Filho na redenção, e o Espírito Santo na santificação – ressaltam também a unidade e a comunhão da vida divina e da maneira que as Escrituras revelam a Deus como a comunidade divina do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Certamente, na vida e na verdadeira comunhão com o próprio Deus, os cristãos vêem modelado a comunhão e o amor que se doam para os que foram criados e redimidos.<br /><br />Dentro dessa comunhão trinitária, o Espírito Santo é mais santificador do povo de Deus e da vida e testemunho da Igreja. A obra do Espírito Santo é todo abrangente. O Espírito Santo é o doador da vida espiritual; é quem renova os crentes para serem como Cristo; é quem dá ao crente o seu fruto – amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio; e é quem concede dons a igreja para capacitá-la para o ministério. João Calvino e o Catecismo de Heidelberg oferecem uma teologia rica e vibrante do Espírito Santo. (Um teólogo século XIX referia-se a João Calvino como “o teólogo do Espírito Santo”). As confissões reformadas enfatizam especialmente essas obras do Espírito Santo:<br />- O Espírito Santo dá ao crente a fé salvadora e a nova vida espiritual.<br />- O Espírito Santo dá ao crente a segurança da vida eterna.<br />- O Espírito Santo renova o crente para ser como Cristo (a obra da santificação).<br />- Pela Palavra de Deus e pelo Espírito (uma combinação importante para os reformados), Cristo reúne a sua igreja. O Espírito Santo a edifica.<br />- O Espírito Santo está ativo nos Sacramentos, unindo-nos ao corpo e ao sangue de Cristo, lavando-nos de nossos pecados pelo sangue de Cristo, tornando efetiva a presença real de Cristo no batismo e na comunhão. Certamente, a adoração cristã somente é possível por causa da vida e obra do Espírito Santo na igreja.<br /><br />Há quem muito freqüentemente associa o Espírito Santo com tipos particulares de piedade ou de dons extraordinários do Espírito Santo (curas, línguas, profecia). O ensino acerca do Espírito Santo acima apresentado demonstra claramente que a obra do Espírito Santo é detalhada, abrange cada aspecto da vida dos crentes, do ministério da igreja, e do propósito redentivo de Deus.<br /><br />É importante dizer neste momento uma palavra sobre o papel da oração na vida cristã e na igreja. De acordo com o Catecismo de Heidelberg, a oração é a parte principal da gratidão, que Deus requer de nós. Os cristãos oram para pedir e agradecer a Deus os dons de sua graça e do Espírito Santo (Perg. e Resp. 116). O Espírito Santo é tanto o sujeito quanto o objeto da oração cristã. O Espírito Santo capacita os cristãos a orar e é o dom que vem aos que oram. Uma compreensão rica e vívida do Espírito Santo será acompanhada por uma compreensão e prática ricas e vívidas de oração.<br /><br />Finalmente, um envolvimento rico e vívido com o Espírito Santo é visivelmente inseparável da adoração cristã. Adoração como envolvimento de Deus e de seu povo é, do começo ao fim, revestido pelo Espírito Santo. O Espírito Santo é central na compreensão reformada da presença real de Cristo nos Sacramentos e na pregação como encontro com Deus, através de seu Espírito. Adoração e renovação, onde quer que ocorre, é obra do Espírito Santo.<br /><br />3. Gratidão (Colossenses 3:15-17)<br /><br />Uma pergunta muito importante relacionada á vida cristã é: O que motiva o crente? Qual a disposição enraizada que reveste tudo em termos de vida cristã? A resposta da Bíblia, e a ênfase reformada, é gratidão – não é culpa, medo, obrigação da lei, mas gratidão. Toda a vida cristão é ação na direção de uma resposta: Obrigado!<br /><br />Em Colossenses 3, aonde Paulo apresenta os princípios de nossa vida nova em Cristo, menciona três vezes ação de graças:<br /><br />Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos. Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. (vv. 15-17, itálicos acrescidos)<br /><br />É irônico que crentes que enfatizem a gratidão como fonte energizante de toda a disposição e ação cristãs possam ainda sejam seduzidos pelo legalismo – conformidade externa com o que pode ou o que não pode fazer – pois o legalismo desliga os crentes de Cristo. O legalismo leva à pessoa a se preocupar com o que a outra pessoa vê, e não com o que Deus vê. O espírito legalista está longe do espírito grato, longe da essência da ação de graças.<br /><br />Tal legalismo por vezes contamina a piedade da IPB e deve ser reconhecido pelo que é: uma perversão, uma falha, um pecado a ser confessado, e uma contradição com o ensino bíblico central, a saber, que toda a obediência flui de um coração em que brota a gratidão.<br /><br />Uma das características mais significativas do Catecismo de Heidelberg é a colocação de seu ensino sobre os Dez Mandamentos. Das três seções do Catecismo - Nossa Culpa, Graça de Deus, Nossa Gratidão – os Dez Mandamentos são colocados na seção da gratidão. Os cristãos não obedecem a Deus a fim de serem libertos de sua culpa ou a fim ganhar sua salvação. Obedecem porque Deus removeu suas culpas e lhes deu o livre dom da salvação. A obediência é a maneira do cristão se dizer grato pelo dom da salvação, não é a maneira de ganhar a salvação.<br /><br />Vincular a obediência à gratidão não significa que a obediência é menos importante, e que o cristão deve somente obedecer a Deus nos dias em que se sente especialmente grato. O dever, a disciplina, a chamada, e a obrigação são ainda marcas importantes da piedade cristã. Mas a culpa, o medo, e o moralismo têm valor limitado como motivadores para a vida cristã. Toda a obediência finalmente deve fluir das veias mais profundas da gratidão, do coração agradecido.<br /><br />4. A Igreja (Efésios 4:1-16)<br /><br />Quando os reformados falam de vida cristã, bem rapidamente começam a falar de igreja. Os reformados defendem fortemente a idéia de que pertencer a Cristo é pertencer àqueles que pertencem a Cristo. Muitos cristãos têm noção falsa de que pode ser um cristão mas não ter nenhuma conexão à igreja, ao corpo de Cristo. Uma tendência que tem sido muito notada na cristandade norte-americana é a de reduzir indevidamente o espaço da vida cristã a um relacionamento pessoal com Jesus, e às afeições e sentimentos internos. Trata-se de um foco tão estreito que o torna demasiadamente interno e subjetivo, e freqüentemente desconectado da igreja. Quando um relacionamento pessoal com Jesus Cristo e a presença interna Espírito Santo for uma parte importante da experiência cristã, esse relacionamento com Cristo e o Espírito é encarnado na igreja, comunidade da aliança dos crentes, o filhos de Deus que Ele reuniu se reunindo.<br /><br />A igreja como corpo de Cristo é estratégico no grande programa missionário de Deus. Ao invés da igreja existir para si e em si, ela para proclamar o Evangelho às nações e chamar os povos à fé e ao discipulado. Pedro vincula claramente a identidade da igreja com sua finalidade:<br /><br />Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (1 Pedro 2:9)<br /><br />Quando as igrejas vivem menos para a sua própria segurança institucional e dão mais de si mesmo em prol da fé e obediência à missão de Deus, experimentam a bênção de Deus. O ensinamento de Jesus de que “quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mateus 16:25) aplica-se à igreja tanto quanto a indivíduos.<br /><br />Igrejas que perdem suas vidas por causa de Cristo e se dedicam ao propósito missionário de Deus ao fim tem achado suas vidas. É também importante compreender que a igreja em que os crentes são conectados organicamente é uma igreja mundializada em toda sua história e diversidade. Estar em Cristo deve representar reconciliação um com o outro como uma comunidade inter racial e inter étnica de Deus. A justiça e a obra de reconciliação não são simplesmente uma opção para as igrejas escolhem perseguir, ele são uma marca fundamental da igreja como comunidade nova de Deus.