sexta-feira, 3 de julho de 2009

NOSSA IDENTIDADE - O QUE É SER REFORMADO? - PARTE 2 - TRÊS ABORDAGENS DO SER REFORMADO



Três abordagens do ser reformado

Observadores da tradição reformada identificam três principais ênfases ou “mentalidades” reformadas que floresceram no contexto cultural dos EUA, as quais com algumas reservas poderão ser adaptadas para o do Brasil.

A primeira ênfase ou mentalidade é a doutrinalista. Reformado aqui primeiramente se refere à forte adesão a determinadas doutrinas cristas ensinada nas Escrituras e refletidas nos confissões da igreja. A pergunta para os doutrinalistas é: o que cremos? Doutrinalistas apreciam especialmente Louis Berkhof, teólogo reformado cuja Teologia Sistemática é um sumário completo da doutrina reformada. Há outros como Charles Hodge. Modernamente há expoentes dessa visão: RC Sproul Sinclair Ferguson etc. No contexto brasileiro podemos mencionar, Revs Ludegero Morais, Antonio Almeida, Samuel Falcão, Adão Carlos do Nascimento... E muitos outros.

A segunda ênfase ou mentalidade é a pietista. Reformado aqui diz respeito à vida cristã e ao relacionamento pessoal com Deus. A pergunta para os pietistas é: como nós experimentamos Deus em nossa caminhada diária da fé? Os pietistas, num contexto marcado pela influencia européia apreciam especialmente Hendrik de Cook, um pastor que na Holanda promoveu o Afscheiding (Secessão), uma divisão havida em 1834 na igreja holandesa estatal que havia perdido a sua vitalidade teológica e espiritual. Essa visão contempla um critica á visão institucional duma igreja secularizada na prática. Podemos citar em nosso meio as figuras de Caio Fábio (já egresso da IPB), Antonio Elias dentre outros.

A terceira ênfase ou mentalidade é a transformacionalista. Reformado aqui concerne ao relacionamento do cristianismo e a cultura, a uma visão de mundo e vida e de Cristo como cultura de transformação. A pergunta para os transformacionalistas é: como relacionamos o evangelho com o mundo? Os transformacionalistas apreciam especialmente Abraham Kuyper, pastor, erudito, e primeiro-ministro dos Países Baixos que promover o movimento Doleantie (=padecer: segundo cisma) na Holanda nos anos de 1880, um movimento para forçar o desenvolvimento de uma cultura cristã e que impactou muito diretamente a Igreja Cristã Reformada da America do Norte e muito indiretamente e posteriormente a IPB. Quem na IPB,porém, podemos identificar com essa visão? Quem sabe as figuras de Alvaro Reis, Elias Abrão e Guilhermino Cunha?

Obviamente essas três ênfases ou mentalidades são sobrepostas. Nenhuma linha dura e rápida pode ser traçada entre elas. Representam também três abordagens distintas, tanto históricas quanto conceituais, e fornecem a estrutura para apresentação de dezesseis palavras-chaves ou frases que sumarizam o sotaque reformado.

Salienta-se que Brasil, as ênfases doutrinalista e pietista, são mais acentuadas. Pouco ou nada de transformaciolismo tem sido intencionalmente sugerido no contexto reformado brasileiro. A ênfase pietista tem sido misturada com influências pentecostais decorrentes mais de sérias distorções doutrinárias e/ou exacerbamentos litúrgicos.

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