<br /><br />Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos {ambos: judeus e gentios} fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito. (Efésios 2:14-18)<br /><br />Os cristãos brasileiros tendem hoje a minimizar a importância de sua identificação com a igreja mundial. “Quem se importa com a igreja da história ou com a igreja mundializada?” Mas a igreja não foi inventada nos anos de 1980 no interior do Paraná ou no Século XIX, no Rio de Janeiro. A igreja deve se lembrar de sua profunda solidariedade com a igreja de todos os tempos e lugares. Um corretivo tão necessário ao individualismo extremado de nossa época é os cristãos verem o projeto de santificação pessoal menos como um projeto interno, individual, e mais como uma viagem em busca da conexão às práticas e hábitos universais comuns aos cristãos de toda a parte e durante toda a história. Tal solidariedade com a igreja e a apreciação universal da tradição não inibe a mudança e a inovação na igreja. Um princípio reformado chave é que “a igreja reformada está sempre reformando”. A própria Reforma foi uma reforma e renovação radicais da igreja, e assim, a igreja vem de lá pra cá sempre se reformando, e renovando-se, morrendo e levantando-se. A igreja como um organismo vivo, conectado vitalmente a Cristo como ramo da videira é, por definição, sempre crescendo e sempre mudando.<br /><br />5. Palavra e Sacramentoo (Romanos 10:14-15; Mateus 28:16-20; e 1 Coríntios 11:23-26)<br /><br />A adoração pública é uma das principais maneiras pelas quais os cristãos nutrem sua fé e seus relacionamentos com Deus. Para os reformados, o cerne da adoração cristã é a pregação da palavra e a celebração dos Sacramentos. É significativo que os ministros na IPB são ordenados ao ministério da Palavra e dos Sacramentos.<br /><br />Os reformados têm em alta conta a pregação. A pregação não é somente uma palestra em que o pregador fala sobre Deus; é um encontro encarregado pelo Espírito com Deus em que o pregador, na leitura da Escritura e em na pregação, proclama-se a Palavra de Deus. Os reformados falam realmente do sermão como Palavra de Deus para ressaltar o significado revelacional da pregação no contexto do culto público. Nesta conexão, é significativo que no culto reformado o Espírito Santo é tradicionalmente invocado não somente no contexto dos Sacramentos mas também no contexto da leitura e da pregação da Palavra (a oração pela iluminação).<br /><br />Assim como a renovação do interesse pela adoração ocorre ao redor do mundo e dentro da IPB, há também um interesse renovado pelos Sacramentos, a comunhão e o batismo. É importante notar duas ênfases particulares de reformados quando vem aos Sacramentos. Primeiramente, os reformados procuram reconhecer e comemorar todos os temas bíblicos associados a cada Sacramento. Assim como um diamante tem muitos lados e ângulos diferentes a serem vistos, cada Sacramento é visto na Escritura de muitos ângulos diferentes.<br /><br />Por exemplo, o batismo esta ligado à discipulado (Mateus. 29:19), ao dom da salvação (Marcos 16:16), a recepção do Espírito Santo (Lucas 3:16; Atos 8:16; 10:44 - 47), novo nascimento (João 3:3), perdão e lavagem (Atos 2:38; 22:12), morte e ressurreição com Cristo (Romanos 6:4; Colossenses 2:8), incorporação à igreja (1 Cor. 12:13), as novas vestes em Cristo (Gálatas 3:27), e a unidade do corpo (Efésios 4:5).<br /><br />A Ceia do Senhor está ligada também a muitos temas da Escritura, tais como a renovação da aliança (Ex. 24:8), ações de graças, perdão, esperança escatológica da festa no céu (Mateus 26:26 - 29), remissão (Marcos 4:12), nutrição espiritual (João 6:35), memorial (1 Cor. 11:24), e proclamação (1 Cor. 11:26). A tradição reformada busca reconhecer e comemorar todas essas dimensões bíblicas dos Sacramentos.<br /><br />Uma segunda ênfase reformada com respeito aos Sacramentos é o lugar que se reconhece à atuação de Deus. Cada sacramento envolve ação de Deus e a nossa ação. Mas os reformados enfatizam a ação de Deus em ambos os Sacramentos: a maneira pela qual Deus, em sua graça, promete, proclama, nutre, sustenta, conforta, desafia, ensina, e assegura. Por outro lado, os Sacramentos são mais do que apenas um exercício à parte do cultuador. São celebrações pelas quais, com o poder do Espírito Santo, Deus está presente entre nós e ativamente nutre a nossa fé e nos atrai para mais perto dele. São os meios pelos quais Deus vem a nós realmente em graça.<br /><br />As pessoas ao redor do mundo estão hoje com fome de mistério e de transcendência, espalham muitas novas formas de espiritualidade. Até mesmo muitos cristãos anseiam por despertamento e transcendência no culto; anseiam ver o poder de Deus no culto e experimentar sua presença divina de modo real e poderoso Em tal mundo, os reformados têm em sua própria tradição de adoração uma ênfase sobre a palavra e os Sacramentos que destaca o grande compromisso entre Deus e o seu povo que ocorre na adoração cristã no poder do Espírito Santo.</div></div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-73756603526971357992009-07-03T10:47:00.000-07:002009-07-24T10:49:28.195-07:00NOSSA IDENTIDADE - O QUE É SER REFORMADO? - PARTE 3<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb1oL5aZbSFE6r6ferm3zh72t9DbQxPk7vai2pR26X0BlWJQRl-40V_sDP7uGiesFRfxPuiVniebcZloYbd4a2ZhWWFhfrh0e25W2L9gT_A4PKYDMoxflqExSWr67xKH0kOvFq97Ybcfo/s1600-h/calvin_debout%5B1%5D.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 167px; FLOAT: left; HEIGHT: 223px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362085181886891810" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb1oL5aZbSFE6r6ferm3zh72t9DbQxPk7vai2pR26X0BlWJQRl-40V_sDP7uGiesFRfxPuiVniebcZloYbd4a2ZhWWFhfrh0e25W2L9gT_A4PKYDMoxflqExSWr67xKH0kOvFq97Ybcfo/s400/calvin_debout%5B1%5D.jpg" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZh82axnus_-PBJTYCH2B6BpXsl_D9ccloi4s3WA59OcoUO5lkR9eUwtLhfEPj41tmTqWnye7ZdY1yneUhyphenhyphenm4M9p33X2ODdUHSV33JZTdbyGRwVy1GN4QBYB9hCfDJVhvD9nnu-U04jVY/s1600-h/calvin_debout%5B1%5D.jpg"></a><br /><br /><div align="justify"><strong><span style="font-size:180%;color:#cc0000;">O que cremos:<br /></span></strong><br /><strong><span style="font-size:180%;color:#cc0000;">A ênfase doutrinarista</span></strong><br /><br /><em>1. Escritura (2 Timóteo 3:16)<br /></em><br />Os reformados têm uma alta visão acerca da Escritura. Crêem que a Bíblia é a palavra de Deus inspirada, infalível e autoritativa. Duas passagens da Escritura iluminam a natureza e a autoridade da Escritura:<br /><br />Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.. (2 Tim. 3:16-17)<br /><br />Sabendo, primeiramente, isto; que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação, porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo (II Pedro 1:20 - 21)<br /><br />Inspirada, infalível e autoritativa são três palavras que os reformados freqüentemente utilizam para explicar sua visão da Escritura. Inspirada tem em vista a fonte da Escritura: Deus mesmo que fala por seu Espírito Santo através dos autores humanos. Infalível significa que a Escritura é verdadeira e absolutamente sem falhas em matéria de fé e prática. A Bíblia é verdadeira e fidedigna em tudo o que pretende ensinar. Autoritativa se refere à reivindicação da Palavra de Deus para que os crentes vivam a vida de verdadeiros servos debaixo do domínio de Deus, e por isso chamados para obedecer a Palavra de Deus.<br /><br />Durante a Reforma, os reformados afirmaram Sola Scriptura (Somente a Escritura) para distinguir-se da Igreja Católica Romana, que afirmavam que a Escritura, a tradição (os ensinos da igreja), e os pronunciamentos oficiais da igreja estavam tudo no mesmo nível de igualdade em termos de autoridade. A isso os reformadores responderam que somente a Escritura é nossa autoridade para a fé e a vida.<br /><br />Hoje a ameaça mais forte a essa visão elevada da Escritura não é dos que querem elevar os ensinos da Igreja a um nível de autoridade igual a da Escritura. Mas, é dos que querem rebaixar a Escritura, dizendo que não é Palavra de Deus em tudo, não é de Deus o que não for historicamente exato, e coisas como a ressurreição são mitos piedosos, e que não é de fato autoritativa para nossas vidas. Os cristãos reformados resistem firme a tudo o que ao olhar moderno e a mente iluminista possam considerar tolice, crêem que este livro é o meio pelo qual Deus do universo se comunicou com os seres humanos, os portadores de sua imagem. Acreditam que este livro é a Palavra de Deus.<br /><br />Outra ameaça à elava visão da Escritura nos dias de hoje é o que pode ser chamado de visão da revelação de Deus como ainda não acabada. Muitos cristãos testificam Deus se lhes auto-revelam pessoalmente, interna, e excepcionalmente. Enquanto os reformados jungem inteiramente a obra do Espírito Santo com a Palavra, insistindo portanto que o Espírito e a Palavra trabalham juntos. Conforme Henry Stob, antigo professor do Seminário Calvino nos EUA, indicou sucintamente, “o Espírito sempre cavalga na garupa da Escritura”. Ou como o celebre Bernardo de Clairvaux disse, “A Escritura é a adega do vinho do Espírito Santo”.<br /><br />Finalmente, uma palavra sobre a mensagem da Bíblia. É possível aos cristãos ficarem tão absorvidos em debates acerca da natureza e autoridade do Bíblia que perdem a sua mensagem positiva. A Bíblia não é antes de tudo um jogo de problemas a resolver; é uma história dramática de salvação do mundo por Deus. O ator principal nessa história é Jesus Cristo. O clímax dessa história é sua morte e ressurreição. Tudo isso e mais é o que a igreja tem em mente quando diz que é a essência da Bíblia é a “revelação redentiva”.<br /><br /><em>2. Criação, queda e redenção (Colossenses 1:15-20)<br /></em><br />Criação/queda/redenção é uma forma basicamente reformada de organizar e de compreender a Bíblia e sua mensagem, e de compreender a história. Deus criou o mundo; o mundo caiu em pecado; Deus redimiu e redime o mundo através da obra de Cristo, uma redenção que um dia estará completa quando Deus criar novos céus e nova terra.<br /><br />Os pastores e presbíteros sempre se deleitam quando os mais jovens se apresentam para fazer profissão da fé. No curso da entrevista, ao jovem é geralmente se pergunta, “o que significa ser cristão?” Os pastores e as presbíteros ficam satisfeitos com toda a resposta que inclui uma clara referência a Jesus Cristo, o Filho de Deus, e à sua morte e ressurreição para nossa vida eterna. Os pastores e presbíteros reformados ficam duplamente satisfeitos quando um jovem começa assim a resposta a essa pergunta,<br /><br />“Bem, os cristãos crêem que no principio, Deus criou todas as coisas E então, o mundo caiu em pecado...”. Criação/queda/redenção é a maneira de povo reformado contar a história. É o roteiro da história e da Escritura. Mais serão acrescentados mais tarde sobre a importância da doutrina da criação. Aqui, entretanto, a importância crítica do ensino bíblico de que os seres humanos são portadores da imagem de Deus deve ser anotada.<br /><br />Disse também Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança: domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todo o réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gen. 1:26-27). O ensino bíblico de que os seres humanos são portadores da imagem de Deus é central para o autoconhecimento e o conhecimento de Deus. É por causa da imagem de Deus dos seres humanos é que eles cumprem o mandato divinamente concedido de dominar sobre todas as coisas (V. 26) e vivem em comunhão uns com os outros.<br /><br />Conforme diz João Calvino no inicio das suas Institutas, os seres humanos começam saber mais sobre si à medida que aprendem mais sobre Deus, e saber mais sobre Deus quando aprendem mais sobre si mesmos. Isso é assim porque os seres humanos, de fato, são portadores da imagem de Deus.<br /><br />A verdade que os seres humanos são todos portadores da imagem de Deus tem implicações para qualquer posição ética que a igreja assume, inclusive, no que tange ao aborto, sexualidade, casamento, abuso, pena de morte, guerra, raça e deficiência física. Poucas doutrinas bíblicas deixaram marcas tão expressivas no discurso ético da igreja do que a doutrina da criação da humanidade à imagem de Deus. Certamente, nós somos “assombrosamente maravilhosos” (Salmo 139:14).<br /><br /><em>3. Graça (Efésios 2:8-10)<br /></em><br />Graça é favor imerecido de Deus. Graça é amor incondicional e livremente dado por Deus às pessoas que não podem fazer nada para ganhar mas pode somente aceitá-la como um presente. Graça é o amor do pai da parábola do filho prodigo que o moveu a dar boas vindas e aceitar o filho perdido, não pelo que fizera ou não, mas simplesmente porque o pai amou a seu filho incondicionalmente. Graça é a assombrosa verdade de que nada há que façamos que induza a que Deus nos ame por isso mais ou menos. Deus nos ama porque nos ama. Deus nos ama porque é rico em amor.<br /><br />Historicamente, quando os reformados discorriam sobre a graça enfatizavam que a salvação é um dom de Deus, não uma realização humana. Certamente, como Paulo diz,<br /><br />Pois pela graça é que sois salvos mediante a fé; e isto não vem de vós, é o dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.<br />(Efésios 2:8-10)<br /><br />Os “cinco pontos do calvinismo” concernem às doutrinas reformadas que underscore a natureza radical da graça de Deus. Tem sido freqüentemente sumarizados pelo acróstico o TULIP (Depravação Total, Eleição (U) Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível e Perseverança dos Santos). Este acróstico, TULIP, tem sido por vezes mal interpretado como se focalizassem as falhas humanas. Mas, do fato, sua ênfase central é o graciosidade de Deus, e os ensinos bíblicos que se encontram por trás dela são alguns dentre os ensinos mais ricos de toda Escritura:<br /><br />- Todo o ser humano e cada parte da sua existência humana estão corrompidos pelo pecado, a humanidade está sem auxilio e sem esperança a menos que seja operante a graça de Deus. Paulo diz, “estando vós mortes em seus pecados e delitos” (Efésios 2:1). Em sua condição decaída, os seres humanos não estão apenas enfraquecidos, doentes ou em desvantagem. Estão mortos, incapazes de fazer qualquer coisa, incapazes de crer, e sem auxilio de Deus.<br /><br />- Em sua divina misericórdia, Deus escolheu os crentes e os chamou-os para si em amor antes mesmo deles nascerem, certamente, antes mesmo da criação do mundo. “[Deus] nos escolheu nele[Cristo] antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis perante ele, e em amor nos predestinou para a adoção de filhos por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito da sua vontade”. (Efésios 1:4-5). Deus não elegeu seus filhos baseadas em seu pré-conhecimento de quem creria mas tão-somente “segundo o beneplácito de sua vontade”.<br /><br />– A graça salvadora de Deus não é universal, mas particular, dada somente a quem Deus escolheu desde a eternidade.<br /><br />Porque os que dantes conheceu, também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele fosse o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou. (Rom. 8:29-30)<br /><br />- A graça de Deus, não é a decisão humana o fator decisivo na salvação. Os crentes não escolhem a Deus tanto quanto Deus escolhe os crentes. Jesus ensinou que “quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (João 3:5) e “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (João 6:44). Certamente, a fé é ato e decisão humanos. Mas mesmo esta fé é um dom de Deus.<br /><br />- Pelo seu poder, Deus sustenta os crentes firmemente em sua mão e não permitirá que qualquer um ou qualquer coisa possa separar dele mesmo. Jesus diz,<br /><br />“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão”. (João 10:27-28)<br /><br />Os crentes são sustentados firmemente pela mão por Deus. Os crentes não estão pendurados em Deus tanto quanto Deus de fato agarra os crentes. Isso foi chamado a segurança eterna do crente; perseverança dos santos. Conforme Paulo diz no fim de Romanos 8,<br /><br />Quem nos separará do amor de Cristo? ... Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. (vv. 35-39)<br /><br />Quando os calvinistas falam sobre de salvação, não encontram palavras para expressar o quanto ela é completamente uma obra de Deus – do começo ao fim, dom de Deus e graça de Deus, o que se expressa pelos termos do hino,<br />“em nada ponha minha fé<br />senão na graça de Jesus,<br />no sacrifício remidor<br />no sangue do bom redentor!”<br /><br /><em>4. Aliança (Jeremias 31:31-34)<br /></em><br />Aliança é um dos mais ricos conceitos bíblicos usados descrever o relacionamento de Deus com seu povo. Aliança significa parceria, acordo entre partes, o que envolve promessas e obrigações.<br /><br />É significativo que a Bíblia, particularmente o Antigo Testamento, retrate repetidas vezes Deus como quem se liga a si próprio com o seu povo por meio de promessa, de obrigação, de aliança. Deus não tem que prometer nada. Mas repetidas vezes o faz, a Noé, a Abrão, a Moisés, e a Davi, prometendo amá-los e estar com eles.<br /><br />A Bíblia inteira é sustentada pelas grandes alianças que Deus fez com todas essas e outras pessoas. Além disso, a Bíblia é unificada em torno da aliança da graça. Uma das razões pela qual se tende a ouvir mais pregação sobre o Antigo Testamento nas igrejas reformadas do que em muitas outras igrejas é que os pregadores reformados não colocam o Antigo Testamento contra o Novo Testamento. Ao invés disso, vêem ambos os testamentos, o Antigo e o Novo, revelando apenas uma aliança da graça - que começa com a promessa de Deus a Adão e a Eva de que esmagaria a cabeça da serpente e termina na nova cidade de Deus descrita em Apocalipse 22.<br /><br />O conceito de aliança – o próprio Deus ligando-se com seu provo com base em promessa e compromisso – é um rico conceito para a compreensão da obra salvadora de Deus nos dias de hoje. No louvor, Deus nos renova as suas promessas de aliança, e nós renovamos nossos votos de aliança a Deus. Na pregação declara-se e oferece as promessas da aliança de Deus. A Ceia do Senhor é um sinal da nova aliança de Deus. No batismo, Deus promete ser fiel a nossos filhos. Os membros da igreja fazem promessas a Deus e a uns aos outros.<br /><br />Juntas essas promessas dão forma a uma corrente de compromissos, de mútua conexão a qual conhecemos como Corpo de Cristo, que é a Igreja. A membresia na Igreja é muito importante porque quando alguém se junta à ela, não é somente um nome que está sendo incluído no rol de membros de uma organização, mas há uma participação na aliança com Deus e com os outros crentes. De acordo cm esta compreensão aliancista da Igreja, deixar uma congregação por uma outra é uma questão muito séria porque quebra os elos de uma rica corrente de conexões aliançais e dos compromissos feitos em nível de igreja local.<br /><br />A aliança é uma ênfase importante e estratégica para a igreja nessa cultura individualista que se presencia. Numa época em que a sociedade está tentando desesperadamente se postar frente a moralidade e os caracteres em voga, os cristãos compreendem o papel chave do cumprimento de promessas.<br /><br />Nossa sociedade necessita de comunidades de promessas. A Igreja precisa de ênfase hoje sobre a aliança em nossa compreensão de Deus e da igreja.<br /><br /><em>5. Graça Comum (Mateus 5:43-48)</em><br /><br />A graça comum de Deus, em distinção da graça salvadora, refere-se à atitude do favor divino que se estende à humanidade em geral; igualmente a crentes e descrentes. A igreja tem observado três evidências distintas da graça comum no mundo. Primeiramente, Deus dá dons naturais aos descrentes tanto quanto aos crentes. Não tem que ser cristão para ser um excelente pianista, advogado ou cientista. Em segundo lugar, Deus retém o pecado em todas as pessoas. Por causa do pecado, os seres humanos não são tão bons como poderiam ser; mas por causa da graça comum, não são tão maus como quaisquer um poderiam ser.<br /><br />Essa é razão por que alguns descrentes parecem realmente se comportar melhor do que os crentes. as virtudes tais como paciência, coragem e a compaixão nunca perdem totalmente sua ressonância em todo portador da imagem de Deus.<br /><br />Em terceiro lugar, Deus habilita ais descrentes a realizarem atos positivos de boa civilidade. Deus preserva o sentido básico da justiça cívica que permite as sociedades humanas funcionarem de modo ordeiro. A graça comum impede a sociedade, estragada e distorcida pelo pecado e pelo mal, de desintegrar-se totalmente.<br /><br />O ensino da graça comum tem muitas implicações em como os cristãos vivem e servem no mundo. A graça comum de Deus é um modelo de graça com a qual os cristãos devam se envolver não apenas dentro da igreja e para com os crentes, mas no mundo e para com todos as pessoas. A graça comum encoraja aos crentes a desenvolverem pontos positivos de contato com descrentes para que vivam no mundo juntos e busquem fins comuns. Os cristãos devem dar atenção não apenas ao que os dividem, mas ao que os une com todos as pessoas. A graça comum é razão de os cristãos poderem apreciar os filmes, livros ou obras de arte produzidos pelos descrentes, vendo os como bons dons de Deus, ver nisso alusões à transcendência ou à graça<br /><br />A graça comum lembra aos cristãos que o conflito desta era (que Abraham Kuyper chamou de “antítese”) é Deus e Satã, não entre cristãos e não-cristãos. A batalha não é entre dois grupos de pessoas mas entre dois poderes espirituais, que, significativamente, residem e entretece completamente cada pessoa.<br /><br />O ensinamento da graça comum chama a igreja para ter múltiplos propósitos de ministério que correspondem aos múltiplos propósitos divinos. A despensa de alimentos do diaconato, o ministério de capelania hospitalar, e aconselhamento conjugal pastoral são todas partes da missão de Deus de salvar o mundo, mesmo que os recipientes destes ministérios possam não ser crentes ou jamais se tornarem crentes. O desejo profundo do cristão é que cada pessoa no mundo se curve a Jesus Cristo, ainda que dentro dessa missão abrangente de Deus, os ministros eclesiásticos em múltiplas situações sejam com múltiplas finalidades. Não se subordina o valor de um ministério a outro. Deus é glorificado em muitas coisas diferentes, e todos estes ministérios têm sua integridade e finalidade na missão abrangente de Deus salvar o mundo.</div></div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-68296097153747545212009-07-03T10:38:00.000-07:002009-07-24T10:48:06.804-07:00NOSSA IDENTIDADE - O QUE É SER REFORMADO? - PARTE 2 - TRÊS ABORDAGENS DO SER REFORMADO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBJYxi2j8lxuxFMqz8z3QWg4si-hZqDXoHPOlXxwlx7pfgKF6OpVmwO4Vkvbjryznygt8myNcIRVXp7Pf1Gvc1UYbVuKV70dzquEWkmpHWmUgZxrYJD1j-WnKTNPWB9CtFkUq1CGcKvFA/s1600-h/Cruz+Huguenote.png"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 190px; FLOAT: left; HEIGHT: 218px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362084857482205122" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBJYxi2j8lxuxFMqz8z3QWg4si-hZqDXoHPOlXxwlx7pfgKF6OpVmwO4Vkvbjryznygt8myNcIRVXp7Pf1Gvc1UYbVuKV70dzquEWkmpHWmUgZxrYJD1j-WnKTNPWB9CtFkUq1CGcKvFA/s400/Cruz+Huguenote.png" /></a><br /><div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSC_6KxsR3yxvzweKLMM42cfnU2u_A2gSXUjvv21kYsioq3wMq4UzARZ-ElbNe2teUnkc_q9wtmMETeXco8pH4XmQdZvf4LPrbQCkNzoNIb5q6o8PLwXriAIoN8-k9TjD2GTM2cFGPmX4/s1600-h/Cruz+Huguenote.png"></a><br /><strong><span style="font-size:130%;color:#006600;">Três abordagens do ser reformado</span><br /></strong><br />Observadores da tradição reformada identificam três principais ênfases ou “mentalidades” reformadas que floresceram no contexto cultural dos EUA, as quais com algumas reservas poderão ser adaptadas para o do Brasil.<br /><br />A primeira ênfase ou mentalidade é a doutrinalista. Reformado aqui primeiramente se refere à forte adesão a determinadas doutrinas cristas ensinada nas Escrituras e refletidas nos confissões da igreja. A pergunta para os doutrinalistas é: o que cremos? Doutrinalistas apreciam especialmente Louis Berkhof, teólogo reformado cuja Teologia Sistemática é um sumário completo da doutrina reformada. Há outros como Charles Hodge. Modernamente há expoentes dessa visão: RC Sproul Sinclair Ferguson etc. No contexto brasileiro podemos mencionar, Revs Ludegero Morais, Antonio Almeida, Samuel Falcão, Adão Carlos do Nascimento... E muitos outros.<br /><br />A segunda ênfase ou mentalidade é a pietista. Reformado aqui diz respeito à vida cristã e ao relacionamento pessoal com Deus. A pergunta para os pietistas é: como nós experimentamos Deus em nossa caminhada diária da fé? Os pietistas, num contexto marcado pela influencia européia apreciam especialmente Hendrik de Cook, um pastor que na Holanda promoveu o Afscheiding (Secessão), uma divisão havida em 1834 na igreja holandesa estatal que havia perdido a sua vitalidade teológica e espiritual. Essa visão contempla um critica á visão institucional duma igreja secularizada na prática. Podemos citar em nosso meio as figuras de Caio Fábio (já egresso da IPB), Antonio Elias dentre outros.<br /><br />A terceira ênfase ou mentalidade é a transformacionalista. Reformado aqui concerne ao relacionamento do cristianismo e a cultura, a uma visão de mundo e vida e de Cristo como cultura de transformação. A pergunta para os transformacionalistas é: como relacionamos o evangelho com o mundo? Os transformacionalistas apreciam especialmente Abraham Kuyper, pastor, erudito, e primeiro-ministro dos Países Baixos que promover o movimento Doleantie (=padecer: segundo cisma) na Holanda nos anos de 1880, um movimento para forçar o desenvolvimento de uma cultura cristã e que impactou muito diretamente a Igreja Cristã Reformada da America do Norte e muito indiretamente e posteriormente a IPB. Quem na IPB,porém, podemos identificar com essa visão? Quem sabe as figuras de Alvaro Reis, Elias Abrão e Guilhermino Cunha?<br /><br />Obviamente essas três ênfases ou mentalidades são sobrepostas. Nenhuma linha dura e rápida pode ser traçada entre elas. Representam também três abordagens distintas, tanto históricas quanto conceituais, e fornecem a estrutura para apresentação de dezesseis palavras-chaves ou frases que sumarizam o sotaque reformado.<br /><br />Salienta-se que Brasil, as ênfases doutrinalista e pietista, são mais acentuadas. Pouco ou nada de transformaciolismo tem sido intencionalmente sugerido no contexto reformado brasileiro. A ênfase pietista tem sido misturada com influências pentecostais decorrentes mais de sérias distorções doutrinárias e/ou exacerbamentos litúrgicos.</div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-14688512233454881752009-07-02T13:16:00.000-07:002009-07-24T10:46:39.300-07:00NOSSA IDENTIDADE - O QUE É SER REFORMADO? - PARTE 1<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEDJ1oQXZtEh7LnIwTHS72KyJE-PGYc9f7EjvNz4yqxit9c_PWKDj-saTc2xMswtK_U-WP3gZV5K7flKq2hyMOaS9Fk253JEFH9WWDkfxcet5shWCcm2NfQeSPqMKsuCz_-NpTwV1DdL0/s1600-h/Calvino.png"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 253px; FLOAT: left; HEIGHT: 190px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362084499258675922" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEDJ1oQXZtEh7LnIwTHS72KyJE-PGYc9f7EjvNz4yqxit9c_PWKDj-saTc2xMswtK_U-WP3gZV5K7flKq2hyMOaS9Fk253JEFH9WWDkfxcet5shWCcm2NfQeSPqMKsuCz_-NpTwV1DdL0/s400/Calvino.png" /></a><br /><div><br /><div align="justify"><span style="color:#000066;"><em>Elaboramos este material para ser ministrado nas aulas de escola dominical da Igreja Presbiteriana Central de São Sebastião - DF.<br /></em></span><br /><span style="font-size:180%;"><strong><span style="color:#006600;">Apresentação</span></strong> </span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Inspiramo-nos e nos embasamos na Declaração de Identidade da Igreja Cristã Reformada da America do Norte – CRCNA para refletir sobre a nossa identidade reformada enquanto Igreja Presbiteriana do Brasil. Fazemos isso em alusão aos 150 anos de nossa igreja no Brasil, 50 anos dela na nova capital, Brasília, no contexto de uma efeméride ate bem mais importante: os 500 anos do nascimento de João Calvino.<br /><br />A Declaração de Identidade, nosso ponto de partida para os presentes estudos, decorreu da iniciativa da Junta de Educação Teológica dos seminários daquela denominação de exigir a elaboração de plano de carreira ministerial para que fosse apresentado pelos candidatos a pastor, daí surgiu a necessidade de uma declaração de Identidade denominacional que fosse endossada por eles. Depois essa declaração foi endossada também pelo Sínodo de 2002 da referida Igreja Cristã Reformada e posteriormente foi oferecida às igrejas locais, grupos de estudo, examinadores e membros individuais da CRCNA como recurso para a discussão e, se necessário, o refinamento da identidade “como povo de Deus no tempo presente”.<br /><br />Preferimos nessa oportunidade refletir sobre quem realmente somos. Trata-se de uma parte importante do conhecimento do lugar que ocupamos na divina comunidade cristã mundial. Compreender quem nós somos hoje também requer a consciência de quem fomos e donde viemos e dos eventos que ajudaram a nos definir como igreja, e dos valores e dos princípios que nos guiaram ao longo do caminho.<br /><br />Abrindo espaço para outros o fazerem, deixamos de abordar o tão importante quanto esta abordagem os estudo históricos sobre a vida e obra de Calvino, de como a IPB chegou e frutificou no Brasil e em Brasília. Certamente quem o fizer apresentará uma contribuição realmente inestimável.<br /><br />Conforme salientou o Rev Peter Borgdorff, Diretor Executivo de Ministérios da Igreja Cristã Reformada (Cristã Reformed Church/CRC), com o que concordamos, “uma grande ênfase nos dias de hoje reside na comemoração e no realce de nossa diversidade. Os novos membros que vêm deste contexto de diversidade enriquecem a nossas fileiras denominacionais. Ao mesmo tempo, nossa igreja tem história, tanto cultural quanto teológica, e visão e missão que dão forma à comunidade”. É difícil, se não impossível, compreender hoje a nossa igreja sem saber algo dessa história, algo também de suas bases culturais e para este fim que oferecemos esses estudos.<br /><br />E por que identidade reformada? É que a nossa igreja, IPB, se diz enraizada no movimento de Reforma do XVI, do ramo denominado calvinista ao que devemos, abaixo do Espírito Santo, a João Calvino e aos seus seguidores. A igreja egressa desse movimento foi formalmente chamada pela primeira vez de reformada, com o reconhecimento de divergência com a luterana, anglicana e, logicamente, com a católica-romana, além dos movimentos anabatistas, em 1571, por ocasião do Sínodo Nacional da Igreja Reformada da França quando se adotou naquele país a Confissão de Fé Gaulesa ou de La Rochele. Desde então a igreja reformada esteve presente ou até foi preponderante em boa parte da Europa Continental.<br /><br />Na Escócia, a Igreja Reformada foi chamada de Presbiteriana em alusão ao seu sistema de governo, e depois passou a ser chamada simplesmente de Igreja da Escócia. Ocorreu que levas de protestantes da Inglaterra imigraram para os Estados Unidos quando estes ainda eram colônia britânica, na esteira da expedição do navio Mayflower. Dentre estes encontravam-se batistas, congregacionais e, principalmente presbiterianos, ou seja, reformados britânicos, irlandeses e escoceses. Esse grupo formou uma igreja que foi chamada de presbiteriana, e daí ficou uns reformados sendo chamados de reformados e outros de presbiterianos.<br /><br />Um ponto interessante de discussão passou a ser o seguinte: seguiu os presbiterianos sendo reformados, ou entre estes e aqueles surgiram diferenças? Os que se denominam reformados são de fato reformados? Qual é a importância de ser reformado? Reformado é uma só ou tem vários modos de ser reformado?<br /><br />De fato, os reformados de modo geral adotam outras confissões de fé da época da Reforma e os presbiterianos adotam a Confissão de Fé de Westminster. Diferenças doutrinárias não existem entre quem sinceramente adotam essa ou aquela Confissão de Fé (e existem muitas, Gaulesa, Escocesa, Helvética etc), há diferença entre os que se afastam dos ensinos das Confissões e por conseqüência das Escrituras e os que continuam com a Escritura e com as doutrinas bíblicas conforme expostas sistematicamente pelas confissões. E por isso formam comunidades verdadeiramente diferentes em seu modo de agir e de pensar.<br /><br />E a questão é: será a IPB uma igreja reformada? Por herança sim. Na prática, porém, não temos sido de forma generalizada. É irônico constatarmos que, em alguns aspectos, conforme veremos no que constitui o ser reformado, há muitas igrejas co-irmãs nossas até pentecostais que são conscientemente mais reformadas do que algumas que ostentam em sua fachada o nome de presbiteriana. Então, quando há quem sequer são presbiterianos, apesar do nome, como enquadrá-los como presbiterianos e reformados? Verdade é que hoje ser (ou se dizer) presbiteriana não é garantia de ser reformada, sequer presbiteriana!<br /><br />Em que pese essa confusão, há um anseio enorme por ser reformado. Por aprender a ser reformado. Por colocar em prática o ser reformado. Pois bem, nesse sentido, oferecemos estes estudos, na Escola Dominical da Igreja Presbiteriana Central, em São Sebastião/DF como uma forma de aprendermos o que é e como sermos reformados nos dias de hoje.<br /><br /><br /><strong>Prefácio </strong><br /><br />O que significa ser reformado? Muitos cristãos, inclusive membros de uma igreja que se diz reformada coma a IPB, podem questionar o valor, e mesmo o cabimento, de tal pergunta. Hoje em dia a ênfase do cristianismo recai mais sobre o que une os cristãos, e não sobre aquilo que os distingue.<br /><br />De muitas maneiras, o impulso ao foco naquilo que os cristãos têm uns com os outros em comum é perfeitamente correto. Temos gasto tempo e energia demais naquilo que nos divide, em vez de no que nos une com outros cristãos. Jesus, no entanto, orou para que a igreja fosse uma (João 17:27). Paulo corrobora o fato de que o corpo de Cristo é um (1 Cor. 12:12; Efésios 4:4-6). Que declaração de missão e visão que qualquer Igreja poderia querer ou necessitar senão a grande chamada de Paulo a que “cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4:13)? Seria difícil acrescentar mais ênfase ao que une os cristãos uns com os outros.<br /><br />Além disso, o inimigo da igreja cristã nos dias de hoje não são outros cristãos, sejam eles luteranos, metodistas, católicos romanos ou pentecostais. O inimigo número um da igreja é o mortal secularismo que ameaça todos os cristãos e contra quem devem estar juntos na fé e na ação comuns. Certamente, de muitas maneiras, devemos nos juntar com outros cristãos. As igrejas locais trabalham freqüentemente junto com outras igrejas em ações como banco de alimentos e outros programas assistenciais. As agências denominacionais têm freqüentemente ministérios mundiais de colaboração com outras igrejas e organizações religiosas.<br /><br />É tão-somente nesta perspectiva que nos dispomos a estudar o que nos faz reformados em distinção de outros co-irmãos cristãos e construir a nossa própria declaração de identidade sobre o que isso significa.<br /><br /><br /><br /><strong><em><span style="font-size:130%;color:#003300;">O sotaque reformado</span></em></strong><br /><br />Todos os cristãos falam algum tipo de “sotaque”, um particular sotaque teológico. Não existe o que em si seja o puro idioma cristão. Imagine pessoas do Piauí, Minas Gerais e Rio Grande do Sul tentando falar com o mesmo sotaque. Não vai dar certo – não por que essas pessoas desagradam de tal prática, mas por que os seus linguajares naturalmente se moldam às localidades aonde residem. Pessoas que particularmente vivem juntas desenvolvem maneiras particulares de se expressar. A “cultura” é a acumulação destas particularidades, inclusive de experiências compartilhadas, de significados compartilhados, e de maneiras de vida compartilhadas. A particularidade da comunidade humana é realmente parte da diversidade maravilhosa da criação de Deus.<br /><br />Do mesmo modo, os cristãos, de várias denominações, ainda que trabalhem e adorem juntos, desenvolvem maneiras particulares de expressão. Não existe um discurso cristão inteiramente puro, teologicamente neutro. Aqueles que individualmente tiveram experiências comuns de fé e de vida desenvolveram maneiras particulares de expressar sua fé e de adorar a Deus. Com certeza quando essas diferenças conduzem à oposição e alienação, então saudáveis diferenças se transformam em pecaminosas divisões. Mas de qualquer forma, os cristãos falarão sempre com os seus particulares sotaques teológicos,<br /><br />Certamente, esta particularidade é também profundamente bíblica. A imagem de Primeira aos Corinthians 12 da igreja como um corpo destaca a unidade da igreja (um corpo) e a diversidade da igreja (as mãos e os pés e os olhos). O ensino deste grande capítulo está claro: A igreja biblicamente saudável tem uma profunda unidade e uma rica diversidade. Certamente, uma das verdades bíblicas profundas é a verdade da unidade e dessa multiplicidade. Deus trino mesmo é um e três.<br /><br />Não há nada em si pecaminosa ou divisionista quando os reformados ou outros grupos de cristãos tentam compreender e desenvolver seus próprios sotaques teológicos. No caso, tal auto-compreensão, enquanto fortalece as mãos ou pés ou olhos particulares do corpo, fortalecem o corpo inteiro em seu testemunho unido ao mundo.<br /><br />Algumas pessoas às vezes utilizam o termo reformado ou distintamente reformado como um sotaque teológico falado somente por algumas poucas pessoas, e como se fosse um sotaque que tenha pouco em comum com a ampla igreja cristã. Não há nada que seja tão falso.<br /><br />O sotaque reformado é muito maior do que a IPB com sua história particular. Prevalece em países ao redor do mundo, tais como Hungria, Coréia, Indonésia, Escócia e Madagascar. O Catecismo de Heidelberg, somente uma de muitas confissões reformadas, foi traduzido para trinta línguas.<br /><br />Além disso, o cristianismo reformado tem muito em comum com a igreja cristã universal. O cristianismo reformado está fortemente escorado na ampla ortodoxia cristã que remonta à igreja do Novo Testamento. A parte reformada dos cristãos com todos os cristãos restantes compartilham uma fé comum no Deus trino que criou os céus e a terra, cuja segunda pessoa encarnou em Jesus de Nazaré, e cuja terceira pessoa tem revestido a igreja pelo divino Espírito Santo. Os reformados, juntos com os cristãos de todos os tempos e lugares, afirmam o propósito salvífico de Deus de reunir todas as coisas em Jesus Cristo, a missão da igreja de proclamar estas boas novas, e a esperança do retorno de Cristo em gloria para reinar nos novos céus e na nova terra. Os reformados confessam sua fé nas palavras credo dos apóstolos junto com a igreja universal.<br /><br />Estes estudos simplesmente busca articular alguns dos sotaques particulares da tradição reformada, mas da maneira em que nos seja acessível. No caso, uma expressão mais inclusiva da perspectiva reformada o que não é somente desejável, mas essencial – já que a perspectiva reformada existe para fornecer fontes conducentes à unidade e ao objetivo final para a IPB.<br /><br /><br /><strong><span style="font-size:130%;">A árvore genealógica<br /></span></strong><img class="gl_size" border="0" alt="Tamanho da fonte" src="http://www.blogger.com/img/blank.gif" /><br /><br /><br />Um modo de explicar a tradição reformada é situá-la como família de igrejas na árvore genealógica mais ampla da igreja cristã. O quadro seguinte mostra como a igreja cristã se desenvolveu no decorrer dos séculos.<br /><br />A Igreja Cristã esteve unida até o Século XI, quando a igreja ocidental (a Igreja Católica Romana) separou-se da Oriental (a Igreja Ortodoxa). No Século XVI, novos ventos do Espírito sopraram sobre a Igreja Católica Romana, e a Reforma Protestante teve lugar. Os cristãos re-descobriram a mensagem central da Bíblia de que somos salvos somente pela graça mediante a fé. A partir da Reforma Protestante surgiram quatro ramos principais – Anabatista, Reformado, Luterano e Anglicano. A ordem em que estes quatro ramos são listados da esquerda para a direita é significativa.<br /><br />Quanto mais para esquerda é o afastamento, mais radical é a ruptura em face da Igreja Católica Romana. Em termos de formalidade na adoração, este quadro se move do mais (lado direito) para o menos formal (lado esquerdo); em relação aos Sacramentos, de mais para menos central na adoração; quanto ao governo da igreja, de mais para menos hierárquico. Nesta família de igrejas centralizadas na Europa, a perspectiva reformada representa freqüentemente um amplo meio termo. Nesse sentido, os reformados procuram se situar na árvore da família protestante, pretendendo pensar em termos de perspectiva reformada como se a IPB se encontrasse num meio termo entre o liberalismo e o fundamentalismo dos dias presentes. Apesar disso, os reformados compartilham com o fundamentalismo de uma fé indiscutível no subrenaturalismo e com o liberalismo de um desejo de que a fé cristã seja culturalmente engajada.<br /><br />IGREJA CRISTÃ - PRINCIPAIS RAMOS<br />Século I ao XI Igreja Cristã</span></div><br /><p align="justify"><span style="font-family:georgia;"><br />Século XI Católico Ocidental Ortodoxo Oriental<br />Século XVI Protestante Católico Romano Ortodoxo Oriental<br /></span></p><br /><p align="justify"><span style="font-family:georgia;">Nota: A seguir, quando mais distante à esquerda, mais radical é a ruptura perante a Igreja Católica Romana.<br /></span></p><br /><p align="justify"><span style="font-family:georgia;">Século XVI Igrejas Protestantes<br />Século XVI Anabatistas Reformada Luterana Anglicana<br />Século XVII Quakers Puritanos<br />Século XVIII Metodistas<br />Século XVIII Igrejas livres<br />Século XX Pentecostais<br /><br /><br /><br /><br />Mas à tradição reformada, da qual a IPB faz parte, não cabe realmente o continuum entre estes dois extremos norte-americanos. A maioria dos reformados distingue-se fortemente do liberalismo, em virtude da sua visão inadequada de inspiração e autoridade da Escritura, seu anti-sobrenaturalismo, e seu descuido em falar acerca do pecado pessoal e da necessidade de arrependimento e fé em Cristo para a salvação. Além disso, os reformados também se distinguem fortemente do fundamentalismo, por causa do seu anti-intelectualismo e da sua suspeição em relação à ciência e educação de que decorre a falta da ênfase sobre a doutrina da criação; sua falta do engajamento cultural; e sua tendência em enfatizar a domínio de Cristo no mundo vindouro e não neste, tendência que emerge a partir de uma compreensão dispensacionalista da história pela qual se entende que o reino de Deus é ainda apenas uma realidade futura.<br /><br />Tradicionalmente, a perspectiva reformada representou uma terceira via completamente distinta do liberalismo e do fundamentalismo, o que não se define nos termos do atual embate norte-americano. Os reformados são “protestantes confessantes” cuja postura não é primeiramente definida tão polemicamente (em confronto com os liberais ou com os fundamentalistas), mas historicamente por uma tradição teológica que remonta a João Calvino e aos Reformadores e a Santo Agostinho.<br /><br />Uma maneira útil de localizar o ramo reformado na árvore da família norte-americana está no relacionamento com os evangélicos ou evangelicals. O termo evangélico é usado diferentemente por pessoas diferentes. Quando os luteranos evangélicos usam o termo evangélico, querem se referir a uma teologia ortodoxa e cristocêntrica. Para eles é completamente possível ser parte de uma denominação protestante histórica e ser evangélico e não sentir nenhuma tensão entre ambas as realidades. Outros usam os termos evangélicos e fundamentalistas como sinônimos, o que tem significados completamente diferentes.<br /><br />O termo evangélico é mais freqüentemente usado pelos que desejam se distinguir do fundamentalismo e freqüentemente por muitas das mesmas razões pelos reformados que desejam se distinguir também do mesmo fundamentalismo.<br /><br />Sobretudo, freqüentemente mesmo os evangélicos vêem significativa sobreposição nos termos evangélicos e reformados. Instituições tais como Seminário Fuller, Seminário Gordon Conwell, Wheaton College, a Revista Christianity Taday e a Comunidade Cristã Universitária – ABU, no Brasil, e pessoas como John Stott, J.I. Packer e Chuck Colson descrevem-se como evangélicos. O que também não deixa de ser verdade mesmo que não pudessem ser chamados reformados confessionalmente ou denominacionamete, ainda assim se considerariam reformados teologicamente em muito de seus ensinos. Da mesma maneira, muitos reformados identificam-se positivamente (e corretamente) como evangélicos.</span></p></div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8909340816813488422.post-90949621829937938982009-02-21T11:22:00.000-08:002009-07-24T10:43:33.518-07:00APRESENTANDO A CORRENTE PROTESTANTE ORTODOXA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4oQFaVMgbkUSjFYbAr2v8eQvXy0vfBHh7WamybXH6x0sxqwurmM7ZfLJDkVXGIjuzvEV7omqPWFKG7WWvQbtJ3d9QAH8QgzBW96KYDLT0DmPSTnbxkJb3L0DD8ZemS9M2EtQNT2JuJYY/s1600-h/enclume.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 316px; FLOAT: left; HEIGHT: 350px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362083712074689762" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4oQFaVMgbkUSjFYbAr2v8eQvXy0vfBHh7WamybXH6x0sxqwurmM7ZfLJDkVXGIjuzvEV7omqPWFKG7WWvQbtJ3d9QAH8QgzBW96KYDLT0DmPSTnbxkJb3L0DD8ZemS9M2EtQNT2JuJYY/s400/enclume.jpg" /></a><br /><div><br /><br /><div align="justify"><span style="font-size:100%;color:#000066;">A palavra corrente tem várias acepções. Há a que evoca elos de aço ou de outro material rígido usado para prender objetos menores aos maiores, móveis aos imóveis, fracos aos fortes. Nesse sentido existem correntes a amarrar pessoas ou outros semoventes subjugando-lhes a liberdade.<br /><br />É terrivel a imagem de correntes prendendo aos punhos ou tornozelos individuos, como se fossem parte de seus próprios corpos, a indicar a realidade do cativeiro ou escravidão. É da mesma forma chocante as pesadas, rudes e ásperas amarras que prendem sentenciados pela justiça movidos de um local a outro de prisão tendo que arrastar correntes da vergonha pelo delito que se pratica.<br /><br />Não é nesse sentido que empregamos o termo corrente, em Corrente Protestante Ortodoxa - CPO. Fazemo-lo no sentido histórico, mas este está mais para o sentido que se emprega para indicar movimento inicial, seguido de fluxo, ao sabor da vida que se expressa pelo suave bafejar de ar que provoca tênues golfadas de vento, que assopram cabelos, refrescam faces, prenunciam mudanças no tempo. Vai o tempo seco, segue a chuva. Muitas vezes, por certo, o vento não prenuncia nada, exceto a sua presença, o que, aliás, faz toda diferença.<br /><br />De qualquer sorte há uma voz no ar, no vento, a ser percebida, a nos comunicar que não há nada, no tempo ou no espaço, ainda que tão sufocante ou insuportável, que seja permanente e imóvel, pois "o vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim, é to<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXiipK8xxsr95eZw7ZvH2x4dwqV0fHWPRPryq9QIypciBk341NFUPjmu8dIBAM7JPHmKHK1L-OJMwjgLdQDv0FdJCr4Ro0sKOqbLoRg80jOAENUS0onMmj6c94W0YAnGneRCAhV-wDs1k/s1600-h/luther_et_calvin%5B1%5D.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 266px; FLOAT: left; HEIGHT: 135px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362083300785377442" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXiipK8xxsr95eZw7ZvH2x4dwqV0fHWPRPryq9QIypciBk341NFUPjmu8dIBAM7JPHmKHK1L-OJMwjgLdQDv0FdJCr4Ro0sKOqbLoRg80jOAENUS0onMmj6c94W0YAnGneRCAhV-wDs1k/s400/luther_et_calvin%5B1%5D.jpg" /></a>do aquele que é nascido do espírito". (Jo 3:8)<br /><br />Pode soar estranho a muita gente que o vento possa ser como que canalizado, e aqui não me refiro aos canais mais estreitos, mas aos que têm as dimensões do próprio volume do ar em movimento, às correntes, às raias ou aos caminhos. Então há um movimento ordenado dos ventos? Creio. E ao crer, posso afirmar que sim, e por incrivel que pareça à mente moderna tão acostumada ao dogma do caos e do acaso universais reinentes.<br /><br />Mas ao que me refiro não te trata de vento qualquer.<br /><br />Há por certo ventos e movimentos "menores" ainda irresolutos, errantes. Ventos vagabundos, que parecem "soprar onde quer" mas que em verdade voam sem propósito algum. Isso existe. Mas esses ventos são como que domados pelas correntes que impõem determinada ordem em meio aos mais diversos caos. É o que creio. É o que tem comprovado a minha experiência. Digo-o aos mais jovens: nisso vocês podem crer! Acreditem na ordem e na decência que galopam a garupa do cavalo do Espírito!<br /><br />Vejam os ventos atmosféricos lá de cima, determinam ou impõem ordem aos ventos cá embaixo. Vejam os ventos incautos e desordenados arrogantes e impávidos ao nascer e vejam em seguida perdendo potencialidade de virar redemoinhos, ventanias, tornados e furacões. Oh, qualquer sopro provocado por um calor a mais, devido a qualquer combustão, poderiam causar desastres se entregues aos seus próprios ânimos e empáfia. Parece que qualquer sopro poderia redundar em furacão não fosse o predominio das correntes de ar atmosféricas. Correntes, aliás, que ao seu arrefecimento provocam até calmarias enfadonhas, tristes, modorrentas... animadas de novo por novas correntes de renovação que em movimento levam e trazem odores que enriquecem a vida, que dão alento às velas que movem de novo as naus de todos os tamanhos.<br /><br />Correntes como essas nas superficies dos mares, causam correntes submersas correntes de água de um mar em constante movimento. Canais de vida que levam toda a tralha e trazem a renovação. Que conhecem ilhas e praias e plagas jamais vistas e alcançadas.<br /><br />Dessa imagem pitoresca trazemos para a visão dos vasos sanguineos a indicar correntes também. Correntes de vida, de transformação, de purificação, de ativação de emoções, de alegria e que fazem funcionar a vida cerebral da sede da alma que funde e confunde cabeça e coração.<br /><br />Dai que provém a idéia das várias correntes de pensamento. E pensando em correntes de pensamento, por que pensaríamos mais em aprisionantes correntes de aço e menos em movimentos, canalizações, transmissões, dissapações, emanações de fé, de amor, de sentimento, de louvor, de puras intenções e de anseios?<br /><br />Nâo proponho ser qualquer porta-voz oficial de uma corrente de pensamento, mas tão-somente mais um representante que gostaria mesmo de ter alguma voz e vez no seu coração que compartilha dessa corrente ou com ela gostaria de corresponder.<br /><br />Disse corrente histórica. A história é saga das correntes de pensamento politico, religioso, economico, social, cientifico. Aliar-se a essa corrente protestante histórica representa deixar ser levado pela que foi seguida e sugerido por Lutero. Nesses tempos de twitter é bom refletir que Lutero foi seguidor tanto quanto foi seguido por seus seguidores. Dentre estes podemos citar Calvino. Destes dois segue uma pleiade enorme de seguidores e guias Melanchton, Knox e por ai vai...<br /><br />E o que diremos de ortodoxa. Vivemos em dias de desagregação e confusão. Ousamos a afirmar que não pretendemos abandonar o padrão de doutrina e de prática sustentada e vivida pelos nossos antepassados. Somente isso.<br /><br />Não se confunda esse nosso compromisso com o padrão com a indisposição para a contextualização e assimilação das descobertas das verdades absconsas por tradições antigas, ainda que isso represente uma análise profundamente critica de tudo o que leva consigo o prefixo "neo". Definitivamente, não é por que é neo, novo, que será certo ou conveniente. Arriscamos dizer ainda que temerariamente que não existe neo-ortodoxia. Ou é não é ortodoxia. E ortodoxia é conforme foi no inicio e seguiu sendo e sempre será.<br /><br />Dai dizermos que a ortodoxia não é visão literal particular ou de grupos, isso é fundamentalismo, na verdadeira acepção desse termo. Ortodoxia é a conformidade com os padrões confessionais protestantes que abraçam desdes os 39 Artigos de Fé anglicanos, às várias confissões reformadas e às luteranas em conexão com os credos e confissões dos concílios antigos.<br /><br />Essa se compromete com os cinco sola: Sola Escriptura, Solo Christus, Sola Gratia, Sola Fide e Solo Deo Glória.<br /><br />Bem vindo, à sua e a todos nós Corrente Protestante Ortodoxa.</span></div></div>Anamim Lopes Silvahttp://www.blogger.com/profile/01186201089548073556noreply@blogger.com0